O mercado de NFTs em 2021

Entenda o que aconteceu no mercado este ano

O interesse em NFTs atingiu novos recordes em 2021. Desde grandes investidores a entusiastas e curiosos, muitos resolveram explorar esse mercado relativamente novo. Usuários se encontram num ecossistema diverso com um grande senso de comunidade, onde as possibilidades de investimento são praticamente infinitas.

A seguinte análise se baseia em dados obtidos pela Chainanalysis, uma plataforma especializada em pesquisa para governos e empresas interessadas no mercado blockchain. Os dados são parte do 2021 Market Review, que pode ser baixado integralmente aqui.

Nos últimos meses o interesse em NFTs disparou, desde aqueles que já estão no mercado cripto a muito tempo até o público geral. O equivalente a mais de $26.9 bilhões de dólares em criptomoedas foram associados a transações de NFTs entre Janeiro e Outubro. O valor médio e total de transações vem crescendo desde o começo do ano e passou por um súbito aumento em Agosto. Este pico pode ser associado ao lançamento do Mutant Ape Yacht Club dos mesmos criadores de Bored Ape Yacht Club, que fecha o ano no top 5 de projetos de NFT com maior volume de transações — de acordo com The Capital.

Olhando para o volume de transações entre as coleções mais populares vemos uma distribuição interessante. Muitas seguiram o rastro de MAYC, mas a maioria passou apenas por um pico seguido de estabilização em números mais baixos. Enquanto alguns não conseguiram manter a popularidade, os CryptoPunks, criados em 2017, acumularam mais de U$ 3 bilhões em transações desde Março.

Como prova de que o interesse por NFTs é um fenômeno global, o próximo gráfico mostra que nenhuma região do mundo ocupa mais de 40% do tráfego mensal em marketplaces. Entre Maio e Julho, a América do Norte e o Centro-Sul da Ásia inverteram posições, porém no final do período de análise ambos terminam com porcentagens similares. A América Latina e a Europa Ocidental também estão bem representadas, com parcelas entre 10% e 20%.

Artistas e colecionadores tem diversas opções de marketplaces para para fazer suas negociações, porém o OpenSea é de longe o mais utilizado atualmente. Com um crescimento estável desde Julho, o marketplace passou de 193 coleções ativas em Março para mais de 2.300 no final de Outubro. Apesar do tráfego geral entre as plataformas estar bem distribuído pelo globo, a maior parte de usuários do OpenSea se encontra nos Estados Unidos.

Chainanalysis coloca NFTs como um mercado voltado para o varejo, o que significa que majoritariamente as transações se mantêm abaixo de U$ 10.000. Transações de colecionadores flutuaram entre 6% e 19% no período em questão, enquanto instituições mal chegaram a 1% entre Março e Outubro.

Se considerarmos o volume de transações ao invés do número bruto de transferências, o gráfico muda drasticamente. Colecionadores e instituições compõem 63% e 23% do mercado respectivamente, enquanto o varejo se aproxima de apenas 11%.

Apesar da grande quantidade de transações da faixa de varejo, dados do OpenSea mostram que lucro não é necessariamente para todos. Apenas 28,5% dos NFTs comprados durante a cunhagem e mais tarde vendido na plataforma geraram lucros, enquanto flipping — quando um ativo é valorizado após ser comprado no mercado secundário — gera lucros 65,1% das vezes.

Um aspecto interessante das comunidades de NFT é a prática de whitelisting. Artistas frequentemente recompensam usuários ativos colocando-os em whitelists, que permite a compra no momento da cunhagem por um valor muito mais baixo. Esses usuários lucram com a revenda 75,7% das vezes. Em comparação, os usuários que não estão em uma whitelist conseguem ter lucro apenas 20,8% das vezes. Infelizmente, 59% destes últimos acabam tendo perdas de 0,5x do valor investido, enquanto os primeiros conseguem mais de 2x do valor inicial em 51% dos casos.

É importante lembrar que esses números não incluem NFTs que nunca foram vendidos no mercado secundário. Isso quer dizer que a porcentagem de usuários com lucros pode aumentar com o tempo.

A análise completa, que pode ser encontrada no site oficial da Chainanalysis, entra em mais detalhes sobre como lucros ocorrem no mercado de NFTs. É interessante notar que enquanto usuários experientes e novatos gastam valores próximos em seus investimentos para revenda, apenas o primeiro obtém resultados positivos. Isso pode ser atribuído a mais atenção ao mercado, a possibilidade de esperar mais tempo para a revenda e mais capital para investir numa carteira diversificada.

Outro aspecto importante levantado pela análise diz respeito às famosas taxas gas. Eventos de lançamento são frequentemente disputados, alguns acabando em questão de minutos. Devido a diversas pessoas tentando fazer sua compra ao mesmo tempo, nem todas as transações são bem sucedidas. Independente de serem concluídas ou não, as taxas devem ser pagas aos mineradores. Durante o lançamento da coleção The Sevens em Setembro, mais de U$ 4 milhões foram pagos em transações malsucedidas em pouco mais de um hora. Destes, cerca de U$ 2 milhões resultaram de tentativas únicas por endereços de carteira individuais, e mais de U$ 500.000 vieram de poucos endereços que fizeram mais de 100 tentativas falhas. Este pode ter sido um caso de bots fazendo compras em massa, porém os dados não são suficientes para responder se estes usuários conseguiram completar outras compras ou apenas perderam capital. De acordo com a NFT Caviar, o maior detentor desta coleção comprou mais de 1.000 dos 7.000 NFTs com o uso de bots.

Usuários experientes, seja por tempo na comunidade ou ferramentas mais sofisticadas, parecem representar uma boa parte da fatia dos que lucram com NFTs. Estamos testemunhando um crescimento constante de interesse e participação neste mercado e, enquanto algumas estratégias geram mais resultados que as outras, espera-se que esta tendência se mantenha pelo futuro próximo.