Onde os brasileiros investem
Se você acompanhou a última matéria no Finis, sabe que menos de 1% da população no Brasil investe na bolsa de valores. O que talvez você não saiba é que mais de 42% dos brasileiros tem dinheiro em produtos de investimento.
Um número que parece decente, mas que esconde um grande desconhecimento sobre o mercado financeiro e as possibilidades para se investir. Segundo relatório anual da Anbima, associação que funciona como uma reguladora do mercado de ações e de capitais, 55% da população não sabia apontar qualquer tipo de produto financeiro em 2018.
Isso é algo muito grave. Mais de metade do povo brasileiro não conhece as possibilidades do que fazer para o seu dinheiro render.
Mas essa é uma matéria sobre onde os poucos brasileiros que investem estão investindo, então vamos lá.
Antes de apresentar os dados, é importante ressaltar que investidor aqui está definido como qualquer pessoa com saldo em produtos de investimento (previdência privada, fundos, títulos públicos, poupança, etc).
De acordo com o relatório, o investidor brasileiro médio é homem (55% dos investidores), tem 43 anos, é casado, tem 2 filhos, possui ensino médio (44%) ou superior (36%), pertence às classes A ou B (43%), possui atividade remunerada (34% assalariados, 11% autônomos e 10% funcionários públicos) e mora na região Sudeste (51%).
Para a surpresa de quase ninguém, quase 90% desses investidores tem dinheiro aplicado na queridinha do Brasil: a poupança. A mesma que rendeu em 2019, até o momento, 3,66%. Para comparação, rendimentos atrelados ao CDI, que podem ser de CDBs ao rendimento automático do seu banco digital, renderam 5,05% até aqui no ano.
Vou fazer uma pausa para deixar uma coisa clara: poupança não é um “investimento ruim”. Vai depender do perfil de cada pessoa. Para mim, que invisto em ações e fundos, não faz sentido poupança como investimento. Para a minha vó, que tem todo o contato com um banco através de uma agência, é o melhor e, provavelmente, único investimento que faz sentido para ela. Já para deixar como reserva de emergência ou parte dela, que precisa de liquidez imediata, é uma boa opção para todos, por exemplo.
Outro ponto importante é que, para a maioria dos brasileiros, o principal motivo para investir é a segurança financeira (54%) e não o retorno da aplicação (16%). Algo que diz muito sobre a nossa cultura e nossa visão sobre investimentos.
Além da poupança, os brasileiros também colocam seu dinheiro em previdência privada (6%), fundos de investimento (5%), títulos privados (4%), títulos públicos (3%) e no mercado de capitais (1%).
Nos investimentos em previdência privada, há um porém: 90% está nas mãos dos 5 grande bancos do país. Além disso, boa parte rende menos do que a inflação e tem taxas de administração altas. Assim também acontece com muitos dos fundos de investimento, principalmente os oferecidos por esses bancos, altas taxas e baixo rendimento.
Os principais destinos do dinheiro investido também são pouco surpreendentes: comprar ou quitar imóveis (31%), comprar um veículo (11%) ou fazer uma viagem (10%). O destaque fica para a reserva de emergência, que é o destino de 15% das aplicações, além de investir em negócio próprio (7%), em estudos (6%) ou guardar para a velhice (5%).
E você, como tem investido seu dinheiro?
