Pro Action Café

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Alex Bretas
Educação Fora da Caixa

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Apostando no poder que temos de nos ajudar

O Pro Action Café é uma metodologia de conversação em grupo cujo propósito maior é desenvolver projetos e aprofundar ideias e questões importantes para os participantes. Os mecanismos do Pro Action são capazes de transformar qualquer grupo num container criativo, aproveitando da sabedoria coletiva que emerge.

Criada por Ria Baeck e Rainer von Leoprechting, a abordagem surgiu na Bélgica a partir de uma mescla do Open Space e do World Café, outros dois formatos de interação em grupo.

Por quê?

O Open Space, proposto inicialmente por Harrison Owen, é uma poderosa forma de se criar conversas coletivas cujas características principais são o forte senso de urgência e a liberdade radical. Por outro lado, o World Café, descoberto em primeiro lugar por Juanita Brown e David Isaacs, tem o poder de “polinizar” conversas distintas e revelar os padrões existentes por trás das interações.

O Pro Action Café é abastecido por ambos os formatos. Desfruta, portanto, da capacidade de acolher os desejos de interação dos participantes do grupo, ao mesmo tempo em que propõe algumas questões para aprofundar as conversas. Não há agenda pré-estabelecida, somente um conjunto de processos e procedimentos recomendados.

Assim como as duas abordagens que lhe deram origem, o Pro Action é útil porque altera a maneira habitual de interagirmos. Em lugar das interrupções, escuta; ao invés de agendas impostas, convites para o diálogo; antes das respostas na ponta da língua, perguntas que as desafiam e nos intrigam. O que torna o Pro Action Café único, no entanto, é sua facilidade em revelar o quanto grupos e pessoas podem se apoiar.

Como?

Fonte: Metro HNL.

O Pro Action pode ser aplicado tanto de forma totalmente livre, com as pessoas trazendo seus projetos e questões, ou com um tema norteador que remeta a um contexto grupal, organizacional ou comunitário específico. No caso do Círculo de Doutorandos Informais, por exemplo, orientamos os participantes a trazerem seus próprios projetos de aprendizagem, estejam eles em curso ou querendo nascer. O foco, portanto, residia no tema (auto)educação.

Para fazer um Pro Action Café você vai precisar de materiais como canetinhas coloridas, folhas grandes, papéis tamanho A4, post-its e tudo o mais que ajude as pessoas a rabiscarem e desenharem suas ideias enquanto conversam. Encontrar um espaço que seja acolhedor, tranquilo e mais informal também é imprescindível para criar a atmosfera de um verdadeiro Café. No caso de grupos maiores, também será necessário montar uma tabela num local visível a todos — uma parede por exemplo — , de modo que funcione como o esqueleto da agenda que será preenchido pelos próprios participantes no momento inicial do Pro Action.

O primeiro movimento é convidar as pessoas a compartilharem seus projetos e questões, caso as tenham. Cada um pode escrever numa folha o nome do projeto e, então, conta rapidamente do que se trata para os demais. É preciso que o número de pessoas ofertando projetos seja menor do que o total de participantes: a proporção de 1 para 4 é perfeita. Ou seja: se o grupo tem 40 pessoas, então 10 participantes terão a chance de terem seus projetos apoiados. Isso é importante para que todas as conversas tenham por volta de 4 pessoas, um número ideal para equilibrar diversidade e intimidade em cada mesa.

Após todas as questões e projetos terem sido compartilhados, todos os outros participantes encaminham-se para as mesas que desejarem. É importante, neste ponto, que o facilitador fale um pouco sobre a “etiqueta” das conversas que se seguirão:

  • Falas na primeira pessoa (eu), partindo das experiências dos participantes;
  • Utilização de um bastão ou objeto da fala: quem está com o objeto nas mãos tem o poder da fala, quem não está, tem o poder da escuta. É uma forma de tornar as conversas mais profundas;
  • “Escavar” a fala do outro procurando por padrões e significados mais profundos (fazer perguntas);
  • Convidar os participantes para escreverem e desenharem nas folhas que estarão à sua disposição nas mesas.

Um Pro Action tem geralmente três rodadas de conversação, configuradas da seguinte forma:

Rodada 1

Por quê/para quê? O que está por trás desta questão ou projeto? Qual é a a missão que o projeto busca atender?

Rodada 2

O que não estamos vendo? O que falta para termos uma compreensão completa a respeito da questão ou do projeto?

Rodada 3

Quais os próximos passos que darei? De quais ajudas eu preciso? O que eu aprendi?

As perguntas de cada rodada devem estar claras para os participantes e podem ser escritas em cartolinas afixadas nas paredes. Em algum momento entre as rodadas pode ser interessante uma pequena pausa. Ao final, reunir as pessoas num círculo de cadeiras é um ótimo meio para conversar sobre como foi o processo. Quem propos um projeto ou questão fala sobre como percebeu a evolução de sua ideia inicial, e quem apoiou os projetos fala sobre como se sentiu nesse papel. É o momento de reconexão de todo o grupo e de compartilhamento de sentimentos, percepções e aprendizados.

O Pro Action Café, surgido da mistura do World Café e do Open Space, é uma invenção, um processo vivo, e por isso mesmo merece ser adaptado às peculiaridades de cada contexto. Como acreditava Manoel de Barros, se é invenção, não é mentira. Funciona mesmo!

Para saber mais:

http://projetodraft.com/verbete-draft-o-que-e-pro-action-cafe

Este texto faz parte da série especial do Kit Educação Fora da Caixa, que aborda diversas ferramentas de aprendizagem inovadoras. Navegue no blog para ver tudo o que já publicamos.

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Alex Bretas
Educação Fora da Caixa

Alex Bretas é escritor, palestrante e fundador do Mol, a maior comunidade de aprendizagem autodirigida do Brasil. Saiba mais em www.alexbretas.com.