Verificando a experiência de uso com testes beta

Carolina Ribeiro
Conta Azul Design
Published in
4 min readMar 28, 2019
#PraCegoVer: Folha de caderno, com um desenho de um rosto feliz, um rosto neutro, um rosto triste e uma caneta apoiada ao lado.

Antes de lançar um produto, recurso, funcionalidade ou até melhoria para todos os clientes da base é possível realizar um teste beta, para um grupo restrito de usuários testar as novidades. E diferente de outros testes (Alpha, ou teste de usabilidade) esse tipo de teste é realizado sem a presença de um moderador, fora de um ambiente controlado.

O teste Beta geralmente é utilizado por desenvolvedores, para identificar problemas e bugs numa aplicação. Mas também pode (e deve) ser usado por designers, para compreender como está sendo a experiência de uso.

Por que fazer um teste Beta?

Ao longo das nossas pesquisas entramos em contato com nossos clientes algumas vezes: entrevistas para entender suas dores e suas expectativas, dinâmicas de cocriação e também testes de usabilidade das hipóteses de soluções desenhadas.

Mesmo assim, nada substitui o uso do recurso no dia a dia, ao longo de vários dias e em seu real contexto. Por isso, se deixamos de realizar esse acompanhamento, corremos o risco de não perceber barreiras que podem surgir somente num segundo momento de uso do recurso.

E como fazemos na Conta Azul?

No meu último artigo aqui no blog, compartilhei com vocês um dos projetos no qual venho trabalhando: a ampliação das permissões dos perfis de acesso da Conta Azul. E foi justamente por meio dele que comecei a realizar testes Beta. Somente neste projeto, já realizei cinco testes Beta (um a cada lançamento) e conto a seguir como tem sido esta experiência.

Seleção de usuários

O primeiro passo é definir o número de pessoas para participar do teste Beta. Determinamos este número considerando que existe um funil das pessoas que vão: receber o convite por e-mail ou via plataforma, ler, aceitar, utilizar o recurso e, por fim, topar falar conosco.

O número de usuários convidados varia de projeto para projeto, assim como o impacto desta participação nas decisões relacionadas ao recurso. Para fazer essa seleção, recorremos ao nosso Portal de Ideias, aos nossos Patronos (clientes parceiros), sobre os quais falamos mais neste artigo, e a outros usuários interessados. É importante selecionar perfis diversos e extremos nesses casos, para evitar vieses no resultado da pesquisa.

Divulgação

Enviamos o convite para nossos clientes conhecerem um recurso ou funcionalidade em um canal de comunicação disponível dentro da nossa plataforma. Depois disso, a partir do primeiro retorno positivo deles em relação a participar dos testes, continuamos com os contatos.

Acompanhamento de uso

Ao planejar um teste Beta é interessante mapear vários cenários de uso, ou seja, vários jeitos possíveis de chegar até um recurso ou funcionalidade e de utilizá-lo.

Isso é fundamental para posteriormente termos uma visão macro de como está sendo a experiência de diferentes perfis de usuários com o nosso recurso. No projeto de Permissionamento, especificamente, tínhamos quatro cenários mapeados inicialmente e acompanhamos de perto todos eles.

Hora da pesquisa

Previamente, definimos um número mínimo de pessoas que precisam estar utilizando o recurso para iniciar nossa análise. Quando esse número é atingido, começamos com as pesquisas. Eu costumo fazer em duas etapas, à luz do nosso Processo de Design de Produto da Conta Azul:

  1. Ligações de guerrilha: Vejo a lista dos usuários que estão utilizando e entro em contato por telefone.
  2. Envio de pesquisa online: Após ligar, envio uma pesquisa por e-mail, para os usuários que não puderam atender as nossas ligações.
Ligações a usuários sendo realizadas por chamada de vídeo na nossa sede / #PraCegoVer: Duas mulheres, designers da Conta Azul, sentadas em frente a um computador durante ligação para teste com cliente

O que é importante saber

Nas ligações e na pesquisa procuramos responder às seguintes questões: motivação do cliente para usar o recurso ou funcionalidade, se o que desenhamos atendeu a necessidade da empresa dele, se houve alguma dificuldade no fluxo de configuração deste recurso ou funcionalidade e o quão satisfeito o cliente está com este lançamento.

Com essas respostas apresentadas ao time, nós conseguimos planejar os próximos passos:

  • Resolvemos a dor do cliente?;
  • Precisamos fazer alguma alteração?;
  • Essa alteração pode ser feita em um próximo lançamento, ou precisa ser feita agora?;
  • A funcionalidade está pronta para ser lançada para toda a base?.

Os resultados dessa abordagem têm sido cada vez mais positivos. Ao falar com os clientes após um lançamento nos aproximamos da realidade deles. E com isso, é possível notar os verdadeiros caminhos que eles percorrem para realizar uma ação.

Se os resultados forem positivos, fazemos o lançamento e divulgação para toda a base. Se não, ajustamos o que é necessário antes de lançar.

Ao fim de toda pesquisa, saio com ideias de novas oportunidades para o produto. Outro ponto que notei, é que depois dessa prática, o time se sente muito mais seguro para lançar um recurso ou funcionalidade para toda a base.

Além disso, mostrando os depoimentos dos clientes, apresentamos o valor que estamos entregando e motivamos o time a continuar melhorando.

Capa de uma apresentação de resultados que apresentamos para o time / #PraCegoVer: Laptop aberto em uma tela azul de apresentação na qual se lê: “Acompanhamento de uso de permissionamento”

E você, realiza testes Beta na sua empresa? Quer bater um papo comigo sobre este assunto? Envie um e-mail para carolina.ribeiro@contaazul.com :)

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