Ecos da Galeria #04: Obstáculos

Janayna Bianchi Pin
Galeria Creta
Published in
14 min readNov 4, 2017

Já percebi que meus textos de não-ficção (incluindo os dessa newsletter) quase nunca têm um tema muito definido. Eles têm no máximo uma sugestão de rumo, uma suave inclinação na direção de uma pseudo-conclusão — e ok, nenhuma surpresa aqui, acho que é bem o reflexo do meu jeito de pensar. Eu faço mil coisas ao mesmo tempo; como seria de se esperar, minha cabeça vai conectando ideias umas nas outras sem muito rigor. Nem sempre o círculo se fecha.

E não acho que isso é ruim. Acontece que — por isso ou apesar disso, nunca saberemos — eu escolhi dedicar boa parte do meu tempo e dos meus esforços à criação. Assim, (e também pela minha formação de engenheira de processos, risos), tenho a impressão que reconhecer um mínimo de ordem nesse fluxo pode ser útil nessa empreitada. Inclusive, essa foi uma das razões pelas quais decidi começar a manter um diário de escrita e de ideias.

O tema da newsletter não é esse, até porque eu já falei bastante sobre o diário nesse texto do Medium. Mas quis começar essa edição desse jeito pra mostrar na prática o que acabei de dizer aí em cima. Porque à menção do diário, posso conectar o pensamento de que no dia 3 de outubro eu anotei nas páginas desse mesmo caderninho que, enquanto voltava de um compromisso naquela terça a noite, dirigindo sozinha, lembrei de como foi difícil ganhar confiança pra dirigir normalmente.

Logo que tirei carta — sem saber dirigir, obviamente, porque como alguém aprende a dirigir se é proibido engatar a terceira marcha na auto-escola? — minha sensação era que eu jamais seria capaz de dirigir casualmente. Eu achava que nunca conseguiria simplesmente dirigir, sem ficar pensando na hora de trocar a marcha, de olhar pelo retrovisor, de analisar se eu estava muito perto ou muito longe do carro da frente. Hoje eu moro nas marges de uma rodovia e evito dirigir se possível por motivos de: preguiça, mas quando eu dirijo é quase uma terapia — eu fico tão sossegada que a única ocasião em que tenho mais ideias do que quando estou na estrada é tomando banho (nem precisei do diário pra concluir isso).

O engraçado era que eu via as pessoas dirigindo tranquilamente e pensava que só eu tinha aquela dificuldade. Que eu tinha uma disfunção mesmo. Não me passava pela cabeça que aquelas pessoas estavam tranquilas porque já tinham passado por aqueles tempos iniciais de turbulência — e que, provavelmente, cedo ou tarde eu chegaria lá também.

Eu só não desisti de aprender a dirigir porque eu sou… uma mistura de otimista com distraída, por falta de uma palavra só pra definir o que eu quero dizer. Eu tinha escrito “cabeça-dura” aqui, mas pensando bem não é esse o termo porque eu não sou orgulhosa, do tipo que quer provar pro outros ou pra si que é capaz. Na real, o que mais me passa pela cabeça O TEMPO TODO é que minha zona de conforto é uma delícia e não tem razão pra eu querer sair dela. O que quero dizer com “uma mistura de otimista com distraída” é que eu sempre acho que as coisas vão dar certo uma hora ou outra, vamos tentar mais um pouquinho. Se não der, eu desisto, mas espera mais um pouquinho pra ver se não vai dar certo MESMO. E aí eu acabo me distraindo com outra coisa e esqueço que talvez aquilo não fosse dar certo e, quando eu vejo, eu já estou fazendo uma coisa que, racionalmente, deveria me deixar paralisada pela alta probabilidade de não dar certo.

É uma coisa contínua, um fluxo de persistência que não tem marcos definidos. Não sei se deu pra entender, mas uma boa analogia é pensar naquela tarefa que a gente diz que vai completar hoje mesmo e, quando vê, já se passou uma semana e a gente nem sabe como.

