Profissão: circense

De 2016 a 2018, o Ministério da Cultura, por meio da Fundação Nacional de Artes (Funarte), investiu R$ 6.233.478,81 em projetos relacionados ao Circo.

Nathalia Caeiro
Esquina On-line
3 min readMay 4, 2018

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Por onde passa, a arte circense encanta crianças e adultos com o absurdo das acrobacias, a destreza do malabarismo, a irreverência do palhaço, o implausível ilusionismo e a intrepidez dos trapezistas. O circo é uma mistura de exagero e insensatez, uma briga diária entre ser humano e ser circense.

Poucos conhecem as dificuldades por baixo da lona colorida e das luzes incandescentes. Os salários baixos e a falta de apoio financeiro de instituições patrocinadoras são alguns dos grandes desafios enfrentados por estes talentosos intérpretes da alegria.

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A atividade circense é reconhecida pelo Ministério do Trabalho, inclusive com o detalhamento das habilidades do artista. De acordo com o último levantamento do órgão, em 2016, 102 artistas possuíam carteira assinada e recebiam remuneração média de R$ 1641,36, no Brasil.

Quantidade de vínculos empregatícios ativos e remuneração média segundo ocupação (artista circense) — Brasil 2016 (FONTE MtbRAIS)

A Associação Brasileira de Circo (Abracirco) é uma entidade nacional representativa do segmento. Fundada em 1977, atua em defesa do circo, promove a atividade circense profissional e representa interesses do setor junto a órgãos públicos e federais, estaduais e municipais, bem como à sociedade civil. Uma listagem feita pela Abracirco revela a existência de registro de mais de 500 artistas por todo o Brasil.

Muitos são itinerantes, por este motivo não é possível mapear a região exata em que atuam. Ainda segundo a Abracirco, a maior parte dos cadastrados estão localizados no Rio de Janeiro e São Paulo. É o caso dos sócios Fabrício Dorneles e Lucas Moreira, os cariocas não pensaram duas vezes antes de virem para o FestClown, um evento em Brasília que reúne profissionais de todo o mundo, voltado para a arte circense.

O espetáculo de aproximadamente uma hora foi motivo de risadas, admiração, encanto e espanto. Perto do fim da apresentação, os palhaços fizeram um apelo inesperado para a surpresa de alguns envolvidos na brincadeira, que não acreditaram. O improvável estava acontecendo, os palhaços falavam sério, mesmo com as poucas piadas que disfarçavam o peso daquele pedido. O público atendeu!

O atual cenário político brasileiro é crítico. Em meio a cortes de gastos, a cultura foi atingida e sofre com a redução orçamentária. A recessão atinge todos os setores, desde o contratante até o artista. De 2016 a 2018, o Ministério da Cultura, por meio da Fundação Nacional de Artes (Funarte), investiu R$ 6.233.478,81 em projetos relacionados ao Circo. Somente em 2018 foram reservados R$ 510 mil para a manutenção e conservação do espaço físico da Escola Nacional de Circo, principal centro de formação de arte circense no Brasil. Além disso, o MinC destinou R$ 1,5 milhão para custear a Bolsa Funarte de Formação em Artes do Circo —

Formação de alunos que frequentam o curso de formação da Escola Nacional de Circo, oriundos das diversas regiões do País.No ano de 2015, a crise política e econômica levou a gestão do Ministério da Cultura a lidar com um corte orçamentário maior do que se esperava. Era planejado gastar R$ 3,5 bilhões com a cultura, a meta caiu para R$ 1,7 bilhão. Ao final, os gastos efetivamente pagos ficaram em R$ 824 milhões.

O mundo no picadeiro é grande, mas ainda pouco reconhecido e valorizado. Segundo a Declaração Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho e Emprego, em 2007, o país contava com 128 palhaços com carteira assinada. Deste total, 57% atuavam em São Paulo e 12,5% na Bahia. O terceiro maior contratante foi o estado de Minas Gerais, que respondeu por 7% dos registros formais.

Para uma abordagem focada na atividade circense no Distrito Federal, confira aqui outra matéria.

Número significativo, considerando que a maioria dos palhaços trabalha informalmente ou em circos familiares. Em muitas companhias, o trabalho é passado de geração para geração e famílias inteiras se dedicam a divertir os outros.

CIRCOPÉDIA: Contém os principais links para informações sobre artistas circenses.

A história da família de Erika Mesquita se confunde com a magia do circo, como mostra a reportagem da Revista Esquina:

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