5 links com declarações polêmicas de pentacampeões

Saulo Pereira
Eixo Newsletter
Published in
4 min readJul 23, 2018

Uma genealogia do canarinho pistola

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Torcedora assiste Brasil eCosta Rica em São Paulo, em 22/06/2018 (Rovena Rosa/Agência Brasil)

O maior ídolo dos brasileiros nesta Copa não é atacante nem vai fazer nenhum gol até o final. Batizado como Canarinho e apelidado de Pistola, o mascote da CBF é a melhor síntese dos dias por que passa o Brasil dentro e fora de campo. Engana-se porém quem pensa que estar fora de si com a amarelinha é novidade. Vários técnicos e jogadores que marcaram clubes do Rio e de São Paulo já tiveram momentos de fúria ou de euforia bem ao gosto da ave amiga de Neymar e companhia. Confira alguns deles:

Romário: “Pelé calado é um poeta

Se frases fossem gols, esse seria um dos mais bonitos. Em 13 de janeiro de 2005, Pelé comentou especulações sobre a aposentadoria do Baixinho: “É melhor ele parar, porque ainda é o Romário”. Dois dias depois, após jogo entre as seleções de futebol de areia do Rio e de São Paulo em Copacabana, veio a resposta. O Rei até se retratou: “Sou fã do Romário. Não sei o que disseram para ele”. O peixe ainda jogou por três anos até pendurar as chuteiras, tempo suficiente para aumentar o repertório único.

João Saldanha: “Nem eu escalo ministério nem o presidente escala time

No Brasil, técnico da seleção manda mais que presidente. É o que nos prova o caso que opôs ditador e treinador em 1970. Em 28 de fevereiro, Médici afirmou por meio da coluna de Armando Nogueira no JB que era a favor de Dario com a canarinho no México. Três dias depois, veio a resposta de Saldanha, durante uma entrevista em Porto Alegre — onde o time jogaria o último amistoso antes da Copa. Resultado: com Zagallo no banco e Dario convocado, o Brasil foi tri. Já Saldanha virou o João Sem Medo.

Vampeta: “A gente já bebe sem ganhar nada, imagina sendo campeão mundial”

Ficar pistola não é só sentir raiva, mas estar fora de controle independente da situação. Foi o que aconteceu com Marcos André Batista dos Santos, em 02 de julho de 2002, às 15h22, na rampa do Planalto. A inspiração veio de Nilson Locatelli, amigo do Fenômeno que entrou para história mais pela homenagem que ganhou do que pelos serviços prestados. A coragem, de muitas garrafas. Em 2012, Vampeta esbarrou com FHC em um jantar. “Você tava bêbado pra caramba”, disse o tucano sobre o outro encontro.

Ronaldo Fenômeno: “Tanto é mentira que eu tô gordo como deve ser mentira que ele bebe pra caramba”

Uma treta entre 2 mitos deixou o Brasil pequeno em 2006. Na preparação para a Copa, em 09 de maio, Parreira e o time participaram de uma videoconferênciacom Lula. Ele perguntou se o Fenômeno estava de fato gordo, como a imprensa dizia. O professor negou: “ele está muito forte”. No dia seguinte, o artilheiro não perdoou. Aquela seleção deu vexame, mas o melhor é o fim da história. No começo do ano, em papo com Zico, Ronaldo admitiu que ele e outros estavam mesmo acima do peso naquele mundial.

Pelé: “Não tenho medo de nada: topo até ser presidente da República.”

Para fechar, ele, que nos ajudou a ter três dos nossos cinco títulos mundiais. Os poucos registros da ousada declaração constam em números da Placar de 1990e 1999. De acordo com a revista, o Rei disparou o anúncio em 28 de novembro de 1988, mas não há outros detalhes além disso. É o tipo de fala que serve de adubo para a mais árida das imaginações em um ano eleitoral. Já pensou? Vale lembrar que Pelé tem — vá lá — experiência em gestão pública. O rei foi ministrodos esportes entre 1995 e 1998.

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