Caminhando em Plitvice
Aviso: Este é um texto de uma série sobre onze dias de motorhome pelo Leste Europeu. Se tiver interessado em mais relatos da mesma viagem, acesse o texto principal.
Da primeira vez que fui pra Croácia, descobri sobre Plitvice tarde demais. Já estávamos em Zagreb, indo em direção a Budapeste e mesmo encantado com as fotos que vi, deixei anotado para o futuro. Para minha sorte, quando planejávamos as férias e falamos sobre o país, a Patrícia nos contou que viu a Glória Maria falando bem sobre o parque. Com isso, já éramos 2 em 6 querendo passar por lá. Mostrando fotos e vídeos do lugar, o restante do pessoal nem precisou de muito trabalho para ser convencido.
Plitvice foi nosso primeiro destino depois de pegar o motorhome na Itália. Precisariamos parar para fazer compras logo após saírmos de Veneza, já que íamos passar a noite acampados. Inclusive, aproveitamos para comprar um bolo de aniversário e as velinhas, já que o Luciano estaria completando 40 anos na viagem.
No plano original, seriam perto de seis horas de trajeto. Na prática, demoramos um pouco mais. Além das tradicionais paradas para ir ao banheiro e para esticar as pernas, o caminho indicado pela nossa ferramenta de navegação nos fez pegar uma rota com menor infraestrutura. A estrada era bastante sinuosa, obrigando o Fabiano, nosso motorista da vez, a andar muitas vezes pelo meio da pista, para conseguir jogar com o tamanho do veículo. Foi um bom teste para quem estava debutando no papel. A noite chegou, e com ela algumas raposas faziam companhia entre uma curva e outra.
Perto das dez da noite conseguimos fazer o check-in no Camping Korana. Para completar o dia de aprendizado, fomos calorosamente recebidos por um campista que, pelo horário da nossa chegada, mandou a gente estacionar logo a nossa geringonça.
Nos planejamos para passar o dia inteiro pelo parque, pois havíamos visto que eram muitos quilômetros de trilha a serem percorridos. Acordamos, tomamos um café reforçado, pegamos nosso veículo e fomos com ele até a reserva. Do estacionamento, cruzamos uma pequena passarela e chegamos até a entrada 1 e dali começamos nossa caminhada. Tínhamos várias opções e então escolhemos uma que tinha mais de dez quilômetros e que deveria levar de quatro a seis horas.
Dá pra dizer que o parque é dividido em duas grandes áreas, dos lagos superiores e dos lagos inferiores. É nessa segunda parte que existe mais movimento e mais infraestrutura, então leve isso em consideração na hora de decidir sua caminhada. Não há muitas opções de bares e restaurantes para comprar alimentos e bebidas, então leve sua própria água e comida.
Paramos perto do meio dia para contemplar a natureza e comemos as frutas que levamos junto. Nos mantivemos caminhando e pelas três da tarde, quando chegamos até uma zona com um dos portos e bares, paramos para beber água e comer uma das opções que estava a venda. Até acho que a gente fez isso mais para descansar da caminhada e do calor que estava, do que pela fome.
O parque nacional é uma área gigante de natureza no centro do país, a meio caminho entre a capital e a costa do Adriático. Seus lagos e cachoeiras são emoldurados por morros e vegetação nativa que abrigam vida selvagem. A exuberância toda existe pelo inusitado encontro da água com as rochas calcárias. No decorrer de vários e vários anos, essa interação de elementos acabou formando cavernas, vales, cachoeiras, lagos e outros acidentes geológicos via erosão.
As grandes bacias de água estão cheias de peixes e há muitas libélulas também. Há relatos de outros animais, inclusive de grande porte, como ursos. Felizmente, não os encontramos. Talvez o grande movimento de turistas do verão os tenham afugentado.
Nessa época do ano, as trilhas estreitas que costeiam os lagos e sobem os morros podem ficar abarrotadas de gente. Mesmo assim, compensa muito, já que os caminhos suspensos te colocam muito próximo dos lagos e das quedas d’água. Mesmo numa época do ano mais seca, o cenário todo é um delírio visual e certamente é uma visita imperdível para quem vai a Croácia. São quase 300 quilômetros quadrados de área que foram declarados parque nacional em 1949 e patrimônio mundial da humanidade trinta anos depois.
A paisagem toda é realmente estonteante e, também por ser o primeiro dia de viagem, nos empolgamos e escolhemos por pegar a maior trilha. Não cometa esse mesmo erro que nós. Cogite a segunda maior. A que fizemos, passa por uma parte do parque mais afastada das quedas d'água e acabou sendo mais cansativo e menos interessante. Se você quiser escolher a sua trilha antes de sair de casa, com mais tranquilidade, dê uma olhada ou nessa figura comparativa ou em um dos apps oficiais do parque.
No final, acabamos nos cansando e o último trecho da trilha acabamos fazendo de barco. Não tava nos planos mas foi ótimo, pois pudemos ter a experiência de contemplar a natureza de dentro de um dos seus maiores lagos. Até porque, essa é a única maneira de você entrar na água. O banho no parque é proibido.
O barco nos levou até a entrada 2 e, dali, pegamos um ônibus em direção ao outro acesso. Cruzamos novamente a passarela e fomos até onde estava estacionado nosso motorhome.
Encerramos a primeira noite jantando em uma das mesas a céu aberto do camping, celebrando o aniversário de 39 anos do Luciano, mesmo com as velinhas erradas. Pelo menos ele guardou pra usar esse ano…
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