Estava tudo tão escuro, não haviam postes ou qualquer outra iluminação, nem a luz da lua estava presente. Eu caminhava sem destino algum, seguindo sempre em frente, sentindo a areia úmida nos meus pés e, algumas vezes, folhas molhadas. Lá na frente, comecei a ver algo que parecia ser uma chama. Ao chegar mais perto pude ver que era uma fogueira e por trás dela havia uma espécie de barraca nada parecida com as que temos hoje. Parecia que eu tinha “saltado” séculos para trás. A barraca estava meio que aberta, eu conseguia ver movimentos lá dentro, cheguei mais perto e senti meu corpo formigar. Havia três pessoas: um homem e duas mulheres: Uma das mulheres tinha a pele clara, cabelos compridos e pretos que deslizavam sobre seus ombros, chegando até a cintura. Ela tinha a energia mais forte dali; a outra era ruiva, cabelo desgrenhado e comprido, parecia meio selvagem; o homem, mal aparecia, só pude ver um pouco do cabelo escuro. Eles se envolviam ritmicamente, quase pude ouvir a melodia omitida. Pareciam estar em câmera lenta. Não existia nada de profano naquela cena, era como um ritual hipnotizante que me convidava a participar. Senti meio que uma conexão, eu queria estar ali com eles, mas não conseguia me mover. Não entendi o que estava acontecendo até ela aparecer na minha frente, a menos de um palmo de distância. Era ela! Ela estava fazendo aquilo comigo! Tudo escureceu. A barraca, a fogueira, as outras pessoas… tudo havia sumido. Eu só conseguia ver aquela mulher, só conseguia sentir sua energia que parecia estar canalizada no meu peito. Tontura. Dor. Escuro.
