O que é esse negócio de Web3?

tropix team
Editorial tropix
Published in
8 min readJan 21, 2022

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A internet existe a pouco mais de 30 anos e muitos de nós já não consegue imaginar a vida sem ela. Tendo crescido com internet em casa ou tendo descoberto sua existência depois de adulto, hoje em dia ela é parte fundamental das nossas rotinas.

Ela evoluiu em muitos aspectos e, neste momento da história, estamos vivendo uma mudança de paradigma. Muitas novidades estão surgindo, e o que um dia soou como ficção científica está cada vez mais próximo da realidade.

A web3 é uma delas.

Foto por Thomas Jensen em Unsplash

Web3 e metaverso

Antes de prosseguir, é importante ressaltar que web3 e metaverso são coisas distintas, apesar de muitas vezes serem usadas intercambiavelmente.

O metaverso, principalmente se você estiver pensando nos planos do Zuckerberg, está a décadas de distância. Interoperabilidade, desenvolvimento de hardware e software, acesso democrático a tecnologia e educação, e muitos outros detalhes ainda estão longe da realidade.

A Web3 é um passo nessa direção. Ela servirá de base para uma world wide web transparente e segura.

História da WorldWideWeb

Em 1990, foi ao ar o primeiro servidor e navegador de internet no CERN, na Suíça.

Além de pesquisa científica, seu primeiro uso prático foi a transmissão ao vivo da cafeteira do prédio compartilhada pelo navegador, para que os cientistas que estavam do outro lado do centro de pesquisa não desperdiçassem uma viagem até a sala do café. Naquele momento já ficou claro que a internet revolucionaria nossas vidas.

Levou alguns anos até que ela atingisse o público geral, mas quando chegou a adoção foi exponencial. Antes que pudéssemos perceber, ela se tornou parte integral das nossas rotinas.

Como com qualquer outra tecnologia, a internet deu muito o que falar e os céticos tomaram o palco em 1995 com suas opiniões sobre a modinha passageira de “surfar” na web. A maioria dessas declarações não envelheceram muito bem:

“A verdade é que nenhuma base de dados online vai substituir o jornal, nenhum CD-ROM vai tomar o lugar de um professor competente e nenhuma rede de computadores vai mudar a maneira que governos funcionam.” — Newsweek, 27 de Fevereiro, 1995.

Muito mudou desde então. O Google foi ao ar, aulas online viraram rotina, a ONU declarou acesso à internet como um direito básico. A maior parte dos nossos dias começa conectado, seja lendo as notícias ou olhando as redes sociais. Nossas interações diárias estão permeadas pela conectividade que a web proporciona.

Todas essas evoluções, e as outras que vieram com o passar dos anos, podem ser divididas em duas eras: web1 e web2.

Você provavelmente está lendo isto na web2 e logo mais estaremos entrando na web3

Na tabela abaixo você pode comparar as principais características das webs do passado, presente e futuro.

Web1 | 1991–2004

Se você está por aqui desde os anos 90, então você é old school.

Naquela época podíamos dizer que estávamos desbravando o velho oeste. Poucos sabiam como usá-la, e um número ainda menor sabia como trabalhar com ela. A distinção entre desenvolvedores e consumidores era bem clara.

Quase todo conteúdo era a base de texto e a pouca interação que existia era através de salas de bate papo. Se você já usou o chat AOL, então parabéns, você está ficando velho.

As coisas começaram a mudar na virada do milênio. Facebook, Orkut e Myspace entraram no ar entre 2003 e 2004, mudando a maneira com que interagimos pela internet.

Web2 | 2004 — atualmente

Com maior alcance e conexões mais rápidas, a internet começou a consolidar seu espaço em nossas rotinas.

Através de sites como Blogger, Flickr e MySpace, usuários passaram a ter um papel mais ativo na web. Não era mais preciso ser desenvolvedor ou trabalhar para uma empresa focada em internet para criar conteúdo. Você poderia simplesmente fazer um upload e ter seu trabalho exposto para o mundo inteiro ver.

Se você usa a internet a algum tempo, provavelmente notou o aumento constante de propagandas nas últimas décadas. No início, favoreciam apenas as grandes companhias e provedores, mas com o tempo passaram a beneficiar também o público, tornando possível ganhar dinheiro com a criação de conteúdo.

Em poucos anos, as pessoas puderam transformar seus conteúdos em um trabalho de tempo integral. De Youtubers e Tiktokers a pequenas empresas e jovens empreendedores. A humanidade é cheia de potencial e a internet nos permite alcançar distâncias inimagináveis. Criadores agora podem se sustentar com adsense e parcerias pagas.

Tudo isso é possível pois a publicidade é uma das palavras chaves por trás da web atual. Se você consegue acessar um conteúdo de graça, é porque ele virá acompanhado de propagandas. O seu tempo — e consequentemente seus dados — é o valor que você paga para acessar a web2.

Dados são a moeda de troca que usamos todos os dias ao usar a internet. Mais de 1.8 bilhão de pessoas compartilharam suas informações com o Google para usar o serviço de email, o mesmo vale para as mais de 2.8 bilhões que usam o Facebook. Agora mesmo você pode estar logado no Medium lendo este post, ou talvez tenha chegado aqui através do Twitter. Você consegue se lembrar de todos os sites em que já se cadastrou?

Com vazamentos de dados se tornando cada vez mais rotineiros, temos que encarar o fato de que talvez não deveríamos sair por aí distribuindo nossas informações.

Se empresas como Meta — empresa a qual pertencem Facebook e Instagram — ou Alphabet — conglomerado vinculada ao Google — tiverem suas bases de dados invadidas, a quantidade de dados sensíveis que cairiam nas mãos de pessoas mal intencionadas seria catastrófico. No momento, tudo que podemos fazer é torcer para que isso não aconteça.

