Um livro sobre a serenidade que tanto buscamos

Comer Rezar Amar faz a gente se sentir meio equilibrista

Regiane Folter
Histórias que queria ter contado

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Há alguns anos eu assisti o filme “Comer Rezar Amar” e achei legalzinho. Me faltava ler o livro, e passou muito tempo até que pudesse fazê-lo. Acho que demorei porque o filme era bacana, mas nada tão impressionante que despertasse em mim a vontade de ler a obra original. GRANDE erro!

A curiosidade pelo livro foi surgindo aos poucos graças a amigas que eram fãs da história de Elizabeth Gilbert. Um dia, por coincidência, estando na casa de uma conhecida reparei em “Comer Rezar Amar” esquecido em uma estante de livros. E pensei, por que não?

Peguei o livro emprestado e em poucos dias cheguei ao ponto final. Agora sim posso afirmar com toda certeza que adorei cada pedaço dessa história. Talvez seja pelo momento atual que estou vivendo, além das habilidades excepcionais de Elizabeth (ou Liz, para os mais próximos) como escritora, mas “Comer Rezar Amar” apareceu na hora certa e gerou muitas reflexões que estava precisando ter. Como o seu grande sucesso demonstra, é uma leitura genial no caminho de muita gente.

Essa história mistura de auto-ajuda, biografia e toques de ficção basicamente se trata da busca da autora por uma vida mais equilibrada. Depois de passar por situações muito difíceis como o fim do seu casamento e um coração partido, Liz entra em uma espiral de depressão e autodestruição que a leva até o fundo do poço. O que a salva são suas crenças, o amor de seus entes queridos e uma força interior que surge tímida dentro dela e a ajuda a tomar uma decisão que mudaria para sempre sua vida (e daria origem a esse livro): Liz decide passar um ano viajando e buscando o tão sonhado equilíbrio entre corpo e espírito.

Sua jornada começa na Itália, país cujo idioma ela sempre admirou. Durante três meses Liz estuda italiano, faz mil amigos e prova todo o tipo de delícias. É um período de cura, de auto-cuidado, de sanação, que fortalece seu corpo e sua auto-estima. Comendo pasta, compartilhando ideias e taças de vinho, Liz re-descobre o prazer e a importância de estar bem consigo mesma.

O próximo destino é a Índia, onde Liz passa três intensos meses em um ashram, um local onde discípulos se dedicam à ioga, meditação e outras práticas espirituais. Anos antes, a escritora havia conhecido uma vertente da ioga e começara a seguir os ensinamentos de sua guru. Com a meditação, Liz aprende a se conectar com ela mesma e com outras pessoas que vão ajudá-la em seu caminho.

Finalmente, os últimos meses dessa aventura ocorrem na Indonésia, destino escolhido por Liz graças a uma profecia que havia escutado anos anteriores em sua primeira visita a Bali. Já nesse terceiro lugar, Liz se sente muito mais em paz com ela mesma e com o mundo. Porém, sem esperar e nem buscar, faltava essa experiência na Indonésia para que Liz se reconectasse com o amor.

Durante sua odisseia, Liz faz muitos amigos e divide sua experiência com pessoas muito diversas. Ao mesmo tempo, segue conectada com seus entes queridos que estão nos Estados Unidos. Uma das coisas que mais chamou minha atenção no livro é como a autora compartilha conversas com esses amigos e cita aprendizados que recebeu dessas pessoas queridos o tempo todo. É evidente que Liz valoriza a amizade como uma das maiores fontes de sabedoria e alegria em sua vida, e me fez pensar muito sobre o privilégio que é estar acompanhada de gente querida.

Em um relato muito sincero e divertido, Liz se abre para o mundo com suas palavras e ler “Comer Rezar Amar” é como xeretar seus pensamentos, emoções, dúvidas e certezas. Ri com as gracinhas de Liz, assim como chorei com o seu desespero. Me reconheci na sua sensação de perda e também quando encontrou o que era importante para ela. Durante a leitura estamos acompanhando Liz em seu processo de cura e crescimento, nos sentimos identificados com as dores e dificuldades que precisa enfrentar. Talvez porque no fundo todos estamos procurando por esse equilíbrio que parece tão místico, mas que, curiosamente, sempre terminamos encontrando dentro de nós.

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Regiane Folter
Histórias que queria ter contado

Escrevi "AmoreZ", "Mulheres que não eram somente vítimas", e outras histórias aqui 💜 Compre meus livros: https://www.regianefolter.com/livros