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Benchmarking: um guia prático

Micael Ilieff
Design VML Tech
6 min readDec 1, 2023

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O time de Design da WTT dá boas-vindas a você que quer saber mais sobre benchmarking. Este é o nosso guia sobre o assunto!

Com a intenção de buscar referências e aprimorar seus processos, produtos ou serviços, o benchmarking é uma técnica essencial para obter informações valiosas e impulsionar a melhoria contínua. Este material apresenta ferramentas estratégicas que podem auxiliá-lo a compreender como executá-la e contribuir para a melhoria e busca de diferenciação no mercado.

Créditos: Gabriel "Biju" Jansen e Thiago Duarte

O que é

Benchmarking é um termo utilizado para descrever um processo de comparação entre produtos, sistemas ou serviços similares, com o objetivo de avaliar cada aspecto que os compõe, relacionando-os com os objetivos do negócio/projeto. Em geral, as análises são realizadas com base em um conjunto de objetivos previamente estabelecidos, que podem incluir aspectos funcionais, usabilidade, interface entre outros.

Uma das principais vantagens do benchmarking é a possibilidade de aprendizado e aprimoramento contínuo. Ao observar as melhores práticas adotadas pelos concorrentes ou por empresas referências no segmento, é possível identificar oportunidades em que o produto em desenvolvimento pode se destacar. Isso possibilita o aperfeiçoamento de processos, a inovação e a entrega de um produto ou serviço mais competitivo e alinhado com as expectativas do usuário.

“Benchmarking é olhar a grama do vizinho, entender sobre o mercado e seus competidores.[…]”

Renata Bastos

Qual a importância?

O benchmarking é uma ferramenta que possibilita às empresas avaliar sua posição no mercado, bem como a de seus concorrentes. Isso permite identificar oportunidades de melhoria nos seus produtos e serviços, além de poder ser uma fonte de inspiração em diversos aspectos.

A ferramenta pode englobar tanto a análise de interface, com vistas a identificar funções similares já lançadas no mercado, ou ainda, novas e obter insights para criações novas e aprimorar as existentes; quanto a análise de práticas adotadas pelas empresas de referência, tornando possível a identificação de estratégias que permitem um desenvolvimento mais eficaz da empresa que está colocando o benchmarking em prática.

Créditos: Gabriel “Biju” Jansen e Thiago Duarte

O processo

1 — Definição de objetivos

O primeiro passo essencial é definir de forma clara os objetivos do benchmarking, visando identificar áreas específicas que necessitam de aprimoramento, como processos, fluxos, UI/UX ou serviços. É fundamental compreender o problema que será investigado. Por exemplo, se a equipe tem dúvidas sobre como projetar o melhor componente de formulário para o desenvolvimento de um produto, o objetivo será investigar as melhores práticas para a construção desse componente.

2 — Identificação e definição de players

Em seguida, é importante identificar o escopo, os parâmetros de análise e as referências pertinentes aos seus objetivos. Por exemplo: de que maneira os players (empresas e/ou produtos selecionados) trabalham seus componentes de formulário?

Interessante destacar que o exemplo citado fala sobre componentes, mas a técnica de benchmarking pode ser aplicada a qualquer tipo de dúvida, inclusive fluxos e processos de trabalho.

Créditos: Gabriel “Biju” Jansen e Thiago Duarte

3 — Coleta de dados

A próxima etapa é a coleta de dados. Por meio de pesquisas, análise documental e análise comparativa, é possível obter informações detalhadas sobre as práticas, processos e estratégias das empresas analisadas. Utilize os dados coletados para prosseguir para a próxima etapa, a análise e interpretação dos resultados. Nesse ponto, é importante comparar o desempenho da própria solução com o desempenho da referência e tentar identificar as diferenças e entender o motivo delas.

Para melhor compreensão da técnica, um exemplo prático:

A equipe WTT vem trabalhando em um projeto para uma empresa de computadores chamada Jilson Computadores. Faz parte do escopo deste projeto aumentar as vendas de computadores de mesa, o famoso desktop, através do website da marca. Uma das propostas para alavancar as vendas, foi a criação de um componente/ferramenta para comparação entre produtos, ou seja, um comparador.

O time observou que entre os concorrentes, todos possuem essa funcionalidade em seus websites. A partir dessa observação, identificou-se a oportunidade de trazer essa ferramenta para o site da Jilson Computadores. Através do processo de benchmarking, ou seja, ao analisar as melhores práticas utilizadas pelos concorrentes, será possível identificar as melhores abordagens para a nova funcionalidade.

Créditos: Gabriel “Biju” Jansen e Thiago Duarte

Escopo do benchmarking

Empresas (players) selecionados: Shirley Computers, Apple, Dell e Lenovo.

Objetivos: Explorar, identificar e entender as melhores práticas para construção do componente com base nos concorrentes.

Parâmetros para análise:
• Design da Ferramenta
• Como funciona a ferramenta
• Usabilidade da ferramenta
• Fluxo até chegar na ferramenta
• Impacto da ferramenta na experiência

Escopo definido, partir para ação. O importante nesta etapa é documentar os achados* durante esse momento. Os processos e ferramentas podem variar de empresa para empresa, e este exemplo irá trabalhar com o FigJam, aplicativo do grupo Figma. Para dar andamento na auditoria, ou seja, análise dos competidores, a equipe tirou uma foto da tela (screenshot) das funcionalidades dos concorrentes, que foram coladas dentro do quadro do FigJam.

*Antes de continuar o exemplo, é preciso retomar o termo Achados:

Achado é um termo amplo utilizado em contextos de análises. Os achados podem incluir dados quantitativos e qualitativos, provenientes de entrevistas com pessoas usuárias, análises de concorrência, pesquisas de mercado e observações de comportamento, entre outros métodos de coleta de informações. Essa fase é crucial, pois proporciona uma base sólida para embasar as decisões de design e criar soluções mais alinhadas com as necessidades reais dos usuários.

Ao obter esses achados, os designers podem avançar para a etapa de ideação e construção, transformando as informações coletadas em conceitos, protótipos e, finalmente, em produtos ou serviços bem projetados. Em resumo, os “achados” no design representam os insights e conhecimentos adquiridos durante a pesquisa, fundamentais para criar soluções eficazes e com maior probabilidade de sucesso.

4 — Análise e interpretação de resultados

Agora é o momento de estabelecer uma metodologia de análise. A equipe WTT decidiu classificar suas descobertas em três níveis distintos:

- Isso é interessante (Post-it Verde)

- Isso pode ser interessante, mas precisa de cuidado (Post-it Amarelo)

- Isso deverá ser evitado (Post-it Vermelho)

Créditos: Gabriel “Biju” Jansen e Thiago Duarte

Após o final desse processo, a equipe responsável por esta tarefa compartilhará seus achados e/ou ensinamentos com o restante da equipe participante do projeto. Em seguida, é necessário formalizar esses achados por meio de documentação adequada, podendo ocorrer através de apresentações em PPT, PDF, arquivo Doc ou até mesmo o arquivamento e registro no próprio quadro do FigJam. Dessa forma, o material estará disponível para consulta no futuro.

Lembrando que nenhum processo é “escrito em pedra”, assim como o design é uma disciplina orgânica, seus processos também são. Portanto podem ser adaptados conforme as necessidades. O exemplo compartilhado acima é apenas uma das maneiras possíveis da técnica ser aplicada; sempre convêm retornar ao escopo do projeto, entender seus objetivos e seus entregáveis a fim de definir os melhores processos e táticas.

Até a próxima,

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