Prefaciando
Ato de escrever um texto que precede a parte principal de uma obra de arte literária. Cá estou, prefaciando-a — Marília Paiva.
Marilia é a expressão dos seus sentimentos. Transformando-se em beleza, crescimento, autenticidade e valor. Por meio de sua escrita, convertendo-se na própria arte.
A menina Marilia, das inúmeras pintinhas no rosto, olhos cor de amêndoa e cabelos cacheados vermelhos, não acreditava que pudesse ser bela.
_ “Cocozinho de pomba…” _ “Enferrujada!” _ “Pintadinha.”
Assim que a chamavam na escola, ou por onde andasse. Sofria. Além da aparência diferente, ela não gostava de ninar bonecas, capa de caderno cor-de-rosa. Queria era brincar de pular corda, subir em árvores, capas inusitadas. Ser única a fez ter uma vida complicada. Nesta época, ela ainda não sabia reconhecer sua beleza, valorizar sua originalidade, apreciar sua autenticidade.
Marilinha cresceu. Ainda preferindo usar batom verde neon, roupas e cabelos coloridos, foi angariando muitos aprendizados em suas andanças por aí. Interior de Minas, Rio de Janeiro, Belo Horizonte… Já se sentiu sufocada. Muitas coisas já jogaram embaixo do tapete, na família. Viveu a mãe doente. Já a perdeu. Perdeu também seu pai. Namorou. Casou-se. Sofreu. Descasou. Viuvou. Sofreu mais um bocado. Fase difícil essa. Ah, foi. Mas teve coragem para mudar tudo de lugar.
Os sentimentos ficam confusos. Ora medo, ora alegria; pânico e depois alívio; tem vezes que acerta, outras erra; quer fugir, aí a fé lhe acalma; vai e mergulha, mas também afoga. Ah… que vontade de gritar, mas cala. Às vezes grita. A voz interior da recriminação volta e meia segue dando pitaco.
Apesar de parecer que leva o mundo nas costas de ansiedade, vem sentindo-se mais leve. Algo especial tem preenchido sua existência — a escrita. A escrita tem a levado por caminhos inimagináveis. Descobriu uma Marilia inteira. Ousada. Corajosa. Irreverente. Bela. Com uma personalidade marcante. Única. Rara. Essa menina, agora madura, brinca, viaja, dança, faz teatro e tudo que lhe der na telha.
E escreve. Escreve para contar as histórias que sua memória lhe traz. Escreve para contar as histórias de quem cruza com ela pela vida. Escreve para lidar com os fantasmas. Escreve para se libertar. Escreve para ser feliz.
Marilia “pulou de ponta”. Esse é um dos seus textos. Para mim, ele a define. Marcante. Emocionante. Envolvente. Ela teve coragem de se reinventar. Arriscar. Mesmo com medo. Se entregou à vida.
(Leia e ouça o poema “Pular de ponta” clicando nos links abaixo)
Leia:
https://medium.com/clube-da-escrita-afetuosa/pular-de-ponta-52e59ac709e4
Ouça:
https://www.instagram.com/p/CRq8QjSAzSD/
Dica:
Se você quer se emocionar ou se divertir, recomendo lê-la.
https://mariliaaguiar.medium.com/
