Adeus também foi feito pra se dizer…

Débora Otoni
Debora Otoni
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3 min readSep 14, 2018

aquela continuação descontinuada

Há alguns posts atrás falei sobre mudar. Sobre trocar de ideia, de opinião. Terminei falando sobre nossas trocas de rota. E prometi continuar. Então vamos lá.

Muitas vezes a gente quer sair do lugar onde a gente está por pura insatisfação. Falta de satisfação, descontentamento, desprazer, contrariedade, aborrecimento.

Se você pensar assim: insatisfeito também é o cara que mora em zona de guerra, e ele também quer mudar. Mas ele quer mudar porque além da insatisfação dele, existe a busca pela sobrevivência. Onde ele está não há perspectiva para existência.

Desagrado por desagrado, decepção por decepção; todo lugar tem, e vai nos proporcionar esses sentimentos dos quais vivemos fugindo (ou tentando fugir deles).

A gente não deve sair de um lugar para escapar ou se aliviar de sentimentos ou de perrengues. Os problemas, a chuva e o vento sempre estarão presentes. Onde formos, independente do que façamos.

O que muda quando a gente muda? Nosso olhar sobre contentamento, satisfação, alegria e propósito. Nossa visão de nós mesmos e do outro. Quando vivemos baseados nos sentimentos e tomamos decisões baseados neles a gente vive só intuitivamente. Como se fosse no piloto automático.

A gente não escolhe mudar baseado num porquê, a gente retorna sempre para onde parece (aparenta) mais seguro. O medo do desconforto nos afasta de mudanças intencionais. E vivemos mudando sem mudar nada efetivamente. Nos falta direção e sentido.

A insatisfação deve gerar em nós perguntas e reflexões. E das respostas então poderemos tirar ações práticas. As vezes o que precisa mudar não é o lugar (geográfico), mas nossa visão e expectativa sobre as coisas e as pessoas. Se a gente não mudar primeiro, não adianta trocar o CEP, o coração e a mentalidade sempre nos levarão aos mesmos sentimentos e momentos.

O que falta na gente muitas vezes não é a disposição para mudar mas, a força para dizermos "adeus" a alguns padrões de comportamento e extinguir de nós algumas formas de pensar e de julgar as coisas. O que acontece por dentro da gente, na mente e no coração, determina como vemos e nos portamos com a vida, do lado de fora. As nossas reações as frustrações, as ofensas, as decepções são reflexo do que está rolando dentro do nosso ser.

Muitas vezes insistimos em algumas coisas que só nos levarão aos mesmos dead ends. As coisas não são como elas eram porque as coisas mudam e você muda também. O sentimento não é o mesmo do começo porque o que começa com uma paixão deve continuar com o amor — o entranhamento da sua vida em outras coisas e outras vidas.

Deixar coisas, lugares, pessoas, comportamentos para trás, pode ser uma ótima decisão para agora. Mas certifique-se de que isso acontece não só pela insatisfação mas por motivos maiores e que vão dar mais vida e leveza a todos envolvidos no processo. "Adeus também foi feito pra se dizer", não tenha medo de colocar essa palavra no seu repertório. Não tenha medo de deixar para trás.

Se tem uma coisa que mudar de mais me ensinou, foi que as vezes achamos que perdemos algo ou alguém no meio do caminho, de uma fase para outra; mas lá na frente, de um jeito ou de outro, a gente se reencontra. Mas esse reencontro se dá de forma tão mais legal, porque a gente já é mais maduro, mais pleno, mais completo, mais sábio. Portanto, mais compreesivos e de braços mais abertos e mais dispostos.

Não tenha medo de mudar. Não tenha medo de quem muda.

Mas não mude sem antes pensar. Mude o lugar do sentir na sua caminhada.

Não tenha medo dos sentimentos ou situações ruins. Tenha medo de nunca encará-las de frente e/ou de nunca amadurecer. O tal do "há males que vem para o bem", amém.

Bye bye, so long, farewell

Beijo&Tchau.

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