The Intercept Brasil

A agência de notícias que abala a mídia tradicional com um “jornalismo destemido e combativo”.

Samuel Chagas.
Donos da mídia carioca
5 min readJun 12, 2020

--

Foto/Reprodução: The Intercept Brasil/YouTube

TIB

Criado em 2014, a publicação de jornal on-line The Intercept ganha sua edição brasileira em agosto de 2016 perante um cenário político tenso e conflituoso. Com editoria de Gleen Greenwald, ganhador do Prêmio Pulitzer de jornalismo e responsável pelas reportagens que disponibilizaram programas secretos da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos, o The Intercept Brasil ou TIB, como é conhecido, dispõe ao leitores publicações daquilo que a própria agência de notícias declara como “jornalismo destemido e combativo”.

Em junho de 2019, o jornal ficou bastante conhecido por uma reportagem liderada por Leandro Demori, editor-executivo do jornal, que continha informações sobre a conduta das operações Lava-Jato da Polícia Federal e conversas entre o ex-ministro Sérgio Moro, então juiz, e o promotor Deltan Dallagnol. A reportagem ficou conhecida como “Vaza-Jato”.

First Look Media

A First Look Media é uma organização de mídia norte-americana sem fins lucrativos. Criada pelo filantropo e fundador do e-Bay, Pierre Omidyar, em outubro de 2013, a agência multimídia aparece no mercado com o viés de um jornalismo original e independente, tendo produção e distribuição de conteúdo em variados formatos como “longas, curtas, podcasts, mídia interativa e jornalismo narrativo”.

A First Look Media foi fundada na crença fundamental de que a liberdade de expressão e de imprensa, e o poder da narrativa, são vitais para uma cultura vibrante e uma democracia próspera. — Fundador da First Look Media, Pierre Omidyar

Glenn Greenwald

Nascido em Nova York, nos Estados Unidos, Glenn Edward Greenwald é um escritor, advogado especializado em direito constitucional e jornalista, radicado no Brasil desde 2005. É também um dos três fundadores do jornal The Intercept.

Carreira

Além do The Intercept, Glenn Greenwald chegou a trabalhar num blog pessoal chamado Unclaimed Territory, em 2005, onde publicou denúncias que mais tarde integrariam no que ficou conhecido como o “Caso Plame-Wilson”. Em 2007, Greenwald muda seu trabalho para a revista eletrônica Salon, onde publica artigos de opinião referentes a Direito Constitucional.

Em 2012, o jornalista muda para o jornal britânico The Guardian, que permaneceu até outubro de 2013. Nesse meio tempo, Greenwald publica junto de outros veículos como o The New York Times e The Washington Post, informações secretas que envolviam investigação eletrônica global da NSA sobre outros países, tendo como fonte Edward Snowden, ex-administrador de sistemas da CIA e ex-contratado da NSA.

Acreditamos que a sede por um jornalismo mais independente, pluralístico e destemido vai além da crise política pela qual passa o país. Ao simplesmente ignorar grande parte da população, os grandes veículos de comunicação brasileiros mascaram os principais desafios sociais e econômicos presentes, assim como a diversidade de opiniões e movimentos existentes no país. — Glenn Greenwald, do The Intercept Brasil

Política

Glenn Greenwald já foi alvo de espionagem pela NSA e de insultos no Brasil. Em 2019, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou o jornalista afirmando que o mesmo teria cometido crime ao disponibilizar mensagens privadas entre o ex-ministro Sérgio Moro, então juiz, e o promotor Deltan Dellagnol.

Ele não vai embora, pode ficar tranquilo. Talvez pegue uma cana aqui no Brasil, não vai pegar lá fora não. — Presidente Jair Bolsonaro sobre Glenn Greenwald

O presidente ainda se refere sobre o casamento de Greenwald com o deputado federal David Miranda (PSOL- Rio) e a adoção dos 2 filhos como uma tática de “malandro” para não ser deportado do país.

Deputado federal David Miranda (PSOL-Rio), à esquerda, e Gleen Greenwald, à direita, com os 2 filhos. Foto/Reprodução: Facebook

Em janeiro de 2020, o então pré-canditado à presidência dos Estados Unidos, Bernie Sanders, defendeu Glenn Greenwald, no twitter, sobre os ataques do presidente do Brasil ao jornalista.

A imprensa livre nunca é mais importante do que quando expõe as más ações dos poderosos. É por isso que o presidente Bolsonaro está ameaçando Glenn Greenwald pelo “crime” de fazer jornalismo. Exorto o Brasil a encerrar seu ataque autoritário à liberdade de imprensa e ao Estado de Direito. — Bernie Sanders, no twitter, sobre Bolsonaro.

Leandro Demori

Jornalista investigativo e escritor nascido em São Miguel do Oeste, município de Santa Catarina, no Rio Grande do Sul, Leandro Demori é editor-executivo do The Intercept Brasil. Assinou a reportagem, conhecida como “Vaza-Jato”, que revelaria possíveis esquemas de fraude jurídica da Operação Lava-Jato.

Carreira

Formado pela Pontífice Universidade Católica (PUC), em Porto Alegre, Leandro Demori já tinha um portfólio na adolescência com um jornal chamado O Botequim. Na época da faculdade, o jornalista então estudante trabalhou na edição de um blog com sátiras políticas denominado A Nova Corja, que foi reconhecido pelo jornal O Estado de S. Paulo como um dos blogs mais importantes da década de 2000. Mais tarde o blog também seria reconhecido pela rede de TV alemã Deutche Welle como um dos principais blogs de língua portuguesa do mundo.

Em 2014, Demori se torna o editor da plataforma Medium no Brasil e, influenciado pelas suas experiências no exterior com jornalismo investigativo, se torna membro do conselho da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABraji) em 2015. Em 2017 passa a atuar como editor do site da Revista Piauí, onde ajudou no desenvolvimentos das plataformas digitais da revista e no final do mesmo ano, Leandro Demori é anunciado como editor-executivo do jornal The Intercept Brasil pelo próprio jornal, para ajudar a cobrir as eleições de 2018 no Brasil.

Vaza-Jato

No dia 9 de junho de 2019, Demori, junto de Glenn Greenwald e Betsy Reed, assina a primeira de uma série de reportagens que ficaram conhecidas como Vaza-Jato.

As reportagens consistiam basicamente em fotos de conversas do aplicativo de mensagens Telegram, onde mostravam diálogos entre o ex-ministro da justiça, então juiz, Sérgio Moro e o promotor de justiça Deltan Dallagnol. O material, que mais tarde se descobriria ter sido enviado por um hacker de Araraquara, foi severamente criticado pelo ex-ministro de justiça e ex-juiz, promotores, Polícia Federal e o Ministério Público Federal, muito embora, muitas das mensagens ali citadas não tivessem sido desmentidas pelos citados na reportagem.

Leandro Demori é editor-executivo do jornal The Intercept Brasil. Foto: Flickr/Abraji

Leandro Demori e Glenn Greenwald foram alvo de violência virtual extrema, chegando ter o apoio das Organizações das Nações Unidas (ONU) em favor de proteção de perseguição aos jornalistas.

Pierre Omidyar

Nascido em 21 de junho de 1967, em Paris, Pierre Omidyar é ex-programador e empresário, criador da empresa de comércio eletrônico EBay e fundador da agência multimídia First Look Media, e do jornal on-line The Intercept.

--

--