A criação da Guilda de Front End e porquê isso é importante

Como construímos as guildas no Grupo Boticário e algumas dicas para implementar na sua organização

Jéssica Neves Machado
gb.tech
7 min readMay 27, 2021

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Autores: Jay e Nicolas

Quando trabalhamos com tecnologia, sabemos o quanto é importante o compartilhamento de informações e conhecimento com a comunidade para construir e entregar nossos produtos com qualidade e agilidade. Sem isso, nós enfrentaríamos muitas dificuldades desnecessárias para resolver problemas que outras pessoas já resolveram. Por exemplo, quando encontramos aquele código pronto que, às vezes, basta uma simples adaptação e está perfeito para um novo uso.

Sabendo dessa importância e acompanhados do crescimento acelerado da nossa comunidade de desenvolvedores, vimos que seria necessário mudar a forma de falar sobre tecnologia dentro do gb.tech. Anteriormente, tínhamos uma agenda semanal chamada de Chapter de Arquitetura, que consistia num encontro em que a equipe de Arquitetura discutia assuntos que eram comuns entre todas as equipes, como CI/CD, qualidade de código, cobertura de testes, criação de logs, ferramentas, processos, entre outros.

Porém, com o passar do tempo, com toda nossa equipe crescendo em todas as áreas nós, aqui do Front-End, sentimos a necessidade de ter um encontro focado no ecossistema de front-end, com testes, performance, acessibilidade, micro front-ends etc.

Além disso, esses encontros tinham como objetivo se parecer com aqueles cafezinhos presenciais onde, muitas vezes, damos as boas-vindas para novos colegas e acabávamos com a saudade dos outros, que não vemos no dia a dia.

Assim, levamos essa ideia para a equipe de Arquitetura, que organizava os encontros quinzenais, e entendemos que faria sentido repensar o modelo atual. Então, decidimos dividir esse encontro em dois e batizá-los de Guilda Front-end e Guilda Back-end.

Logotipo das guildas de frontend e backend do Grupo Boticário, nas cores laranja e roxo, respectivamente.
Guilda de Front End e Guilda de Back End

Se você é da área de tecnologia (ou já jogou Assassin’s Creed e Skyrim), provavelmente já deve ter se deparado com o termo Guilda algumas vezes. Em geral, organizações que possuem um número significativo de desenvolvedores utilizam e praticam os benefícios de uma Guilda.

Mas o que são as Guildas?

Aqui está a definição encontrada em um dicionário na internet:
Substantivo feminino: associação que agrupava, em certos países da Europa, durante a Idade Média, indivíduos com interesses comuns (negociantes, artesãos, artistas) e visava proporcionar assistência e proteção aos seus membros.

No Grupo Boticário, definimos guilda como um grupo de pessoas com um interesse em comum em frentes diferentes de tecnologia, como front-end, back-end e mobile, que colaboram com experiências, desafios, novidades e tudo que envolva o ecossistema da área.

Duas pessoas utilizando um notebook em uma mesa com várias folhas de papel com impressões coloridas.
Imagem que representa um encontro virtual da Guilda

Cada guilda tem seu grupo no Slack e seu encontro quinzenal. Decidimos intercalar os encontros de backend e de frontend a cada sexta-feira, visando quem queira participar das duas.

Como estamos gerenciando esses encontros?

Com nossos encontros quinzenais e o feedback dos participantes, fomos aprendendo e adaptando formas para deixar cada vez mais proveitosa nossa colaboração. A seguir listamos alguns pontos importantes que construímos e têm funcionado bem:

1. Organização

Cada guilda possui alguns responsáveis em administrar como o encontro irá acontecer, preparando o roteiro que será seguido, convidando pessoas para apresentarem conteúdos diferenciados, instigando os participantes a discutirem sobre os temas falados e elaborando dinâmicas para interagir com o pessoal. Além disso, os organizadores de todas as guildas se reúnem a cada quinze dias, por 30 minutos, para discutir sobre os encontros e sugerir novas ideias.

2. Pesquisas

Durante o tempo em que temos realizado nossos encontros, enviamos aos participantes algumas pesquisas em relação a vários assuntos, como uma opinião básica sobre a guilda, quais assuntos deveríamos tratar, quais são os maiores problemas que enfrentam no dia a dia, entre outros. Com isso, analisamos as respostas para melhorar os encontros e entregar assuntos mais relevantes.

3. Roteiro

Para todo encontro definimos um roteiro do que iremos apresentar. Isso facilita a organização do tempo durante o período. Geralmente, começamos com 10 minutos de conversa, descontração e pedimos para os novos integrantes da guilda se apresentarem. Nos próximos 30 minutos, colocamos uma dinâmica ou uma apresentação de um assunto relevante, e nos últimos 20, levantamos discussões de alguma temática que alguém tenha interesse em compartilhar. Porém, sempre temos uma lista de temas polêmicos, caso ninguém se voluntarie, como:

1 - Como fazer testes com snapshots corretamente?
2 - Como fazer um Code Review relevante?

Fica a dica caso queira engajar a galera da sua guilda ;D

Dinâmicas

Para quebrar o gelo no início de uma agenda, recomendamos utilizar o site SLIDO para fazer a dinâmica “Nuvem de palavras”, na qual os participantes respondem em tempo real e é possível acompanhar as palavras mais respondidas. Nos primeiros 10 minutos do encontro, compartilhamos a tela e deixamos as palavras em destaque.

