O que é Andragogia?

Será que eu não sei mais aprender?

Vamos imaginar a seguinte situação: em um passe de mágica você está em uma versão às avessas do filme De Repente 30. Você manteve sua consciência mas acordou com 15 anos e não tem muito tempo para entender o que está acontecendo, pois a primeira aula do seu dia já vai começar.

Assustou com a ideia? Muita gente tem arrepios só de pensar em estar novamente na escola, participar das atividades, fazer exercícios, responder à chamada — e obviamente as provas e apresentações de trabalho. Passamos por essa etapa há algum tempo e algumas vezes não é nem claro como conseguimos chegar até aqui ou se conseguiríamos fazer tudo outra vez.

Felizmente esse estranhamento é explicado pela construção do ambiente de aprendizado na escola: na maior parte das vezes, o modelo tradicional da pedagogia é estruturado trazendo uma centralidade no papel do professor (conforme falamos em nossa primeira publicação), no qual ele, junto com os materiais pedagógicos, possui os meios e a responsabilidade de direcionar o aluno durante o aprendizado. O foco aqui é receber e memorizar esses conteúdos pré-estabelecidos, e o êxito é representado por alguma forma de avaliação — normalmente uma prova.

A maior parte de nós tem as primeiras experiências de aprendizado já nesse modelo e no ensino superior essas características pedagógicas ainda são aplicadas. Mas se tudo isso é pensado para um desenvolvimento eficiente e direcionado, porque nós, adultos, temos dificuldades e até evitamos aprender dessa forma? Será que o adulto desaprende a aprender?

Antes de mais nada, vamos manter a calma: adultos aprendem de forma muito eficiente e nossas dificuldades com o modelo tradicional se dão justamente porque aprendemos a aprender ao longo das nossas experiências.

Essas ideias fazem parte do conceito de Andragogia, ciência que se desvincula da Pedagogia por ter como objetivos entender como adultos aprendem e enriquecer o processo de aprendizado, levando em consideração as características que diferenciam a forma com a qual nos relacionamos com a experiência de aprender. Historicamente temos exemplos de figuras que se dedicaram ao ensino de adultos — podemos pensar em Platão e Aristóteles, por exemplo — e, em muitos momentos, as características do aprendizado adulto foram temas para pesquisadores: o termo Andragogia já havia sido cunhado em 1833 pelo professor alemão Alexander Kapp. É a partir da segunda metade do século XX que o tema toma maior protagonismo, em especial pela difusão da Andragogia por Malcolm Knowles, educador americano e pesquisador do ensino para adultos.

Knowles tem grande valor para esse tema pois, além de chamar atenção para a necessidade de uma formação para adultos que se diferencie da infantil por levar em consideração as diferenças biológicas e sociais, ele também elabora algumas premissas sobre o aprendizado de adultos:

1. Necessidade: Entendemos que é importante para o adulto entender o motivo de precisar aprender antes de engajar no processo de aprendizado;
2. Autonomia: O adulto já está em um momento no qual possui muitas responsabilidades e um controle sobre sua vida, isso precisa ser levado em conta pois é importante se sentir responsável pelo aprendizado;
3. Experiência: Diferente de jovens e crianças, o adulto já possui um acúmulo de experiências que é determinante inclusive na forma com ele aprende;
4. Prontidão: Uma vez que entende o motivo, o adulto tem uma grande prontidão para aprender, em especial ao enxergar o impacto que pode ser gerado em sua vida;
5. Motivação: Apesar de haver uma motivação externa — como uma promoção — o adulto é estimulado por causas internas, como qualidade de vida e autoestima.

Em outras palavras, durante nossa trajetória, acumulamos uma grande bagagem que precisa ser levada em consideração no momento do aprendizado. Nós já temos experiência em aprender e queremos ter controle disso. Conforme influenciamos e somos influenciados ao longo da nossa relação com o mundo, o aprendizado divide espaço com outras experiências sociais e a sua abordagem precisa ser diferente para fomentar nossa motivação para aprender. Nessa lógica, o papel de quem ensina também acaba mudando, se antes temos a figura do professor como autoridade e detentor de conhecimento, no ensino para adultos o educador tem um papel de facilitação e apoio, construindo um ambiente de aprendizado baseado na participação e horizontalidade.

É dessa forma que atuamos na Academy, valorizando a experiência cooperativa no processo de aprendizado. Acreditamos que o olhar para pessoas e suas necessidades é muito importante ao aprender e ensinar e — já que somos questionadores — entendemos que cada tripulante possui espaço para contribuir e ajudar a construir o nosso ambiente de aprendizado, para garantirmos, assim, uma experiência incrível em cada encontro. E você, como gosta de aprender?

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