O CDS — Partido Popular
Assim como a maioria dos partidos políticos portugueses, o CDS — Partido Popular foi fundado no conturbado período imediatamente posterior à Revolução dos Cravos, que em 1974 derrubou o regime ditatorial salazarista, abrindo as portas para a democratização de Portugal.
Originalmente chamada Partido do Centro Democrático e Social (CDS), a sigla nasce com uma ambiguidade ideológica derivada daquele período.
A inspiração para a fundação do CDS era a democracia cristã, movimento político da direita conservadora em praticamente toda a Europa, mas o partido declarava-se de centro.
Isso ocorria porque, no momento pós-revolucionário português, agremiações políticas com um programa nitidamente de direita (na época, identificadas com o salazarismo) foram banidas pelos militares, que, após derrubarem o regime, passaram a cuidar da transição política.
Diante desta situação, o CDS, apesar de se declarar de centro, era o partido mais à direita no espectro político português autorizado pelos militares. Isso fez da sigla alvo de hostilidade. Em um famoso episódio, militantes de extrema-esquerda cercaram o congresso do CDS realizado no Porto em janeiro de 1975.
Nesta situação, o CDS buscou balancear posições de centro e de direita e, em 1977, chegou a integrar uma coalizão governista liderada pelo Partido Socialista. Na sequência, permaneceu no governo, mas aliado ao Partido Social Democrata.
Após a estabilização da democracia portuguesa, o CDS se distinguiu pelo destaque dado à moral cristã, pela rejeição ao socialismo e à intervenção do estado e se fixou como o partido mais à direita de Portugal. Em 1993, a sigla, então comandada por uma nova geração de políticos, passou por uma tentativa de modernização e adotou o nome Partido Popular, mas sem abrir mão da sigla CDS.
Em 2002, vinte anos depois do primeiro acordo com o PSD, o CDS-Partido Popular integrou mais um governo liderado pelos sociais-democratas. A mesma parceria voltaria a ser fechada em 2011, quando Pedro Passos Coelho se tornou o primeiro-ministro e aplicou o duro pacote de medidas de austeridade imposto a Portugal.
Em 2015, o CDS-PP disputou as eleições coligado com o PSD e a lista conjunta terminou em primeiro lugar, com 38,5% dos votos. Tratava-se, no entanto, de um governo minoritário, que acabou derrubado e substituído pela Geringonça Portuguesa.
Atualmente, o partido é presidido pela ex-ministra da Agricultura Assunção Cristas, que tem como uma de suas prioridades atuar para que o CDS-Partido Popular perca a fama de “partido dos ricos e dos patrões” e seja uma “ alternativa de centro-direita ao governo das esquerdas unidas”.