Dinâmica de nuvem de palavras, com destaque às palavras “Feliz” e “Força Gil”
Resultado da dinâmica "Qual o seu mood de hoje?"
Dinâmica de nuvem de palavras, com destaque às palavras “Flora” e “React”
Resultado da dinâmica “Conta pra gente, com quais tecnologias você trabalha?”

Integração

Como nem todos que participam dos encontros falam ativamente, procuramos formas onde cada um possa falar um pouco sobre si. Para isso, nós realizamos algumas dinâmicas que buscam ajudar na integração entre as pessoas da guilda.

Qual foi a maior besteira que você já fez na sua vida de tecnologia?

No exemplo acima, cada pessoa tinha de 30 a 60 segundos para responder a pergunta e, no fim, fizemos uma votação da maior besteira compartilhada. Tivemos Updates sem Where, subir código errado para produção deixando os clientes sem acesso, pessoas que não sabiam monitorar corretamente o uso de alguns sistemas que consumiam dinheiro diretamente e deram um prejuízo de milhões para a empresa, e por aí vai. O vencedor ganhou o Deep Shit Certificate pela façanha de ter ligado a cafeteira da cozinha, que possuía um enorme aviso de “Não ligue a cafeteira”, deixando o prédio todo sem luz.

Imagem do certificado de maior besteira, consagrando o prêmio de terrorista da cafeteira para Rodrigo.
Vencedor da dinâmica “Qual foi a maior besteira que você já fez na sua vida de tecnologia?

Como é seu ambiente de trabalho?

Como só vemos nossos colegas de trabalho pela câmera, nunca vimos como é a mesa de trabalho de cada um. Então, pedimos aos integrantes da guilda para virar a câmera e mostrar o ambiente. Foi bem divertido, pois muita gente mostrou seus hobbies e falou um pouco de cada um, sua decoração, sua caneca de café, sua bagunça organizada e seu dia a dia no trabalho.

Imagem de uma escrivaninha com um computador, fone de ouvido, teclado e mouse.
Dinâmica "Como é seu ambiente de trabalho?"

Temas que temos trabalhado

Aqui, vamos trazer dois grandes temas que sempre temos apresentado em nossa guilda de front-end e que abrangem todas as equipes:

  • Design System: a criação de um padrão de componentes, cores, estilizações etc. é necessária para facilitar o desenvolvimento de nossos produtos digitais. Além disso, o DS ajuda a criar uma identidade visual que pode ser facilmente reconhecida pelos usuários. Hoje, estamos criando nossa biblioteca, que será usada por todos, e apresentamos como está o andamento do projeto e quem são as pessoas responsáveis.
  • Acessibilidade: sabendo da importância da acessibilidade e inclusão, buscamos em nossos encontros compartilhar aprendizados e boas práticas que as equipes estão aplicando, apresentando projetos que estão surgindo com foco total acessibilidade e pessoas que estão atuando diretamente com esse assunto. Já fizemos, inclusive, um post aqui no Medium sobre o tema: clique aqui para conferir.

Dificuldades

Percebemos alguns pontos que surgiram enquanto estamos rodando as guildas e que precisam de uma atenção especial.

  • Às vezes, com a correria do dia a dia, fica difícil focar na preparação do encontro da guilda e até mesmo participar no dia. Por isso, está sendo fundamental termos 3 pessoas organizando o encontro para que, na falta de 1, os outros 2 consigam seguir tranquilamente.
  • Nem todas as pessoas que participam da guilda conversam durante o encontro, a maioria entra apenas como ouvinte (e não há problema nisso), mas gostamos quando todo mundo se envolve. Para isso, temos realizado dinâmicas que reforcem a participação dos envolvidos.

Quais os nossos próximos passos?

E claro que, mesmo tendo construído tudo até agora, continuamos pensando em otimizar a qualidade de nossos encontros e conteúdos. Temos os seguintes planos:

  • Implementar métricas: estamos estruturando algumas análises relevantes para nós e para a empresa sobre a Guilda, como quais os conteúdos são os mais requisitados e discutidos, qual a senioridade das pessoas que mais participam (ex.: juniores, plenos, seniores), faixa de idade etc. Isso ainda será definido mais precisamente.
  • Encontrar pessoas de outras empresas que já implementam o formato de Guilda em suas equipes para trocar informações de como nos otimizarmos. Já fazemos hoje em dia, porém, é um plano manter esse contato com outras empresas.
  • Aumentar o engajamento do pessoal, incentivando de alguma forma a se interessarem em apresentar algum tema, mesmo que sejam pequenos desenvolvimento que fizeram, a escrever um artigo aqui no Medium ou em nossa Wiki interna, a fazer um vídeo tutorial de algum conteúdo bacana e outras coisas.

Conclusão

Independente do nome escolhido, sendo Guilda, Chapter, Tribo, Grupo de Estudos etc., o mais importante sempre são as pessoas, pois o feedback e a observação são os instrumentos essenciais para que a Guilda entregue o melhor para a comunidade e para a empresa.

Sabemos que temos muito caminho pela frente, muita coisa nova para implementar, muitos temas novos para aprender, mas hoje em dia nossos encontros quinzenais têm sido muito importantes para o compartilhamento de informações; e o principal: têm ajudado a conhecer as pessoas da empresa que não são da nossa equipe direta, pois com o trabalho remoto, sem aqueles encontros no café, isso se tornou mais difícil.

Além das Guildas, aqui no Grupo temos um encontro chamado TechTalks. Quer saber mais sobre esse conteúdo? Clique aqui e leia o post “TechTalks e a cultura do conhecimento compartilhado”.

O que achou da ideia das nossas Guildas? Comenta aqui ❤️

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Jéssica Neves Machado
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