Conheça o maior mistério da Europa: O Incidente de Dyatlov Pass

Millena Borges
Inconclusivo
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14 min readJan 1, 2020
Câmera de Thibeaux-Brignolles: Lyudmila Dubinina, Slobodin, Zolotaryov e Thibeaux-Brignolle

O mês de fevereiro de 1959 marca um dos maiores mistérios do século XX. Foram encontrados os corpos de um grupo de nove esquiadores profissionais na montanha Kholat Syakhl, Rússia (na época, União Soviética). Os corpos possuíam diversos ferimentos violentos. Em alguns corpos, órgãos como olhos e língua jamais foram encontrados. O caso possui tantas inconsistências que reuni mais de 70 teorias que tentam explicar o que pode ter acontecido.

Liderado por Igor Dyatlov, de 23 anos, estudantes do antigo Instituto Politécnico dos Urais (atual Universidade Técnica de Ecaterimburgo), iniciavam uma excursão de 14 dias até a Montanha Otorten, 10 km ao norte do incidente. Entre eles estavam Yuri Doroshenko, 21 anos; Lyudmila Dubinina, 20 anos; Yuri Krivonischenko, 20 anos; Aleksander Kolevatov, 24 anos; Zinaida Kolmogorova, 24 anos; Rustem Slobodin, 23 anos; Nikolay Thibeaux-Brignolle, 23 anos; Semyon Zolotaryov, 38 anos e Yuri Yudin, 21 anos.

Câmera de Krivonischenko: Doroshenko, Yudin, Dyatlov, Kolmogorova, Thibeaux-Brignolle, Dubinina, Zolotaryov, Slobodin a caminho de Vizhay 26/01/1959

Embora fosse uma expedição de extrema dificuldade devido às condições climáticas (as temperaturas podiam chegar a -40º C, com ventos de mais de 100 km/h), todos os esquiadores possuíam experiência e estavam familiarizados com tais variáveis.

O grupo iniciou a rota no dia 25 de janeiro, quando chegaram à cidade de Ivdel de trem, e seguiram para Vizhay de caminhão. No dia 27, iniciaram a caminhada para Otorten. No entanto, no dia seguinte, Yuri Yudin ficou doente e decidiu retornar. Yudin foi o único sobrevivente.

A escalada iniciou-se em 31 de janeiro e, com apenas um dia de expedição, o grupo já havia atravessado o Passo Dyatlov (local batizado em homenagem a Igor Dyatlov). Naquele dia, foi montado acampamento em Kholat Syakhl, a 16 km da Montanha Otorten. A área escolhida foi inesperada. Kholat Syakhl não fazia parte da rota do grupo e, além disso, o local era muito distante da floresta, onde eles estariam menos expostos e teriam lenha para o forno. No entanto, para aquele tipo de expedição, era possível que eles precisassem ficar algumas noites sem a possibilidade de se aquecer.

O grupo tinha uma previsão de retorno para Vizhay no dia 12 de fevereiro, com isso, seus pais esperavam mensagens sobre a expedição por volta desta data. Mas o grupo nunca retornou. Sem notícias, os familiares exigiram uma equipe de resgate.

Câmera de Krivonischenko: Dubinina, Krivonishchenko, Thibeaux-Brignolle e Slobodin

Formado por professores e estudantes voluntários, a equipe chegou ao local no dia 26 de fevereiro, onde encontraram a barraca do grupo rasgada de dentro para fora. Os primeiros dois corpos, de Yuri Doroshenko e Yuri Krivonischenko, foram encontrados a 1.500 metros da barraca, próximo à uma árvore. Ambos vestiam apenas roupas íntimas. Krivonischenko apresentava uma hemorragia no tecido mole na região ocipital do crânio (região posterior).

Ainda, galhos nas árvores estavam quebrados. A investigação encontrou traços de pele na madeira, indicando que eles haviam tentado a escalar. Além disso, a parte da frente de seus corpos tinha livor mortis (mudança de coloração que indica a posição original do corpo), sugerindo que os corpos foram mudados de posição após a morte. A causa da morte determinada pelo médico legista do caso foi de hipotermia.

No dia seguinte, entre as árvores e o acampamento, foram encontrados os corpos de Igor Dyatlov e Zinaida Kolmogorova. Seis dias depois, o de Rustem Slobodin. A causa da morte definida pela perícia também foi de hipotermia. Slobodin apresentava uma fratura do crânio, mas ela não foi determinada como fatal. Kolmogorova possuía um hematoma longo na lombar que também não era considerado fatal, e Dyatlov apresentava hematomas nos dedos que indicavam que houve tentativa de defesa.

Foram necessários 2 meses para que encontrassem os quatro corpos restantes. Estes estavam abaixo de 4 metros de neve, a 75 metros de distância da floresta. Lyudmila Dubinina, Semyon Zolotaryov, Aleksander Kolevatov e Nikolay Thibeaux-Brignolles estavam bem agasalhados, além de estarem usando as roupas de Doroshenko e Krivonischenko, previamente encontrados seminus. Três corpos possuíam fraturas fatais.

