Por que as pessoas compram criptoarte?

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Editorial tropix
Published in
5 min readJan 14, 2022
Everydays — The First 5000 Days. Beeple, 2020.

Criptoarte é o encontro entre arte e tecnologia que traz novas oportunidades para artistas e colecionadores. São obras de arte digitais cunhadas no blockchain, gerando um registro que chamamos de NFT — tokens não-fungíveis. Esse token garante a autenticidade da obra, permitindo que suas origens sejam verificáveis e viabilizando a sua venda. Por se tratar de obras digitais, muitos se perguntam por que comprá-las ou colecioná-las, afinal não existe um objeto físico e qualquer um pode vê-las na internet.

Antes de pensar na arte digital, podemos nos perguntar: por que as pessoas compram arte, independente do seu formato?

Por que as pessoas compram arte?

Podemos listar alguns motivos comuns pelos quais as pessoas compram arte:

  • Forma de expressão
  • Apoiar artistas
  • Fazer parte de uma comunidade
  • Investimento

Colecionar, tanto quanto fazer arte, é uma forma de expressão. Ao comprar uma obra, você está escolhendo apoiar a produção de um artista, e ao exibi-la você expressa seus gostos e preferências através dela. Podemos comparar usar arte como decoração à usar da moda como forma de expressão.

Investir em um artista é uma forma de incentivar sua produção. O valor do fazer artístico é algo subjetivo e muitas vezes deixado de lado, principalmente na era das redes sociais. Colecionadores são quem movimentam e validam a produção de arte do seu tempo.

O aspecto social também é muito importante. Formamos comunidades ao redor de coisas que gostamos e nelas encontramos nossos pares. Usamos a arte como um ponto de partida de conversas, seja em museus ou em coleções pessoais. Colecionar arte significa fazer parte de um seleto grupo de pessoas com valores similares.

Todas essas razões podem ser aplicadas tanto à criptoarte quanto à arte tradicional.

O que separa uma da outra é a linha entre o material e o imaterial, mas mesmo esta questão é algo que já foi extensamente tratada pelo estabelecimento artístico.

Arte e o objeto

O valor de uma obra não está só no seu material ou na mão de obra. Valor é uma construção social que depende de diversas variáveis, desde o período histórico em que foi feita até o momento sócio-econômico em que seu preço é discutido. Contemporâneos de grandes artistas podem não ter visto motivo de investir em obras que hoje vendem por milhões em casas de leilão como a Sotheby’s e Christie’s.

Se o valor não está no objeto material, então o que impede uma obra “etérea” de também ter valor?

A questão do objeto físico — ou a falta dele — é discutida no mundo da arte muito antes da arte digital sequer existir. Performances, arte conceitual e obras site-specific existem pelo menos desde a metade do século XX, quando a ideia de computadores pessoais estava apenas em histórias ficção científica. Obras virtuais também não são uma modalidade nova. Vídeo arte é uma linguagem que vem tendo destaque desde os anos 60, com toda a validação que pode-se esperar do estabelecimento artístico.

O que muda com a introdução da tecnologia blockchain é que agora artistas podem registrar a autenticidade de suas obras, independente da existência do objeto, e vendê-las da mesma maneira que obras físicas puderam ser vendidas durante toda a história.

Momentos de uma performance podem ser eternizados no blockchain, assim como ready-mades de Duchamp são eternizados em museus. Ambos são quebras de paradigmas e tem um valor histórico que vai além do objeto material.

Outro aspecto definitivo para o valor de uma peça é a sua raridade.

Raridade

De tempos em tempos chegam aos jornais notícias de itens que um dia foram comuns, mas hoje valem milhares. Como por exemplo, o cartucho para NES de The Legend of Zelda que recentemente vendeu por cerca de $ 870 mil dólares. Na época do seu lançamento, em 1987, custava em torno de U$ 50 e foram vendidas mais de 2 milhões de cópias em sua versão americana.

Por que esse cartucho em questão vale tanto? Porque é o único lacrado em condições perfeitas da primeira tiragem do jogo nos EUA.

O valor está em grande parte atrelado a sua raridade. Só existe um NFT de “Everyday — The first 5000 days” do artista Beeple, da mesma maneira que só existe uma Monalisa como a que está no Louvre.

Se você quiser jogar Legend of Zelda basta baixar um emulador. Igualmente, se você quiser ver as obras mencionadas é só pesquisar no Google que com certeza irá encontrá-las nas mais altas resoluções. Para alguns isso já é o suficiente, mas para um colecionador não é a mesma coisa que possuir o original.

(cripto)Arte como investimento

Comprar arte é um investimento. Ela pode ou não dar frutos no futuro, essa é a natureza de investir.

Vemos milhares de novos projetos de cripto surgindo diariamente, e com eles um público ansioso em comprar. O que muitos especialistas alertam como risco no investimento de NFTs é a incerteza da valorização das obras. Isso se deve em grande parte ao fenômeno FOMO — da expressão em inglês fear of missing out. Em tradução livre isso quer dizer medo de perder oportunidades e descreve a atitude de muitos entusiastas em investir em projetos baseado no hype gerado na comunidade. Apesar do termo ter sido popularizado em relação à criptoativos, esse fenômeno não é algo novo. O segredo por trás de um investimento que traz retorno está em fazer escolhas informadas e isso não vale só para o ambiente virtual.

Nos encontramos num momento único na história da arte digital como investimento. Artistas consagrados nos meios tradicionais estão de olho nesta nova tecnologia, e a oportunidade de adquirir as primeiras peças NFT de um grande artista nunca esteve tão próxima do público. Peças de estreia tem um enorme potencial de valorização com o tempo. Isso é importante não só para os colecionadores, mas também para os artistas.

Mercado secundário

Com NFTs, o investimento em arte passa a englobar também o artista, que agora pode receber royalties nas vendas subsequentes. Uma das peças de Beeple valorizou mais de 1000% no mercado secundário. Na época, o artista contou ao Insider que faturou mais com a revenda do que com a venda inicial.

Artistas passam a ter mais valor associado a sua reputação e produção em geral. O que em tempos de redes sociais, onde é preciso produzir para ser visto sem garantia nenhuma de retorno, apresenta uma solução para a monetização do trabalho artístico.

A tecnologia tem muito a agregar, trazendo soluções em segurança para investidores e mais poder para os artistas. Esperamos ver cada vez mais iniciativas e inovações, mas NFTs e blockchains ainda vão dar muito o que falar, assim como qualquer novidade que vem para quebrar paradigmas.

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