2010s: Meus favoritos da década

Adam William
Adam William
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8 min readJan 2, 2020

Rankings são muito pessoais… E de fato, rankear filmes é um passatempo divertido, mas muito difícil para qualquer fã de cinema — como no ranking de 2019 –, principalmente se observarmos a riqueza da sétima arte como um todo. Os anos 2010s trouxeram grandes obras que marcaram, seja por seu valor de mercado, seja por mudarem de vez a forma como uma história pode ser contada e até mesmo trazida de volta e reintroduzida para uma nova geração.

De universos gigantescos a microcosmos de pessoas comuns, passando por realidades paralelas e viagens íntimas pela mente humana. Apenas algumas poucas obras que essa década trouxe que se tornaram, por algum motivo, parte dos meus filmes favoritos. O ranking completo (com 100 filmes) você pode conferir aqui, mas resolvi separar o “Top 10” logo abaixo.

E claro, as regras: qualquer longa-metragem lançado para cinema entre os anos de 2010 e 2019 que eu tenha visto. E o mesmo dito no ranking 2019 vale aqui: tudo bem discordar das obras escolhidas, mas não adianta reclamar dos filmes escolhidos aqui. Mas fiquem à vontade para comentar suas listas próprias no post!

Sem mais delongas… vamos lá!

10. Projeto Flórida (2017), de Sean Baker

Possivelmente a maior esnobada do Oscar nos últimos anos, a obra-prima The Florida Project é um filme que merecia muito mais atenção. O diretor Sean Baker foca suas lentes em um pequeno núcleo na Flórida, mostrando o clássico sonho de ir aos parques da Disney por uma ótica menos mágica e mais realista, abordando a realidade de pessoas que precisam sobreviver por lá sem as mesmas condições dos turistas. E mesmo assim, bastante otimista, ao trazer a pequena Moonee (a excelente Brooklynn Prince, que também merecia uma indicação ao Oscar apesar da pouca idade) como a protagonista, tudo em The Florida Project soa mais colorido, mais esperançoso. O final, que dá a sensação de um grito preso na garganta, é de partir o coração.

9. O Homem nas Trevas (2016), de Fede Alvarez

Vamos começar a falar desse filme combinando que o título brasileiro é bem ruim e apela para uma expectativa barata para uma obra de terror genérica. Ok, dito isso, de fato Don’t Breathe —título original — é uma obra que se destaca dentro do gênero de suspense ao criar, talvez, um dos filmes mais claustrofóbicos da década com uma trama tão simples que faz com que nos perguntemos “Como ninguém pensou nesse roteiro antes?”. Três jovens entram na casa de um veterano de guerra cego para roubar uma possível fortuna que ele guarda no porão, entretanto a vítima mostra-se menos inocente do que parecia a princípio. Logo o jogo de gato e rato sofre uma subversão bizarra e Fede Alvarez faz com que os quase 90 minutos de filme tornem-se uma experiência incrivelmente sufocante. É não menos que brilhante.

8. La La Land (2016), de Damien Chazelle

Arte em forma pura, La La Land é um filme sobre sonhos e relacionamentos. O musical que aborda tudo isso de uma forma mágica também é uma carta de amor à Hollywood e Los Angeles. A obra que trouxe o auge da dupla Ryan Gosling e Emma Stone (ganhadora do Oscar pelo papel, justíssimo) é marcante não apenas por seus primorosos números musicais, mas pela direção e roteiro de Damien Chazelle, que no terceiro ato opta por uma dose de realidade que direciona o filme a uma das sequencias mais belas da década. Os minutos finais, por sua vez, usam da magia do cinema para ilustrar o conflito entre o desejo e a realidade, olhando para aquele cenário perfeito do “felizes para sempre” de outrora, mas abrindo mão dos clichês em um final tocante e plausível, mas não menos melancólico.

7. Divertida Mente (2015), de Pete Docter

A Pixar sempre foi conhecida por atribuir sentimentos a seres inanimados e criar histórias tocantes a partir disso. Exceto que Divertida Mente traz como protagonistas…. os próprios sentimentos. A trama poderia ser algo dentro da caixa, mas isso é exatamente o oposto da obra de Pete Docter, que transforma seu filme sobre “o que se passa na nossa cabeça” em uma das produções mais inteligentes do estúdio. Assim, temos um filme que fala sobre amadurecimento, sobre o conflito de sentimentos que temos em diversos momentos da vida e que, por sua vez, traduz visualmente conceitos como os sonhos, as memórias, a personalidade e o abstrato de forma lúdica e cativante para crianças e adultos. Arrisco a dizer que é a melhor obra do estúdio e que representa com perfeição o nível de excelência dos animadores e roteiristas da Pixar.

6. Creed (2015), de Ryan Coogler

Rocky é uma das obras mais incríveis do cinema. Ponto. Suas continuações, mesmo que não sejam tão boas quanto o original, ainda são ótimos filmes — ok, alguns nem tanto — e Balboa (Stallone) havia se despedido das telas desde 2006. Seu legado, entretanto, permanece vivo e o diretor Ryan Coogler decidiu trazê-lo de volta ao escrever a história de Adonis (Michael B. Jordan, excelente), filho do oponente mais clássico de Balboa, Apollo Creed. Com o apoio de Stallone — que deu seus pitacos no roteiro e retornou ao papel — , Creed chegou aos cinemas reavivando uma franquia já encerrada. O spin-off, por sua vez, revela-se como a continuação que mais honra o legado da sua franquia-mãe, apresentando uma trama consistente com um protagonista cativante e lançando Ryan Coogler a um novo patamar em sua carreira. E nós, espectadores, só nos beneficiamos quando surge um diretor desse nível.