Usando como exemplo o medo de dirigir, eu primeiro comecei a sair com meu pai pelos bairros mais calmos da cidade. Depois, passei a pegar estrada e, mais tarde, comecei a ir dirigindo pra faculdade e pro estágio. Aí, bati o carro (na traseira de um Fusca de um velhinho de 82 anos, um dia conto essa história) e achei que ia ficar bloqueada por causa disso, mas na semana seguinte estava indo trabalhar com o carro (batido mesmo, pobre Átila nunca foi consertado) porque não tinha muita alternativa. Em 2015, fiz um mochilão sozinha pras cidades históricas de Minas e decidi que ia tentar dar um passinho a mais: mesmo sem conhecer um palmo do estado, mesmo sem nunca ter dirigido um carro alugado, mesmo sem ter um copiloto pra me ajudar com o caminho, aluguei um carro em Ouro Preto e fui dirigindo até São João del Rey no maior clima road trip de mim comigo mesma, com direito a paradas em Lagoa Dourada (saudades rocambole), Congonhas (saudades Aleijadinho) e Tiradentes (saudades ensopado de galinha d’Angola). E não é que tudo deu certo? :o

Foi seguindo essa mesma “estratégia” que fui morar e estudar em Copenhagen sem nunca ter saído da casa dos meus pais e com um inglês que não era lá grandes coisas. Que que aceitei uma vaga que me parecia extremamente desafiadora na Unilever. Que topei encarar a tarefa de ir completamente sozinha pra Indonésia fazer uma avaliação super complicada de uns equipamentos, mesmo sendo minha primeira viagem à trabalho — e também foi nesse ritmo de “vamos que vamos” que decidi estender a estadia e passar uma semana de férias por lá, ainda sozinha num continente estranho e a muitas centenas de milhares de quilômetros de casa. Foi pensando assim que resolvi publicar minha novela, e que decidi abordar cada um dos contatos que fiz nesse meio.

Aposto que passou pela pela sua cabeça que o nome disso é “coragem”, não passou, Caro(a)? E aí é que entra uma problematização necessária — uma problematização que eu me propus ainda no carro, naquele mesmo dia 3 de outubro (e sim, eu sei porque anotei no caderninho).

Será que isso é mesmo coragem? Que, no dicionário, é definida como “moral forte perante o perigo, os riscos; bravura, intrepidez”? Porque eu me pergunto: quão bravo é, de fato, aceitar um emprego? Dirigir? Viajar? Pega o nível de white/rich people’s problem pro qual a gente debanda se começa a pensar assim. Mas sério, como é que quantifica essa “moral forte” aí? Como é que a gente coloca a percepção de perigo de cada uma das pessoas do mundo numa mesma escala?

Exemplo prático atualíssimo: desde que anunciei meu ano sabático, eu venho recebendo muitas congratulações pela minha coragem. Mas a verdade é que eu realmente não consigo me sentir corajosa considerando que: a) eu moro na casa dos meus pais, e portanto não preciso pagar muitas contas; b) meus pais apoiam essa minha ideia desde o começo, o que faz com que seja muito fácil morar na casa deles sob essas condições; c) eu tinha um emprego super privilegiado que, associado aos itens a e b, me permitiu viver & guardar dinheiro pra passar um tempo sem trabalhar; d) uma das primeiras coisas que meu chefe me disse quando propus o sabático foi que ele certamente tentaria me recolocar na empresa no momento em que eu assim desejasse.

(Se você foi uma das pessoas que me deu parabéns por causa do sabático, saiba que eu entendo, não sou mal-agradecida e fiquei realmente feliz na ocasião, porque foi muito bom saber que pessoas me apoiavam. Não estou criticando a atitude não, é uma pura questão de problematização da escolha de palavras.)

E assim, eu estou falando de privilégios, sim, mas nem estou indo tão fundo a ponto de tocar no estúpido conceito da meritocracia. Porque mesmo que uma pessoa tenha exatamente o mesmo background e os mesmos privilégios que eu, qual é o sentido em dizer que ela não tem uma “moral forte” porque fez outras escolhas? Até porque é bem difícil categorizar escolhas como boas e ruins. Eu poderia ter sido sequestrada e morta ao escolher fazer aquele passeio por MG sozinha e eu tenho certeza que muitos apontariam a minha ~falta de juízo~ como uma justificativa (vide opiniões sobre o caso da moça que morreu depois de dar uma carona esses dias). E acredite, já ouvi bastante esse tipo de coisa por ser mulher e viajar sozinha.

