Interruptor

No meio de ilusões (parte 1)

Daniel Romagnoli
Daniel Romagnoli

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Existem algumas ilusões no cristianismo. Há a ilusão de que para pertencer é necessário viver como um monge no topo de uma montanha. Há a ilusão de que para fazer parte da igreja é necessário ser perfeito. Há a ilusão de que posso viver como quero pois importante é o “amor”. Há mais ilusões. Não temos tempo para listar todas. Mas as ilusões são aparentes, e às vezes contraditórias. Elas existem pois somos espiritualmente anoréxicos, vivendo longe da Palavra, faltando orações nos nossos dias, e o fim que essa jornada nos leva é uma vida à luz dos próprios desejos, de forma inconsequente, e transformando a graça em barata e banal.

Gostaria de abordar uma dessas ilusões:

acreditamos que a santidade é algo opcional ou limitada.

Quando digo “opcional” digo que é algo que não é necessário. Opcional pois não é um requisito. O pensamento aqui é de que Deus me aceita como eu sou incondicionalmente. Correto, Ele realmente te aceita como você é incondicionalmente mas Ele te ama tanto que não quer que você continue o mesmo. Quando a mão de Deus estica sobre a sua vida, Ele começa a moldar áreas da sua vida, transformar áreas.

Quando digo “limitada” é que é limitada para somente algumas coisas, e outras não. Então deixamos de falar certas palavras pois sabemos que não devemos, porém não há problema de me vestir de uma maneira que faz meu próximo pecar. Afinal de contas o pecado está naquele que vê, certo? Mantenho que o sexo é somente para o casamento, porém meu agir e meu vestir são extremamente sensuais. “Mas Daniel…Vou para balada para evangelizar!” … Mas de que jeito quando o som está super alto, pessoal tá bebendo, ninguém quer saber de Jesus, o Evangelho, o plano da salvação, e você ali vestida para matar? O que estamos expressando diariamente é: Eu sou como todo mundo em quase todas as áreas, porém em somente algumas coisas eu sou diferente… João adverte:

“(…) Deus é luz; nele não há treva alguma. Se afirmarmos que temos comunhão com ele, mas andamos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado." [1 João‬ ‭1:5–7‬].

Portanto há algo de errado com o nosso cenário, não? Leandro Karnal, professor da UNICAMP e ateu, disse bem:

“O desafio hoje é cristianizar os cristãos”

“Como filhos obedientes, não se deixem amoldar pelos maus desejos de outrora, quando viviam na ignorância. Mas, assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também em tudo o que fizerem, pois está escrito: “Sejam santos, porque eu sou santo”.” [1 Pedro‬ ‭1:14–16‬]

“A vontade de Deus é que vocês sejam santificados: abstenham-se da imoralidade sexual. Cada um saiba controlar o seu próprio corpo de maneira santa e honrosa, não dominado pela paixão de desejos desenfreados, como os pagãos que desconhecem a Deus. Neste assunto, ninguém prejudique seu irmão nem dele se aproveite. O Senhor castigará todas essas práticas, como já dissemos e asseguramos. Porque Deus não nos chamou para a impureza, mas para a santidade. Portanto, aquele que rejeita estas coisas não está rejeitando o homem, mas a Deus, que lhes dá o seu Espírito Santo.” [‭1 Tessalonicenses‬ ‭4:3–8‬]

Martin Lyod-Jones interpreta bem a questão de Santidade, à luz da Bíblia, dizendo “a santidade não é opcional”. Ser santo e viver em santidade não é uma opção. O que isso significa? Simplesmente isso: fomos SEPARADOS — e isso é bom.

Em termos práticos: se você é um Cristão, isso significa que você pensa diferente, você age/reage diferente, e você vive sua vida de uma forma diferente. Isso que significa ser separado ou santo. Porém, para ser separados para Deus é necessário apreender separar tempo para Deus.

A vida é complexa. Existem muitas coisas disputando por nosso tempo e atenção: escola, lição, trabalho, seminários, esportes, família, amigos, etc., etc., etc.,…. Nessa complexidade da nossa drama existencial, Deus começa a ser empurrado para o escanteio das nossas mentes, e eventualmente perceberemos que passou o dia, ou a semana, ou o mês, e não gastamos tempo com Ele.

Se isso é você, e pode ter certeza que em muitas áreas isso sou eu, quero te desafiar a fazer algo: diminui o ritimo, pare e guarde tudo… Em liderança chamamos isso de criar “margens” ou espaço. É um espaço/margem para separar um tempo para Deus. Se afaste de tudo, fique em silêncio por um momento. Vá experimentar Deus. Vá para algum lugar quieto, sozinho, e ore… Leia sua Bíblia… Anote… e ore. Peça para Ele derramar sobre você sabedoria para viver. Peça para que Ele te molde e te transforme para ser mais como Ele…

Reflita sobre essa pergunta: O que você precisa fazer menos para experimentar mais de Deus na sua vida?

Responde até o final do seu dia.

Para ser separados necessitamos separar tempo para Deus.

Obrigado por ler! Escrevo para a geração “Millennial”, que, assim como eu, luta com a fé e sente que algumas coisas precisam ser repensadas. Se puder ❤ este texto! Comente e eu retorno para você em 24hs… se eu não estiver no Snapchat.

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