5. Whiplash (2014), de Damien Chazelle

NOT QUITE MY TEMPO! Damien Chazelle — diretor de La La Land, também presente na lista — buscava provar-se em Hollywood e o fez, com louvor através de Whiplash. Concebido como um curta a princípio, não tardou para que a história do professor de música obcecado com a perfeição chamasse atenção dos estúdios, que transformou a história em um longa-metragem que concorreu ao Oscar e, infelizmente, não levou. Whiplash traz uma narrativa simples, com um ritmo dinâmico e protagonistas incríveis, que ganham vida através de Miles Teller como um baterista sonhador e JK Simmons, o professor que busca a perfeição e não tem medo de humilhar e pressionar seus alunos até consegui-la. O último aliás, repetiu o papel no curta e no longa e entrega o melhor trabalho de sua carreira, pelo qual levou o Oscar de ator coadjuvante.

4. Gravidade (2014), de Alfonso Cuarón

Na época do lançamento do filme, um jornalista questionou o diretor sobre como havia sido filmar no espaço. A pergunta deve-se à perfeição dos efeitos especiais do filme de Alfonso Cuarón — este, ganhador do Oscar de direção pela obra — e, para mim, mostra-se até compreensível, visto que Gravidade é uma das experiências mais imersivas que tive o prazer de viver no cinema. Além dos efeitos especiais, temos também o 3D muito bem utilizado aqui para criar uma experiência claustrofóbica em plena vastidão do espaço. Cuarón, um mestre em contar histórias, faz com que sua obra grandiosa ao mesmo tempo seja algo intimista ao nos colocar junto de uma excelente Sandra Bullock, basicamente nossa única companhia durante a viagem. E mesmo sabendo que são “apenas” efeitos especiais, a sensação é mesmo de ter ido ao espaço.

3. O Lobo de Wall Street (2013), de Martin Scorsese

O Lobo de Wall Street é o retrato do excesso. A biografia do ex-bilionário Jordan Belfort captura com perfeição a estilo de vida regido por ele, onde nada era demais e tudo poderia ser maior. A dupla responsável por isso? Ninguém menos do que Martin Scorsese na direção e Leonardo DiCaprio como Belfort. O filme onde os exageros não pecam justamente pela metalinguagem empregada também nos brinda com a melhor atuação da carreira do DiCaprio, algo BEM significativo para um ator deste calibre. Não bastando, temos a ótima atuação de Jonah Hill — indicado pelo papel — e também foi o filme a nos presentear com Margot Robbie, catapultando sua carreira. Além da atuação, os diálogos, fotografia, direção, etc, todo o conjunto da obra é primoroso e elevado a enésima potência em The Wolf of Wall Street, resultando no melhor trabalho da década de Scorsese e, pessoalmente, meu favorito do diretor.

2. Os Vingadores (2012), de Joss Whedon

O projeto da Marvel que visava levar às telas do cinema o mesmo estilo de narrativa contada pelos quadrinhos ganhou seu auge em 2012, com o primeiro filme-evento do estúdio, Os Vingadores. A obra foi resultado de um meticuloso trabalho que envolveu diversas partes e funcionar, por si só, já é um mérito enorme, dado o tamanho do elenco — e o peso dos nomes, como Downey Jr., Samuel L. Jackson e Scarlett Johansson — , um diretor pouco experiente e heróis que, mesmo com filmes bem recebidos, não significavam muito para o público geral. E se hoje, Os Vingadores não parece ter sido um filme tão grandioso, é devido a curva de qualidade que o estúdio teve nos anos seguintes e que resultou no clímax máximo em Ultimato. Mas é esta primeira reunião dos heróis que se consagra, dez anos depois, como o filme mais emblemático do estúdio, a aposta máxima que consolidou o MCU (Marvel Cinematic Universe) de fato. E não apenas tornou-se um marco para o gênero como também moldou o mercado de Hollywood nos anos seguintes.

  1. A Rede Social (2010), de David Fincher

Se um filme pode definir o que foi a década de 2010, este filme é A Rede Social. E se um diretor consegue transformar a história sobre a criação do Facebook em um filme como este, esse cara é realmente talentoso. David Fincher, responsável por obras como Clube da Luta, Garota Exemplar, Se7en e Zodíaco foi o diretor por trás de um filme que foi muito além da criação da rede social que moldou o mundo de hoje. A Rede Social fala sobre amizade, bullying, relacionamentos tóxicos — pessoais e profissionais — e como tudo isso pode vir a ser uma bomba-relógio na internet. O já incrível texto de Aaron Sorkin fica melhor ainda com as atuações de Jesse Eisenberg e Andrew Garfield. Tudo isso embalado pela exímia trilha sonora de Trent Reznor — que eu estou ouvindo para escrever essa lista, confesso — e, ressalto, a direção certeira de Fincher que resultam em um ótimo filme que ganha contornos ainda mais ricos hoje. E por sua vez, que pontuando com primor a filmografia do diretor.

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Adam William
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