4 motivos para as medidas restritivas quanto à Covid no Brasil

São eles: a superlotação do sistema de saúde brasileiro, as variantes do coronavírus, os efeitos tardios da Covid e as vacinas para Covid-19 no Brasil.

Otavio Corrêa
ARGO — Divulgação Científica
4 min readApr 27, 2021

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Desde a primeira contaminação por Covid-19 no Brasil (26 de fevereiro de 2020) já se passaram mais de 13 meses de pandemia na data dessa publicação. De fato, um bom tempo já se passou e ainda não tivemos melhoras expressivas na saúde pública nacional quanto à Covid. Depois de tanto tempo, algumas perguntas devem ter surgido na sua cabeça:

Por que continuamos com medidas tão restritivas ao combate à Covid-19 aqui no Brasil?

Por que justo agora dizem que estamos na pior fase da pandemia?

Ok, a vacinação em massa ainda está longe de acontecer. Por que então não aliviamos gradativamente o confinamento até chegarmos à “imunidade de rebanho”?

Nós vamos responder essas perguntas através de pesquisas científicas, sobre as quais escrevemos em algumas publicações, e de algumas matérias veiculadas em portais de notícias.

Comente dúvidas ou sugestões na publicação!

A superlotação do sistema de saúde brasileiro

Na data em que estou escrevendo essa publicação (21/04/2021) a taxa de ocupação de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) do estado de SP é de 80%¹ e similar para a maioria dos outros estados.

Se a ocupação de UTIs é de 100%, as consequências são obvias: não há como receber mais pacientes graves (desde vítimas de acidentes de carro à contaminados por Covid) e por isso há tendência do aumento da mortalidade para qualquer caso clínico que exige cuidados intensivos.

O não trivial é que em taxas de ocupação altas, mas não máximas, já há aumento da mortalidade, em comparação à baixa ocupação. O aumento da ocupação de departamentos de emergência de hospitais, por exemplo, reflete no aumento da taxa de mortalidade de pacientes:

Superlotação da emergência em hospitais: problemas e soluções.

Por isso o caráter de urgência nas medidas de confinamento: o sistema de saúde nacional enfrenta um colapso por superlotação e corre o risco de não conseguir suprir a população brasileira no futuro próximo².

Além disso, possibilidade da “imunização de rebanho” perde valor: não perderemos vidas apenas para imunizar a população, mas também porque não temos a infraestrutura necessária para tratar os infectados! Em outras palavras, há um excedente de mortes que poderia ser evitado se não estivéssemos com a ocupação atual do sistema de saúde.

As variantes do coronavírus

Há grande preocupação quanto às variantes do coronavírus pelo receio do aparecimento de variantes mais infecciosas, letais ou resistentes às vacinas, entre outros.

Nisso, o grande número de casos, desrespeito às medidas que evitam a disseminação da doença, falta de acompanhamento das mutações e vacinação lenta são fatores favoráveis para o aparecimento de variantes:

O que são as variantes do coronavírus e por que devemos nos preocupar?

De modo geral, não sabemos se as vacinas produzidas atualmente são eficientes contra as variantes que surgiram recentemente. Aqui encontramos um novo desafio no embate global ao Covid-19: conseguiremos combater efetivamente novas variantes que poderão surgir no futuro?

Temos muito mais chances de sucesso se reduzirmos a disseminação dos coronavírus.

Efeitos tardios da Covid

Além dos sintomas da fase aguda, a fase prolongada da doença leva ao aparecimento de fadiga moderada ou intensa, dispneia (falta de ar), dores nas articulações, dor no peito, alterações de paladar e olfato, tosse, dor de cabeça e perda de força muscular:

Efeitos tardios e sequelas do coronavírus: o que é a Covid de longa duração?

Outros sintomas menos comuns envolvem queda de cabelo, rinite, problemas de visão e problemas neuropsicológicos como perda de memória, dificuldade de concentração, problemas de compreensão ou confusão em algum nível.

Vale ressaltar que a compreensão dos sintomas persistentes da Covid não é completa e diversos estudos estão sendo conduzidos no tópico.

Com isso, não se trata de apenas contrair a Covid e de se recuperar: alguns sintomas podem persistir por um bom tempo, o que pode ser evitado tomando a vacina.

Vacinas para Covid-19 no Brasil

Apesar do atraso na imunização da população quanto à Covid-19, algumas vacinas nacionais mostraram-se eficazes em laboratório e estão rumo a iniciar testes clínicos:

ButanVac: um caminho para o fim da pandemia?

A ButanaVac é resultado de um consórcio internacional com o Instituto Butantan como principal produtor público (85% da capacidade total). A tecnologia é baseada na inoculação do vírus em ovos embrionados de galinha, método já amplamente utilizada na produção da vacina da gripe.

Pontos positivos da tecnologia são o barateamento e segurança da vacina, o que pode aumentar a oferta mundial de vacinas para Covid-19.

A vacina Versamune, junto da Butanavac, são os imunizantes que estão em estágio mais avançado. Além disso, outros dois estão prestes a pedir autorização para iniciar testes clínicos.

Conclusão

Dada a alta ocupação do sistema de saúde brasileiro e a possibilidade do aparecimento de variantes do coronavírus, há a necessidade urgente de prolongar o confinamento no Brasil. Nisso, contrair a Covid põe em risco de colapso sistema de saúde e leva a sintomas persistentes ainda não completamente compreendidos pela comunidade científica. Apesar disso, o desenvolvimento de vacinas nacionais aponta para uma imunização em massa mais mais fácil e acessível no futuro próximo.

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