Be heard: a era do Social áudio

Porque o formato de áudio está em alta?

@tutinicola
Fantástico Mundo RP

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“Youtube também tem Stories?”, “Você viu que agora tem Stories no WhatsApp?”, “Agora tudo tem stories”. Lembram dessa época? A gente tinha medo de abrir o Excel e ter um Stories lá também.

A sensação que sinto agora é a mesma. Só que com o áudio.

Sem esquecer, claro, que ele não veio ao mundo hoje, o áudio percorreu um longo caminho, sempre esteve muito presente na nossa rotina através do rádio, assim como nas conversas por telefone. E claro, através das mensagens por áudio de WhatsApp (agora acelerados), no Messenger e também pelo inbox do Instagram.

Outra ferramenta de conversa por áudio muito presente e utilizada em massa principalmente pela comunidade gamer, é o aplicativo de bate-papo Discord que com seu slogan "Seu lugar para conversar" alcançou em outubro de 2020 6,7 milhões de usuários — acima dos 1,4 milhões em fevereiro, pouco antes de a pandemia chegar.

E não podemos esquecer dos podcasts, formato que teve grande ascensão ano ano de 2019 no Brasil. Naquele ano a Fernanda Hack escreveu aqui no Fantástico Mundo RP sobre "A era da voz".

Mas foi desde fevereiro desse ano, quando o Clubhouse teve seus 15 minutos de fama e roubou a cena das redes sociais, que temos visto uma tendência em andamento: o social áudio. Onde a protagonista da comunicação é a conversa por voz.

Segundo o Techmundo, o aplicativo teve mais de 8,1 milhões de downloads em todo o mundo até o dia 16 de fevereiro. Em 1º de fevereiro, no entanto, a rede social tinha sido baixada apenas 3,5 milhões de vezes. Assim, o número de usuários cresceu mais de 100% em um período de 16 dias.

(Falei na época sobre minhas primeiras impressões dele aqui).

A popularidade foi tanta, que a gente piscou e o Twitter já tinha um Clubhouse pra chamar de seu: o Twitter Spaces que apareceu junto ao Fleet da rede social em fevereiro desse ano. A rede social também acabou liberando um recurso que não tinha: a interação de voz via mensagens diretas.

E desde então, várias plataformas passaram a anunciar novas funcionalidades, com foco em experiências similares. O Linkedin confirmou que está testando uma experiência de áudio social parecida a do Clubhouse. O Telegram, concorrente do WhatsApp, liberou o Voice Chats 2.0 chat por voz que permite convidar pessoas, levantar a mão para interagir e gravar conversas. O Spotify lançou o Greenroom, concorrente do Clubhouse, com salas de áudio ao vivo. E é claro que o Facebook não ia ficar pra trás, no mês de junho, anunciou salas de áudio ao vivo e podcasts na rede social.

Sim, estamos só o meme do Homer rodeados por essas novas funcionalidades:

"O áudio se tornou onipresente: comandamos nossas luzes e música para combinar com nosso humor, pedimos ao Google ou Siri para fazer as nossas apostas, acordamos com o Spotify e adormecemos com os podcasts. Isso está permitindo novas interações de áudio que não existiam há uma década, bem como conexões sociais mais profundas, íntimas e espontâneas do que nunca". Andrew Chen

Neste ano, nós que sempre fomos da escrita, também nos aventuramos no formato e lançamos uma novidade agora em áudio: o podcast “Mundo RP” que você pode ouvir clicando aqui.

Mas porque o formato de conversas e apps de áudio estão tão na moda?

1 Praticidade

A voz permite ficar com as mãos livres e se encaixa perfeitamente em nossas rotinas ocupadas e no perfil multitarefas de muitas pessoas pois proporciona a facilidade de conversar, se informar ou se divertir enquanto realiza outras atividades, como dirigir, trabalhar ou fazer faxina. E pra isso, basta apenas um smartphone.

2 Facilidade

"Vou enviar um áudio aqui que é mais fácil", mais fácil pra quem? 😂 Há quem ame e quem odeie as conversas por áudio, mas o que não se pode negar é que a informação fica com bem menos ruidos quando falada. Quando você ouve a voz de alguém, sua compreensão do que essa pessoa está dizendo é influenciada pela entonação. E, além disso, a facilidade também está dentro de casa. De acordo com o B9, o uso dos assistentes virtuais cresceu 47% durante a pandemia do novo coronavírus. O estudo apontou ainda que 54% dos entrevistados já vê mais valor em produtos e serviços que permitam as interações por voz, enquanto dois a cada três pessoas teriam interesse em seguir utilizando dispositivos dessa forma.

3 Inclusão

A voz também é mais inclusiva para pessoas com deficiência visual, com dificuldades motoras ou analfabetos (tanto adultos quanto crianças). Por outro lado, é preciso também pensar em alternativas para pessoas com deficiência auditiva.

4 Intimidade

Fala, som e linguagem são formas de nos conectamos uns com os outros e é por isso que boas experiências de áudio podem ser tanto envolventes e quanto íntimas ao mesmo tempo. Além de ser uma via de mão dupla, ela faz com que a gente sinta que está frente a frente e no mesmo ambiente que outras pessoas, mesmo que a quilômetros de distância. Um resgate do uso da voz como um meio para as pessoas se reconectarem.

5 Não tem desculpa

Você não precisa de um super cenário, de maquiagem ou escolher o melhor look do dia pra isso. Não precisa de muitos protocolos, é só apertar e falar. Um dos principais benefícios do formato é a conexão imediata, o que leva a…

6 Uma opção menos cansativa

O social áudio também é uma alternativa sem a burocracia de uma reunião (já que chamadas via zoom requerem um pouco de planejamento) e também sem a fatiga que o vídeo nos gera quando participamos de longas horas de interação por vídeo, afinal, prestar atenção em pistas não verbais, como expressões faciais e linguagem corporal consome muita de nossa energia.

7 Autenticidade

Algo que o Clubhouse deixou de lição, é que mesmo no digital, com o áudio, você não tem como você fingir algo que não é. Não é algo manipulado, editado, montado. Você fala naturalmente e mostra quem você realmente é. Um contraponto a conteúdos altamente produzidos.

8 Comunidade

O Social áudio chegou também abalando as estruturas das demais redes e pra mostrar que existe vida além do Instagram. Para Maddie Raedts, na Forbes: "Tanto o Clubhouse quanto os podcasts oferecem a oportunidade de abordar o público por meio de conteúdo de formato mais longo, espaço de anúncio organizado e comunidades de nicho. Em vez de feeds baseados em imagens, os criadores de conteúdo podem atrair ouvintes por meio de liderança inovadora, criando comunidades menores com pessoas com ideias semelhantes".

Mas será mesmo que o futuro do conteúdo é ser ouvido? Os aplicativos de rede baseados em voz vão ser apenas mais uma funcionalidade ou a principal delas? Veremos os próximos capítulos, mas com certeza esse é só o começo de uma era de “Social audio”.

Ouça também nossos conteúdos (em formato de áudio) no Mundo RP clicando aqui.

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@tutinicola
Fantástico Mundo RP

Relações Públicas de formação, marketeira e Copywriter. Vivo da minha arte (de escrever) na praia.