Quando eu finalmente aceitei o chamado

Taryne Zottino
Entusiastas
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3 min readMay 8, 2018
Essa cena de mim mesma lendo no campus da faculdade agora será bem mais frequente — Foto: @literatour_

É louco como cada texto meu por aqui parece uma espécie de continuação dos anteriores. Às vezes tenho a impressão de falar mais nesses parágrafos (quase) semanais do que no meu próprio diário. São tantas transformações dentro de mim nos últimos tempos. Medos do tamanho do mundo e a velha insegurança sempre se fazendo presente. E nessa loucura me conforta saber que alguém acompanha tudo através das minhas palavras. Falando com vocês, não me sinto tão só. Por isso quero continuar contando tudo, se estiver tudo bem.

Desde que pedi demissão de um emprego fixo no qual achei que ficaria por boa parte da minha vida, lá em janeiro de 2015, eu passei por muitas e muitas fases. E esse ciclo de mudanças foi interrompido pelo intercâmbio, mas voltou com força total quando ele acabou. Vivi em estado de completa perdição por um bom tempo, sem saber para onde ir e o que fazer. Porém, isso se mostrou muito importante, pois foi justamente nesse período repleto de silêncios assustadores que eu pude me permitir ouvir um certo chamado. 2017 foi o ano das perguntas, o ano das dúvidas. E em 2018, confesso, até tentei fugir, mas o destino, sempre certeiro, me recolocou onde eu deveria estar desde o princípio.

Na verdade, o destino não foi o único responsável. Eu não aguentava mais sentir a força absurda do chamado e acabar me deixando abater pelo medo de seguir um caminho mais demorado, mais difícil. Todos os dias, fatalmente, em algum momento das 24 horas, eu pensava em estudar Letras. E quando não passei no processo seletivo de um Mestrado em Comunicação, fiquei triste por pouquíssimo tempo. Era uma alternativa muito boa e poderia me render ótimos frutos, mas não passava de mais uma fuga. Até mesmo meu pré-projeto envolvia o incentivo à leitura (bom, meu TCC da faculdade de Jornalismo foi uma Revista Literária, só pra você ter uma ideia do quanto sempre dei um jeitinho de falar sobre livros).

Depois da tentativa frustrada, eu resolvi ser aluna especial do Mestrado em Letras em uma faculdade na qual nunca havia colocado os pés. E quando me vi na sala de aula aprendendo e discutindo Literatura, eu entendi que nunca mais conseguiria evitar o chamado. Então, apesar de não ter desistido do Mestrado, me inscrevi como portadora de diploma no Bacharelado em Letras, passei na prova e consegui a única vaga. Minha primeira aula é na quinta-feira e ando tentando dosar minhas expectativas, pois sendo bem honesta: estou me sentindo a mulher mais empolgada do Brasil.

Dez anos depois de entrar na faculdade de Jornalismo, eu sou caloura de novo. E mesmo com toda a ansiedade e medo tomando conta de mim, me sinto trilhando o caminho certo pela primeira vez em muito tempo. Tenho um plano. Tenho muita vontade de prosseguir nele. Me imagino na frente da sala de aula demonstrando toda a minha paixão pelos livros e sendo uma gota no oceano nessa tarefa tão complicada que é a formação de leitores. Ainda vai demorar, mas já consigo me ver lá. Pretendo manter essa imagem na minha mente para me dar forças durante a jornada.

E não vou parar de escrever sobre essa loucura toda porque isso também me dá forças. Espero continuar tendo vocês comigo. Obrigada por me ouvirem ❤

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Taryne Zottino
Entusiastas

Lê e escreve como uma forma de experimentar a vida duas vezes // IG: @tarynedisse