Confiamos nestas empresas com uma parte significativa de nossas vidas, seja com nossos dados ou com o quanto dependemos delas no dia a dia. Isto por si só apresenta um risco enorme com o qual já estamos bem familiarizados: queda de servidores. Dado o fato de que se tratam de serviços centralizados, se algo acontece em seu núcleo, todos sentimos as consequências.

Em Outubro de 2021, os servidores do Facebook ficaram offline por cerca de seis horas, tornando impossível usar qualquer um dos seus serviços — como Instagram e Whatsapp. Isso pode parecer fútil se você os enxerga apenas como redes sociais para conversar com velhos amigos, mas pequenas empresas que dependem deles para funcionar com certeza pensam diferente. Se você precisa de números para acreditar, é estimado que a empresa tenha perdido cerca de $13 milhões de dólares em publicidade a cada hora que permaneceu offline.

Centralização é a raíz de diversos problemas na web atual. Segurança de dados, dependência e censura, só para numerar alguns.

Infelizmente essas empresas fornecem serviços necessários para a vida moderna. Elas lidam com a necessidade de confiança, agregam conteúdos e providenciam uma “plataforma” onde podemos falar e ser ouvidos. A web3 pretende suprir essa demanda de forma descentralizada e transparente.

“Plataformas” Web2 X Plataformas Web3

Bill Gates foi citado dizendo:

“Uma plataforma é quando o valor econômico de todos que a usam, supera o valor econômico da empresa que a criou. Aí sim é uma plataforma.”

Essa definição deixa pouco espaço para interpretação.

O termo tem sido jogado por aí com bastante frequência nos últimos anos, com muitas empresas se auto declarando algum tipo de plataforma. Se fossemos levar a definição de Gates ao pé da letra, iríamos perceber que não existe nenhuma plataforma de verdade na web2. O que vemos hoje é uma relação entre criadores e usuários sendo intermediados por empresas.

O principal problema em relações P2P — peer to peer, de usuário para usuário — é a confiança. Na web2 esse problema é resolvido com o uso de intermediários, sites com Amazon e Airbnb suprem a necessidade de confiança. Ao contrário das antigas salas de bate papo, as pessoas não são mais anônimas.

Apesar da rica economia criativa que vemos hoje em dia, o seu valor é proporcional ao tráfego de publicidade que conseguem gerar. Esses criadores dependem das propagandas que acompanham seu serviço, e o poder central por trás das plataformas pode fazer o uso de algoritmos para favorecer ou não certos conteúdos de acordo com as vontades do mercado.

Um dos objetivos da web3 é proporcionar liberdade aos criadores para que possam gerar serviços e conteúdos longe da sombra do interesse de grandes empresas — abrindo espaço para o crescimento de verdadeiras plataformas.

Web3

Podemos definir a web3 como segura, descentralizada e anônima. Tudo através do uso de blockchains — Você pode encontrar mais sobre como funcionam aqui, aqui e aqui.

Ela será segura porque todo e qualquer usuário poderá verificar a autenticidade de uma informação, com essa transparência não precisaremos mais de intermediários. Descentralizada porque o blockchain não depende de servidores, ele existe em todos os computadores da rede e continua a operar mesmo se parte dela estiver offline. A anonimidade vem do fato de que os seus dados são somente seus, ninguém terá acesso à suas informações pessoais e toda verificação é feita através de criptografia.

Quando pensamos em descentralização e liberdade de intermediários, o senso de comunidade se torna um aspecto de grande importância. Estamos vendo o crescimento em popularidade de DAOs — organizações autônomas descentralizadas — onde usuários têm o poder de decisão do futuro das plataformas das quais fazem parte. Através de votações, as decisões são feitas para beneficiar o todo, não para trazer lucro a um poder central.

A economia fomentada por comunidades será possível com o uso de tokens. Usuários terão o poder de escolher o que querem consumir e novas ideias poderão se tornar viáveis com a ajuda da comunidade interessada. Capitais de risco não serão mais necessárias e nem poderão ditar a direção em que a inovação irá seguir. Já vemos exemplos disso acontecendo com projetos como Decentraland e Bored Ape Yacht Club.

Limitações

Com novas tecnologias vem a necessidade de tapar o buraco entre expectativa e realidade.

Algumas limitações da web3 são herdadas do próprio blockchain. Os desenvolvedores ainda precisam trabalhar na escalabilidade da rede. Enquanto os tempos de espera e os custos ainda forem altos, o uso — e consequentemente a adoção — será limitado.

Acessibilidade também é um problema. O blockchain ainda está fazendo o seu caminho até o mainstream, e educação é um passo importante a ser dado. É essencial que as pessoas compreendam o que está por trás da tecnologia para que possam fazer uma escolha consciente entre usá-la ou não. Sem discussões saudáveis sobre os prós e os contras, nos encontraremos em uma montanha de falsas informações e campanhas de medo.

Por mais utópico que pareça, já estamos pavimentando o caminho na direção certa. A web3 está nascendo do solo fértil dos últimos 30 anos de uso da internet, mas ainda há vários aspectos que precisam ser estudados, discutidos e experimentados antes que ela se torne viável.

Assim como a web1 e web2, há muitos céticos e muitos levantarão pontos válidos de discussão. Evolução, desenvolvimento e pesquisa são o único caminho para frente, já que ficar parado não vai resolver os problemas que enfrentamos na web atual.

O momento que estamos vivendo é histórico e a oportunidade de fazer parte desta revolução é única.

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