Ilustração de Nicolle Velcro

8 artistas lésbicas para conhecer

Guia Maria Firmina
guiamariafirmina
Published in
5 min readAug 14, 2019

--

O dia 29 de agosto é marcado pelo dia Nacional da Visibilidade Lésbica, desde 1996, quando a data foi criada durante o primeiro Seminário Nacional de Lésbicas. Por isso, este mês é voltado para lembrar a existência e resistência da mulher lésbica, e luta por visibilidade, políticas de saúde pública, contra a lesbofobia e o fim da violência sofrida por essas mulheres.

Além do preconceito sofrido pela orientação sexual, a mulher lésbica também é vítima do machismo que a invisibiliza e ainda objetifica o seu relacionamento com outra mulher, como se as ruas estivessem ali para servir ao desejo de um homem.

O papel do Guia Maria Firmina é celebrar a mulher artista, nesta lista vamos exaltar as artistas lésbicas, falando de 8 artistas que já entrevistamos por aqui.

Foto: Dani Sandrini

Auritha Tabajara

Escritora, contadora de histórias, cordelista e poeta. A autora de 38 anos é apaixonada pela escrita desde os seis, quando aprendeu a ler. Auritha tem três livros publicados. Magistério Indígena em versos e poesia é uma obra didática adotada pela Secretaria de Educação do Ceará e leitura obrigatória em todas as escolas indígenas do estado. Já o cordel Toda luta, a história e a tradição de um povo, fala sobre a história e as tradições do povo Tabajara. O seu último trabalho, o cordel Coração na aldeia e pés no mundo, conta a trajetória da artista: os desafios de ser mulher, os preconceitos enfrentados por ser indígena e lésbica, a separação da aldeia, a vivência na cidade e muito mais. O que motiva a artista a continuar escrevendo é a vontade de assumir o protagonismo de sua própria existência e driblar o machismo e o racismo.

Banda Sapataria

Lesbianismo, punk rock, feminismo e empoderamento é o que define a Sapataria. Apenas esses adjetivos dão conta da potência da banda formada em 2016 por Marina, Dan, Zu e Isa, quatro mulheres lésbicas que, influenciadas pelos movimentos Riot Grrrl e Hardcore, cantam e gritam sobre suas vivências enquanto mulheres que amam outras mulheres.

Foto: Marina Ciccone

Cassandra Rios

Precursora da literatura erótica e lésbica no Brasil. Em plena ditadura, escrevia cenas amorosas explícitas entre mulheres e também retratava os preconceitos que sofria. Seu livro de estreia foi “A Volúpia do Pecado”, chegando a vender mais de 300 mil exemplares. Foi a primeira a falar abertamente sobre a vivência das lésbicas no Brasil, sofrendo muita censura e perseguição durante o regime militar. Suas principais obras são “Copacabana Posto 6 — A Madrasta” (1972) e “Eu Sou Uma Lésbica” (1979).

Foto: Folhapress
Foto: Elaine Campos

Cidinha da Silva

Formada em História pela Universidade Federal de Minas Gerais, publicou artigos acadêmicos sobre relações raciais e de gênero, mas só em 2006 iniciou sua carreira na literatura. De lá pra cá foram 13 livros publicados: oito de crônicas; três infanto-juvenis; um de poemas; e um de contos. Para Cidinha, os desafios que enfrenta por ser mulher, negra e lésbica são os mesmos enfrentados por aquelas que não estão no campo da literatura. Muitas vezes, diz ela, são até amenizados, justamente por ser artista.

Mariana Pacor

Arte-educadora, pesquisadora de arte, poeta e carioca. Formada em Artes Visuais pela Unesp, Mariana começou a desenhar quando pequena — sem saber ao certo com qual idade -, e nunca mais parou. Já seus primeiros poemas vieram antes da puberdade, quando teve sua primeira paixão. Depois disso, vieram aulas de violão e de piano, e Mariana foi crescendo junto com as artes. Ela conta que esse seu anseio veio da necessidade de falar, de pôr pra fora coisas que tinha e tem dentro de si. E quando questionada sobre qual seu significado particular para a arte, diz que “arte significa silêncio; significa poder significar qualquer coisa; significa poder dizer sem dizer de fato; significa dizer só pra quem você sabe que entenderá”. A maior parte da produção de Mariana é em cerâmica.

Foto: Acervo da artista

Rita Moreira

Rita Moreira é conhecida por seus vídeos documentais e militantes. Em 1972, quando o movimento LGBT e a segunda onda feminista — articulado principalmente por mulheres lésbicas — eram assunto nas ruas de Nova York , que duas brasileiras com o primeiro modelo de câmera portátil produzida pela Sony em mãos perguntavam o que homens, mulheres e estudiosos achavam sobres o lesbianismo e a maternidade de mulheres lésbicas. Assim surgiu um dos primeiros (ou talvez o primeiro) vídeos documentários independentes feito por brasileiras. As pioneiras foram Rita Moreira e sua parceira Norma Pontes.

Foto: Marcos Alves

Ryane Leão

Ryane não é uma poeta que escreve para si, mas para todas as mulheres infinitas, e acredita que a poesia é um meio de troca que ensina sobre cura, amor, luta e mais uma porção de coisas. Para essa troca existir a autora conta com a identificação, por acreditar que a partir dela temos certeza que não estamos mais sozinhas. Em busca da sua própria identificação com o mundo literário, ela faz acontecer em seu livro tudo que não vê em outros, como os poemas de amor lésbico.

Thalita Coelho

Começou a escrever quando tinha apenas 11 anos. Os poemas foram a sua porta de entrada, passou pela prosa e, ao se assumir lésbica, voltou para a poesia. Thalita Coelho, autora do livro Terra Molhada, professora de português e doutoranda em Teoria Literária pela UFSC vê no seu trabalho uma forma de dar maior visibilidade à produção lésbica e feminina na literatura. Para ela, trata-se de uma forma de reverter aquilo que se enxerga como padrão na literatura. O apagamento de mulheres no setor fica claro quando avaliamos quem são as pessoas que ganham destaque nesse meio: homens, brancos, heterossexuais e de classe média.

Foto: Micaela Torres

Extra: para frequentar em São Paulo

Clube Lesbos

Com o objetivo de fortalecer o trabalho de mulheres lésbicas e bissexuais, o clube Lesbos se propõe a fazer reuniões mensais que discutem um livro, um filme ou uma série com personagens (ou autoras) lésbicas. Os temas das leituras são variados e os encontros são divulgados na página do facebook.

--

--

Guia Maria Firmina
guiamariafirmina

Projeto criado para divulgar o trabalho de mulheres artistas. Por Taís Cruz e Victória Durães