Por que somos todos tristes e romantizamos a depressão?

Elvis Nogueira
E-volua
Published in
4 min readFeb 14, 2017

Pense em um dia feliz da sua vida. Lembre-se do local onde estava e como estava se sentindo. Agora faça o contrário, pense em um dia triste da sua vida. Onde você estava? Quem estava com você? Qual era o seu sentimento e qual o cheiro no ar? Tire alguns minutos para pensar.

De acordo com especialistas, se você fez esse exercício corretamente, vai perceber que o sentimento de tristeza foi mais impactante do que o de alegria. Inclusive é bem provável que existam mais detalhes na sua memória do dia triste do que do dia feliz.

Mesmo que você faça parte do movimento deboísta, vai sentir e sofrer cada vez que um evento triste ocorrer na sua vida. Pode até disfarçar muito bem, mas todos sentimos um momento triste muito mais intensamente do que um momento alegre, principalmente quando ficamos ruminando como seria nossa vida se tivesse tomado uma decisão diferente.

Nossa Juventude Sofre

O Mal é mais forte que o Bem. Foi o título do artigo na revista Review of General Psychology do famoso psicólogo americano Roy F. Baumeister. Nesse artigo, ele e uma equipe fazem uma análise em várias situações da vida e descobrem que más emoções, maus pais e mau feedback têm mais impacto que os bons, e a má informação é processada mais intensamente que a boa.

Além disso, as más impressões e os maus estereótipos se formam mais rápido e são mais difíceis de serem desfeitos que os bons.

A nossa mente não para. Se algo de ruim acontece, devido à nossa capacidade evolutiva de planejar e antecipar o futuro, continuamos relembrando e reagindo emocionalmente sem parar. Às vezes isso é útil, serve para nos ajudar a evitar os perigos que atravessarão nosso caminho. Mas outras vezes, ruminar sem parar um acontecimento triste pode levar à problemas de saúde.

A romantização da depressão é o assunto da vez. Se você gastar alguns minutos em qualquer uma das redes sociais mais famosas, em pouco tempo vai perceber um mundo triste, onde as pessoas não tem muita razão para viver e que uma simples falta de dinheiro que impede de sair de casa já é motivo para concluir que está em depressão.

Se o IBGE baseasse suas pesquisas no twitter, iria facilmente concluir que mais de 95% dos jovens brasileiros sofrem depressão ou alguma doença que tenha a tristeza como sintoma. A realidade não é bonita, mas também não é engraçada. Estima-se que o Brasil possui cerca de 10% da sua população com sintomas reais de depressão, o que é um número bem elevado em relação aos países do mesmo nível econômico. Sorte nossa que tristeza não é o único sintoma da depressão, ou esse número seria maior ainda.

Parem com as piadas no Twitter!! (ou não)

Devemos parar com as piadinhas que envolvem tristezas e visões pessimistas das situações que ocorrem com a gente?

Em respeito às pessoas que possuem essa doença e não conseguem pedir por ajuda, podemos pensar que sim, devemos parar com esses tipos de brincadeiras. Mas como toda ação radicalista é burra, vamos pensar por um outro lado, o lado mais óbvio.

As frases que exageram as emoções em relação às tristezas geralmente não são feitas para provocar mais sentimentos ruins em alguém, são pontos de vista engraçados de uma situação adversa qualquer. Conseguir enxergar graça nos momentos tristes pode minimizar o trauma sofrido e, de certa forma, enganar nosso cérebro para que ele não intensifique a dor toda vez que a situação for lembrada.

Apesar desse ponto de vista otimista, nossa juventude precisa saber analisar o contexto e tomar um cuidado extremo para não entender que depressão é legal e está na moda, um erro não muito difícil de se cometer hoje em dia.

Não romantizar a depressão e rir das tristezas da vida pode não resolver seus problemas, mas pelo menos quando estiver velhinho, você terá mais lembranças alegres do que traumatizantes para contar suas histórias.

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Elvis Nogueira
E-volua

Um pouco engenheiro, um pouco filósofo, mundrungo, pai da Manu, escritor e zé graça nas horas vagas.