A não violência começa no amor próprio

Andressa Luz
Coletivo Yama
Published in
3 min readAug 13, 2020
representação artística de uma garotinha e seu balão vermelho
Photo Karim Manja on Unsplash

Quando falamos em violência, logo associamos a uma imagem de dor, sofrimento, morte. É fácil imaginar agressões físicas como exemplos de atitudes violentas e aí pensamos: eu não bato em ninguém, nunca matei, então, não pratico violência. Será?

No último artigo, falamos sobre alguns tipos de manifestações de violência, mas hoje queremos ir um pouco além e propor uma reflexão interna.

Há pouco passamos de cem mil vítimas fatais no Brasil por Covid-19, temos visto diariamente notícias de mortes em detrimento de conflitos em todo o mundo. Já acostumamos com as vidas perdidas nas comunidades, até mesmo quando se trata de crianças inocentes. São números e não mais pessoas. Histórias que não existem mais.

Às vezes até nos conectamos com as vítimas, mas geralmente, temos apatia e incapacidade de sentir a dor dessa violência quando isso acontece distante. Temos mais capacidade de nos importar com as pessoas que morrem se elas são parecidas com a gente, próximas de nós. Será que só assim damos valor à vida?

Aprendemos que só é possível responder a um conflito com violência e não aceitar isso é um exercício diário para procurar uma mudança de intenção, uma vontade de fazer diferente. Uma quebra de paradigma, um inconformismo com o status quo. Nesse sentido, é possível procurar criar conexões de qualidade em casa e no trabalho e concentrar nossos esforços para promover mudanças sociais.

E a violência que praticamos contra nós?

mulher sentada com as mãos na frente do rosto em sinal de proteção
Photo Priscilla Du Preez on Unsplash

Sim, porque quando chegamos ao ato de machucar alguém, seja fisicamente, com palavras ou até em pensamento, isso significa que a violência interna já aconteceu. Esse é um sintoma de como não estamos nos cuidando, já que a violência é o puro reflexo do medo.

Medo da falta, medo de receber algum tipo de violação, medo de perder algo ou alguém. Quando os nossos medos alimentam uma insegurança, o resultado é hostilidade. E aí descontamos em outra pessoa o que na verdade precisa ser resolvido dentro de nós.

Cultivar pensamentos que não alimentam o nosso amor próprio é uma forma de desrespeito e violência com a gente, por exemplo. São situações que criamos internamente de muita violência e nós praticamos isso todo dia, sem perceber.

Precisamos entender que agir com não violência começa em não violar a pessoa mais importante da nossa vida: aquela que vemos diante do espelho. Até porque nos colocar à prova em determinadas situações que sabemos que vão nos fazer mal é tentar nos encaixar em espaços onde não nos cabem. E isso gera frustração.

Amor: o combustível da coragem

mulher de costas com os braços abertos na frente do mar
Photo by Nathan McBride on Unsplash

Gandhi falava que só o amor é capaz de nos dar a coragem que precisamos para enfrentar os nossos medos e, só com a coragem, é possível mudar as atitudes perante a vida e o mundo com o qual convivemos. Nesse artigo aqui, também falamos um pouco mais sobre os ensinamentos dele para uma liderança baseada na não violência.

Podemos entender, então, que agir com coragem é agir com amor e isso se fortalece até com o próprio significado da palavra coragem: coraticum, em latim, coração. Mais do que o amor pelas outras pessoas, primeiro vem o amor em cuidar de si, cultivar de dentro e colocar para fora e aí receber de volta.

Só a paz com nossos corações pode refletir na paz com mundo, pois a violência de fora é reflexo de dentro. Esperamos que o nosso conteúdo tenha sido útil para você e, se quiser entender melhor o conceito de não violência, indicamos esse artigo em que também contamos como nos baseamos nos preceitos éticos do yoga para o nosso nome (yama diz respeito à forma como nos relacionamos com os outros, como nossas atitudes atingem quem está ao nosso redor).

--

--

Andressa Luz
Coletivo Yama

Jornalista e ux writer, acredito na comunicação, principalmente na linguagem escrita, como forma de liberdade e conexão comigo, com as outras pessoas e o mundo.