Livros sobre a Copa Libertadores

Biblioteca do Museu do Futebol recomenda 4 livros sobre a história do torneio continental

Bruno Rodrigues
Futebol Café
5 min readNov 24, 2018

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Guias oficiais da Conmebol sobre a Copa Libertadores (Crédito: Centro de Referência do Futebol Brasileiro

Por Ademir Takara, do Centro de Referência do Futebol Brasileiro

A Copa Libertadores da América pode não ter a mídia global e os valores bilionários da sua nêmesis, a UEFA Champions League, mas não há sombra de dúvida que atualmente é a competição de clubes mais popular entre a torcida brasileira.

Porém, nem sempre foi assim. Na verdade uma rápida pesquisa bibliográfica indica que o primeiro livro brasileiro dedicado à história da Libertadores é de 1999: “O Brasil na Taça Libertadores e no Mundial Interclubes”, do historiador Antônio Carlos Napoleão.

Ou seja, somente depois de 40 edições da Copa Libertadores é que um brasileiro teve a ideia de contar a história da competição. Na verdade contar uma parte. O foco do livro, como diz o título, é a campanha dos times brasileiros, mais especificamente dos campeões. Aí vale a pena ressaltar o detalhe do ano da publicação: 1999. Com o Palmeiras campeão, o Brasil, pela primeira vez, encerrava uma década como maior vencedor da competição, com seis títulos entre 1990 e 1999.

Parecia um momento auspicioso. A impressão que o país do futebol também se tornaria o país da Libertadores. O tempo (e o Boca Juniors) mostrou que não era bem por aí.

Livro da Conmebol traz a lembrança das conquistas de Boca e River na Copa Libertadores (Crédito: Centro de Referência do Futebol Brasileiro)

Mas voltemos ao livro do Napoleão, dividido em duas partes, a primeira é sobre a competição sul-americana e a segunda sobre a antiga Copa Intercontinental (que não será comentada neste artigo, uma vez que o foco é a Libertadores). A obra começa muito bem com a história do torneio, remontando aos primeiros confrontos entre clubes argentinos e uruguaios, passando pela pioneira Taça América Del Sur, em 1948, organizada pelo Colo-Colo, do Chile. Contou com a presença de seis clubes campeões nacionais e do Vasco da Gama representante do Brasil por ser o campeão do Rio de Janeiro, então capital federal.

Apresenta ainda o detalhamento da competição e as fichas de todos os jogos do Vasco, campeão invicto e fazendo jus ao apelido de Expresso da Vitória.

Na sequência relata como foi o processo de criação da Copa Libertadores da América. A partir disso o foco é exclusivamente na participação dos clubes brasileiros, em especial as campanhas dos campeões. Se por um lado é uma pena omitir totalmente informações de outros grandes esquadrões sul-americanos, por outro (e principal motivo para a existência da obra) cada conquista é narrada de maneira clara, objetiva e muito agradável. E ainda por cima, para os entusiastas, fichas completas de cada jogo do campeão.

Em 2010, foi publicado “Libertadores, Mundial Interclubes e muito mais”, de Caio Flávio Leal Bastos. Diferentemente do trabalho de Napoleão, Bastos fez um trabalho mais lúdico, indicado para quem estiver começando a se interessar pelas competições internacionais. No caso a Libertadores ocupa cerca de um terço do espaço, pois a obra também comenta outras competições internacionais da Conmebol e outras confederações. O autor também foca nos clubes brasileiros, masabre espaço para grandes esquadrões estrangeiros no capítulo “Libertadores que me marcaram”.

Uma curiosidade: o autor, embora gaúcho, deixa bem claro sua simpatia por dois alvinegros, Corinthians e Atlético Mineiro, e ele escreveu que ambos poderiam igualar-se aos rivais, isto é, ganhar a Libertadores. O que aconteceu pouco tempo depois em 2012 e 2013, respectivamente.

Aliás, se o livro de Napoleão fechou uma década de supremacia brasileira, o livro de Bastos abriu a segunda década de supremacia, com o Brasil ficando quatro vezes consecutivamente com o título entre 2010 e 2013. E em 2014 Nicholas Vital lançou o excelente “Libertadores: paixão que nos une: a história completa do mais tradicional torneio de futebol interclubes das Américas: a Copa Bridgestone Libertadores”.

Livros estão à disposição na biblioteca do Museu do Futebol (Crédito: Centro de Referência do Futebol Brasileiro)

Contou com o apoio da patrocinadora do torneio, o que também facilitou o acesso ao fantástico acervo fotográfico da revista argentina El Gráfico. E Vital soube aproveitar muito bem a chance. Além das mais de 180 fotos conseguidas junto aos portenhos (mais de 300 no total), o jornalista pôde, enfim, contar as histórias de cada um dos campeões da competição, de 1960 a 2013.

Aliás, uma edição luxuosa, com capa dura, formato de livro de arte (tamanho 29 X 27cm), bilíngue, português e espanhol, e com os 168 distintivos de todos o clubes que jogaram na Libertadores no período. O lançamento foi feito no Museu do Futebol, no Estádio do Pacaembu.

Em 2014 foi lançada a segunda edição, com a inclusão do campeão daquele ano, o San Lorenzo, do papa Francisco.

E neste ano de 2018, se a Copa Libertadores não continuará no Brasil, pelo menos poderemos comemorar a ousadia de Roger Brinkmann, que com o seu livro “Personagens históricos da Copa Libertadores”, conseguiu seguir o exemplo de Vital, contando ano a ano cada uma das edições da competição de 1960 a 2017. Mas conseguiu mudar o olhar: o escritor elegeu um personagem para cada conquista.

Assim sendo, se o torcedor brasileiro sabe a importância de um Pelé para o Santos em 1962, Zico para o Flamengo em 1981, Telê Santana para o São Paulo de 1993 ou São Marcos para o Palmeiras de 1999, também terá a oportunidade de saber o peso de um Osvaldo Zubeldía para o tricampeão Estudiantes de 1970, Luís Artime para o Nacional de Montevidéu em 1971, Bochini para o Independiente tetracampeão consecutivo em 1975, Ever Almeida para o Olímpia de 1979 ou Higuita para o Nacional de Medellín de 1988.

Bônus

Para os fanáticos, infelizmente, os livros de Nicholas Vital e Roger Brinkmann não trazem as fichas de jogos. Nem mesmo finais. Mas… quem tiver muita paciência pode tentar ver a versão digital do livro oficial da Conmebol “Copa Libertadores de América 1960–2010” tomos I e II, no site da entidade. Simplesmente todas as fichas de todos os jogos da competição. Para quem não tiver muita paciência, aí o caminho é ir até a Biblioteca do CRFB, de terça a sábado, das 10:30 às 17:00, no Museu do Futebol, consultar a versão impressa.

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