Eu escolhi nomear essa edição com a palavra “obstáculos” porque queria que você olhasse esse e-mail na sua caixa de entrada e pensasse “lá vem mais um texto de auto-ajuda”. E aí fosse surpreendido! (Plot twist na newsletter vale, produção?) Porque a única coisa que eu realmente sabia quando comecei a escrever esse texto era que ia terminar zoando dessa filosofia simplista de que você pode tudo, basta querer.

E ok, eu concordo que qualquer tentativa de dar um passo além (se a pessoa quiser) é válida e deve ser celebrada como valioso. Concordo também que a nossa cabeça impõe muitos obstáculos que não necessariamente fazem sentido e que pode ser uma boa tentar tirar esse tipo de problema da frente — afinal, o mundo nunca vai cansar de mandar barricadas externas que são próximas do intransponível, então porque acatar também as pedras no caminho que vêm de dentro? Mas, ao mesmo tempo, é realmente bom acreditar que basta querer?

Eu quero muito perder os quase 30 kg que ganhei desde a época do colegial e, embora não pareça, vira e mexe eu tento com algum afinco — mas não cheguei lá e talvez nunca volte ao meu peso ideal. Eu quero muito ter uma casa na praia, mas até o momento o meu bem mais valioso é o carro que eu acabei de pagar depois de anos de financiamento — e, aos 28 anos, cá estou eu estou botando as asinhas de fora e arriscando uma possível mudança de carreira que , mesmo que dê certo, muito provavelmente vai diminuir bastante meu rendimento por muito tempo. Eu quero até parar de comer carne, mas a minha zona de conforto — aquela hipnótica, deliciosa zona de conforto — diz que eu posso começar semana que vem. Putz, faz QUATRO ANOS que eu tô tentando escrever um romance e agora até parece que o negócio tá engrenado, mas durante esses últimos 48 meses eu não cheguei nem perto de alcançar esse objetivo. E acredite, eu quero MUITO terminar esse texto, é o que eu mais quero na minha vida (mais do que a casa na praia, nesse exato momento, pode acreditar).

A questão é: eu não consegui por falta de coragem? Foi por covardia ou falta de vontade que você não conseguiu qualquer uma das coisas de encher os olhos que eu descrevi lá em cima, ou outros desafios mais plausíveis ou mais malucos?

De vez em quando, eu acho ótimo ler uma mensagem de perseverança aqui e ali. Muitas vezes, é tudo o que a gente precisa. Mas, ao mesmo tempo, acho que pode ser uma verdadeira bosta se deparar com esse tipo de mensagem num momento de baixa-estima ou de desconfiança. Lembra que eu via as pessoas dirigindo de boas e pensava que eu era a única pessoa do mundo que jamais seria capaz de dirigir um carro normalmente? Eu felizmente não me lembro de ter sido agraciada com esse tipo de filosofia barata na época, mas acho que eu o que eu menos precisava ouvir era que era “só querer”. Talvez fosse mesmo, provavelmente eu fui a única responsável por fazer tudo dar certo no final. Mas até chegar nesse tal final, eu preferia ser poupada dessas ideias que provavelmente só me trariam frustração e raiva de mim mesma por, aparentemente, não estar tentando o suficiente, ou ser estúpida demais pra conseguir algo que é tão fácil quanto “só querer”.

Enfim. Qual é a conclusão? Como eu disse lá no começo, meus textos de não-ficção costumam acabar bem abertos. Porque, adivinha só: eu não sou uma guru do bem estar humano e eu REALMENTE não sei a fórmula perfeita pra acreditar em si na medida certinha que fica ali no limiar entre se motivar ou se frustrar com a simplicidade de uma diretriz que é tudo menos isso, simples. Acho mesmo que não existe essa fórmula, inclusive. E pra mim, pelo menos até o momento, vêm ajudando ter em mente essa ideia de que não existe um procedimento certo pra viver. Essa bagaça veio sem manual de instrução mesmo e se alguém vier afirmando o contrário é no mínimo de se desconfiar.

