Entendendo o agora — Dataviz em tempos de coronavírus parte 1
Achate a curva
Desde o início da quarentena, além de enlouquecer no "family office" e fazer pão de fermentação natural, tenho colecionado visualizações de informação sobre o avanço da epidemia de COVID-19.
A ideia desta série de posts é agrupar, de forma aberta e colaborativa, exemplos de visualizações ligadas à pandemia.
Dividi a coleção em 7 temas principais (até agora):
- 1. Achate a curva
- 2. Simulações
- 3. Narrativas visuais
- 4. Crescimento exponencial
- 5. Pequenos múltiplos
- 6. Mapas
- 7. O que mais medir?
1. Achate a curva
Em 1918, na epidemia de influenza, as cidades da Filadélfia e St Louis tiveram abordagens muito diferentes.
Enquanto a primeira organizou uma parada em homenagem aos soldados se preparando para a primeira guerra, a segunda promoveu ações de isolamento social.
Nos dias seguintes a Filadélfia viu milhares de mortes pela gripe espanhola. O gráfico de linha a seguir mostra a diferença nas taxas de mortalidade das duas cidades, e é, de certa forma, um precursor da imagem que virou referência no combate à pandemia.
O CDC, Center for Disease Control americano, em um paper de 2007 sobre prevenção de pandemias, trazia este gráfico explicando o impacto de ações de isolamento social na mitigação da crise.
Foi neste paper que Rosamund Pearce, jornalista de dados da The Economist, se inspirou para criar esta visualização. A matéria foi responsável por dar destaque ao conceito de diferentes curvas de contágio no contexto do coronavírus.
Na imagem do The Economist, porém, falta um detalhe que faz toda diferença: a linha indicando a capacidade do sistema de saúde. Drew Harris, da Thomas Jefferson University, viu o artigo e fez uma nova versão, publicada em sua conta no Twitter:
A versão publicada no twitter viralizou e ganhou muitos outros formatos. Um dos primeiros e mais compartilhados é a ilustração com o título “Flatten the curve”, feita pela microbiologista Dr Siouxsie Wiles e o ilustrador Toby Morris.
Para se manter simples e fácil de entender, a imagem perde em precisão. Não leva em conta, por exemplo, a mudança da capacidade do sistema de saúde com o tempo, como sugere esta versão:
A ideia ilustrada pelas duas curvas ganhou diversas adaptações, e virou até campanha de conscientização.
E animações:
As muitas variações são até alvo de piada (precisamos achatar a curva de novas versões do gráfico achate a curva).
Há até quem diga que o Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro, é uma lembrança da natureza sobre a necessidade de ficarmos em casa.
Sentiu falta de alguma referência aqui? Os comentários estão abertos e a lista será atualizada — com créditos, claro.
Fica o link para a apresentação com exemplos também de outros temas: