Culpa, Desejo e Amor — Poema de James Baldwin
Na esquina da rua escura
onde a Culpa e o Desejo
estão tentando encarar
um ao outro
(agora, um deles
acenderá um cigarro
e olhará na direção
do depósito abandonado)
O Amor veio se arrastando,
um silêncio explosivo
de pé um pouco distante
mas visível de qualquer maneira
na luz amarela, silenciosa e fumegante,
enquanto a culpa e o desejo brigavam,
tentando não ser ouvido
por este invasor.Cada vez que o Desejo olhou para o Amor,
na esperança de encontrar uma testemunha,
A Culpa gritou mais alto
e sacudiu os quadris
e o fogo do cigarro
ameaçou incendiar o armazém.
O Desejo realmente começou do outro lado da rua,
tempo após tempo,
para ouvir o que o Amor pode ter a dizer,
mas a Culpa acenou para um caminhão
cheio de gente
e se ajoelhou no meio da rua
e, enquanto o caminhão de outras pessoas
desviou o olhar e jurou que
não viu nada
e não poderia testemunhar de jeito nenhum,
e o Amor sumiu de vista,
Culpa realizada sobre o corpo de pé
do Desejo
o momentâneo, inflamatório calmante
que sela sua união
(para todo sempre?)
e cria um problema de tráfego poderoso.At the dark street corner
where Guilt and Desire
are attempting to stare
each other down
(presently, one of them
will light a cigarette
and glance in the direction
of the abandoned warehouse)
Love came slouching along,
an exploded silence
standing a little apart
but visible anyway
in the yellow, silent, steaming light,
while Guilt and Desire wrangled,
trying not to be overheard
by this trespasser.Each time Desire looked towards Love,
hoping to find a witness,
Guilt shouted louder
and shook them hips
and the fire of the cigarette
threatened to burn the warehouse down.
Desire actually started across the street,
time after time,
to hear what Love might have to say,
but Guilt flagged down a truckload
of other people
and knelt down in the middle of the street
and, while the truckload of other people
looked away, and swore that they
didn’t see nothing
and couldn’t testify nohow,
and Love moved out of sight,
Guilt accomplished upon the standing body
of Desire
the momentary, inflammatory soothing
which seals their union
(for ever?)
and creates a mighty traffic problem.
. . .
James Arthur Baldwin foi um romancista, ensaísta, dramaturgo, poeta e crítico social estadunidense. Como escritor, foi aclamado em vários meios, incluindo ensaios, romances, peças de teatro e poemas.