Pra não acabar nesse parágrafo sem nó, quero saber o que você acha disso. Quantas pessoas você já quis matar depois de ouvir que “é só querer”? Por outro lado, quantas vezes se motivou quando percebeu que você era o único criando obstáculos pra alguma coisa? :P

Um último pensamento: andei conversando com várias pessoas e percebi que talvez o formato da Ecos da Galeria não seja o melhor possível, em especial quanto à mistura dessa parte de pensamentos meus e indicações/links com a veiculação do audiodrama, que é a parte que fica lá embaixo, depois do lambe-lambe. Então resolvi fazer uma pesquisa RAPIDINHA pra tentar entender com vocês o que posso fazer pra melhorar a newsletter! Responde pra mim, por favorzinho? :)

RESPONDA A PESQUISA, É RAPIDINHO

Pronto! Se você é novo por aqui e quer ler as edições anteriores da newsletter, pode acessar o arquivo clicando aqui ou visitando o meu Medium, que agora também conta com o arquivo da Ecos na publicação da Galeria Creta. E se qualquer um de vocês quiser indicar a newsletter pros seus amigos, pode encaminhar esse e-mail mesmo ou mandar direto o link pra se inscrever, que é esse aqui.

Abraços,

Jana

PRA OUVIR | Se você curte folclore ou é um amante da experimentação em podcasts, PRECISA conhecer o Popularium, uma programa especial hospedado no Mundo Freak. A primeira temporada tem dez episódios de formato um pouco diferente do convencional papo entre hosts e/ou convidados: cada um é uma verdadeira AULA sobre um mito brasileiro, escrita e narrada com muita competência — eu diria quase dramatizada — pelo querido Andriolli Costa, o Colecionador de Sacis (que também e escritor, fotógrafo & afins). Mas não vá esperando apenas um resumo de cada lenda: o intuito do programa é “dissecar mitos, lendas e folclores de maneira a entender como eles surgiram e como dialogam com a sociedade”, e sempre começa com uma notícia atual exemplificando as crenças em que se apoia cada mito. Na página de cada episódio, você encontra uma transcrição da narração e as devidas referências bibliográficas.

PRA LER FICÇÃO NACIONAL | Correndo o risco de parecer monotemática (mas não ligando nem um pouco pra isso), minha recomendação de ficção nacional é a coletânea em e-book Mitos Modernos, organizada pelo pessoal do Mitografias. Eu poderia indicar o e-book apenas porque tem um conto meu lá e eu adoraria quer você lesse (e dissesse o que achou!), mas a verdade é que recomendaria de toda forma pois: 1) a coletânea foi organizada por gente competentíssima, que cuidou de cada etapa do processo — da curadoria dos contos até o tratamento dos textos e confecção da capa — com muito carinho, como o Lucas Ferraz conta nesse texto e 2) pra baixar gratuitamente, basta clicaraqui e escolher compartilhar seu download em alguma rede social.

PRA LER FICÇÃO GRINGA | Já devem ter notado que eu perco todos os bondes e sempre indico atrasada coisas que já tem hype suficiente. Mas resolvi indicar o livro It — A Coisa, de Stephen King, porque eu terminei a leitura esses dias e achei o livro um prato cheio pra qualquer escritor. Você pode ler minha review no Goodreads (aliás, me adiciona por lá!), mas em resumo o livro é um grande workshop de como criar personagens críveis e fazer o leitor amá-los e se importar com eles — a ponto de fazer doer o coração em algumas cenas. Também é louvável como Stephen King conta duas histórias em diferentes níveis: uma história do sobrenatural e outra do ordinário. Quem surfou essa onda muito bem foi o pessoal de Stranger Things, que destruiu nessa segunda temporada.

PRA LER NÃO-FICÇÃO | A convite da Isa, comecei a contribuir com o Medium do projetoFale com Elas, uma “uma publicação feita por mulheres para quem quiser escutá-las”. Já participei humildemente do artigo sobre a tag #recomendeumlivro pra falar sobre “A Rainha do Ignoto”, o livro que é considerado por alguns a primeira fantasia brasileira. E que foi escrito por uma mulher. Cearense. Em um cenário cearense. Com ideias feministas e abolicionistas. Em 1899. Serião, leia.

