Aquarela estelar

Maximilian Rox
Conto que te Conto
Published in
1 min readDec 7, 2018

O grande dia

Os sinos da igreja tocaram pela noite espalhando gotas de tinta amarela pelo vidro.

Acontece isso de vez em quando e é bem legal. Penso que todas as janelas são passagens mágicas para outros mundos e, do outro lado, encontro o céu como uma guerrilha de bolas de neve entre anjinhos invisíveis. A cidade vira uma orquestra de trombones enferrujados e uma dama rege toda essa sinfonia com vestido verde, batom amarelo e um chapéu vermelho.

Aliás, cada barulho tem sua própria cor e forma; e todos sobem até a atmosfera como balões de hélio.

Temos as bolotas redondas e azuis que são os suspiros de amor. Os gritos de raiva são aqueles pontinhos pretos no canto. As fofocas são tão laranjas quanto o final da tarde. Estrelinhas douradas povoam o céu com o som sutil dos olhares entre as pessoas. Aquela linha verde-clara é o barulho gostoso de um abraço de saudades. E o silêncio tem pinceladas roxas que deixam o quadro muito elegante.

Às vezes, eu gosto de me desconectar. E é realmente divertido lá fora. Quando eu volto, eu sempre encontro minha mãe com uma cara preocupada. Ela me abraça forte e diz que me ama. Não importa o que aconteça.

Solitária ressaca

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Maximilian Rox
Conto que te Conto

Jornalista com ascendente em poesia. Community manager; Call of Duty, games, esports.