PRA CONHECER | A primeira recomendação é A BRAND NEW PROJECT, em inglês mesmo porque esse é o idioma do WRITERLands, esse blog criado pela roteirista Barbara com o intuito de postar, em inglês, sobre literatura, cultura geek e afins. Ela leu Lobo de Rua e me surpreendeu com um convite pra responder um Q&A sobre o livro! E se segura aí que vou recomendar mais uma newsletter hoje também porque as amo e vou protegê-las: se você curte ficção especulativa e ainda não assina “Buracos Negros e Revelações”, da Barbara Morais, trate já de assinar. Aliás, trate já de seguir a Barbara no Twitter porque ela é maravilhosa e sempre faz as melhores threads sobre escrita, política & afins daquele maravilhoso saite.

PRA APOIAR | Hoje, vou sair um pouquinho do padrão de recomendar financiamentos coletivos de projetos de produtores de conteúdo e vou recomendar uma Vakinha. A Bruna Miranda — que é maravilhosa e tem um canal literário que é mais maravilhoso ainda — tem um gatinho com FELV (tipo uma leucemia felina). O tratamento é bem caro e a Bruna está tentando fazer o melhor pra deixar o Mao bem e confortável. Como eu já sofri com um bichinho doente e sei como isso pode arrasar nosso coração e o nosso bolso ao mesmo tempo, deixo aqui a recomendação: se você puder, apoie a Vakinha do Mao. Se não puder agora, compartilhe a postagem pra que o maior número de pessoas possa ajudar.

PRA IR | Você provavelmente já sabe que esse mês é mês de NaNoWriMo, né? Além da movimentação na internet, algumas cidades e regiões do país organizam programações locais. Em São Paulo capital, sessões de escrita presenciais — os chamados write ins — acontecerão todos os sábados do mês (começando HOJE!) no Vanilla Caffè da Rua Antonio Carlos, próximo ao metrô Consolação. Aliás, se você está participando do NaNo (ou se não está, mas acha legal essa movimentação maluca), recomendo dar escutar o episódio que gravamos lá no Curta Ficção com nove hábitos que você pode criar durante o NaNo e depois usar na sua rotina normal de escrita.

Lambe-lambe por Bruno Müller (ele voltou, graças a Cthulhu!)

Cara ouvinte,

Cada dia no Tempos Fantásticos é uma aventura. Além dos perigos normais da vida, a gente vive exposto a todo tipo de risco interdimensional. E às vezes… bom, merda acontece. Mas é pros momentos de dificuldade que servem os amigos, não é mesmo? Dá pra enxergá-los como trampolins, no bom sentido. Molas que ajudam a empurrar a gente pra cima — ou por cima do obstáculo.

A força pode ser só moral ou prática mesmo, como foi meu caso: a gente ia passar mais um mês sem transmitir, mas o Angelo Dias veio correndo me acudir assim que soube do meu acidente — abraço, chefe! E antes que venham diminuir essa atitude, eu sei que é uma preocupação legítima porque na maioria dos futuros brasileiros não existe mais lei trabalhista de nenhuma natureza, então não tem nem como dizer que foi medo que eu colocasse o Tempos Fantásticos no pau.

Enfim. Como lição dessa aventura, eu vos recomendo: cuidado por onde andam. Paguem um bom plano de saúde — um que inclua cobertura odontológica. E, claro, cultivem boas amizades.

Ah! Antes de ir, um recado: me avisa se tiver alguma dica sobre o conteúdo do bilhete do seu Carvalho, por favor! Se você não conseguiu anotar durante o programa, os números são: 23 550113 46 657152. Já confirmei aqui e não tem nada a ver com aqueles números malucos de Lost. Também dei uma olhada nos resultados das loterias dos próximos séculos e esses números são incrivelmente não-promissores.

Vai, me ajuda! Eu odeio números — sou de humanas em todas as possibilidades de espaço-tempo! :(

VÁ PARA O BECO ESCUTAR O PROGRAMA

Mês que vem voltamos com mais notícias, achados e perdidos e informações sobre o caso de Benedito Gaia. Se você tiver algo pra me falar até lá, você pode me contatar pelo e-mail ecos@galeriacreta.com.br ou respondendo este e-mail. Pode ficar sossegada que sua resposta vem só pra mim e pra Jana. :)

Saudações,

Nana Ferreira

--

--

Janayna Bianchi Pin
Galeria Creta

Escritora, engenheira, viajante e passeadora de lobisomens. Autora de Lobo de Rua (bit.ly/lobojana).