Lyudmila vestia um casaco que pertencia a Krivonischenko. Em análises realizadas após a descoberta dos corpos, foi encontrado níveis significantes de radioatividade na vestimenta. Seu corpo possuía 10 costelas quebradas. Ainda, Dubinina foi encontrada sem a língua e os olhos. Zolotaryov tinha uma fratura no crânio e 5 costelas quebradas. Ele também foi encontrado com cavidade ocular vazia.

Kolevatov vestia calças que também foram testadas radioativas. Outras feridas, também encontradas nos corpos de todos os outros oito excursionistas, aparentavam ser devido a exposição ao clima. Thibeaux-Brignolles possuía múltiplas fraturas no crânio. Segundo o especialista forense responsável pelo caso, Boris Vozrozhdenny, o trauma lhe causou concussão severa, com possibilidades nulas de sobrevivência após 3 horas do ferimento.

Vozrozhdenny também declarou que as fraturas encontradas nos últimos corpos não poderiam ser causadas por humanos. Ele, ainda, comparou a violência dos traumas com a de um acidente de carro. “Eu não acredito que esses traumas podem ter sido resultado de uma simples queda de Thibeaux-Brignolle. A extensão e profundidade da fratura poderia ter sido o resultado de um impacto automobilístico em alta velocidade”.

Trecho do interrogatório do especialista forense do Departamento de Investigação Forense Regional, Boris Vozrozhdenny, liderado pelo Promotor de Justiça da região de Sverdlovsk, Lev Ivanov, em 28 de maio de 1959, sobre as fraturas de Dubinina e Zolotaryov:

“Ambos tiveram hemorragia no músculo cardíaco com hemorragia na cavidade pleural, o que é uma prova de que eles estão vivos [quando feridos] e é o resultado da ação de uma grande força, semelhante ao exemplo usado por Thibeaux-Brignolle. Essas feridas, especialmente aparecendo de maneira que não danifique os tecidos moles do peito, são muito semelhantes ao tipo de trauma que resulta da onda de choque de uma bomba”.

Exceto Zolotaryov e Thibeaux-Brignolle, todos os excursionistas estavam despreparados para o clima. Sete deles deixaram a tenda apenas de meia, com poucas camadas de roupa. Ainda assim, conseguiram percorrer mais de 1km de distância do acampamento, mesmo com as péssimas condições climáticas.

Yuri Yudin foi um grande auxiliar durante as investigações. O excursionista ajudou a identificar alguns dos itens encontrados, ainda que outros permaneceram inconclusivos, como alguns esquis, óculos e um pedaço de pano, o qual Yudin acreditou ser de origem militar. Tal testemunho levantou teorias de que os corpos foram encontrados antes da equipe de resgate.

O caso foi fechado no dia 28 de maio sem solução. Desde então surgiram muitas teorias sobre o que poderia ter causado a morte daqueles jovens. De forças sobrenaturais à ação de homens, algumas delas possuem argumentos pertinentes.

Teoria 1 — Avalanche

Câmera de Krivonischenko: O grupo caminhava para Kholat Syakhl 01/02/1959

A ideia de que pode ter ocorrido uma avalanche pode explicar a hipotermia e porque alguns corpos foram encontrados sem roupas, visto que isso é uma reação a redução de temperatura corporal chamada desnudamento paradoxal. Uma pessoa com hipotermia severa sente o corpo arder, como se estivesse em chamas, e tenta aliviar a sensação retirando as roupas. Entretanto, a teoria não explica os traços de radiação encontrados, nem porque Dubinina foi encontrada sem a língua e olhos.

Pelas informações divulgadas sobre o caso, o mais provável de ter acontecido não foi um desnudamento paradoxal, mas que Yuri Doroshenko e Yuri Krivonischenko morreram antes de Lyudmila Dubinina, Semyon Zolotaryov, Aleksander Kolevatov e Nikolay Thibeaux-Brignolle e, como forma de se aquecerem, tiraram as roupas dos corpos dos amigos, antes de prosseguirem sua fuga. Essa teoria também explicaria porque seus corpos possuíam livor mortis.

Apesar disso, a área não é propensa a avalanches. Isso não descredita a possibilidade de ter acontecido uma pequena avalanche, pois é possível que uma camada de neve tenha deslizado e soterrado o grupo. Em adição a isso, durante o tempo que foi necessário para encontrar os corpos, os fortes ventos da região poderiam ter apagado as evidências de um fenômeno meteorológico, especialmente um de pequena proporção.

Acredita-se que as condições climáticas estavam de fato desfavoráveis, visto que não fazia parte da rota do grupo montar uma tenda em Kholat Syakhl. É possível que, com a névoa, os esquiadores tenham perdido o sentido de direção e, ao perceberem o erro, decidiram parar e aguardar um clima um pouco melhor para fazer o retorno. Sobre essa teoria, Yudin comentou que “Dyatlov provavelmente não queria perder a altitude que eles haviam ganhado, ou ele decidiu praticar acampamento em uma encosta”.

Teoria 2— Tribo Mansi

Slobodin observando as marcas Mansi nas árvores

Uma outra teoria sugere que o incidente foi causado por um ataque dos Mansis. A tribo Mansi é um grupo étnico que habita a região de Tyumen e que costuma acampar na Montanha Kholat Syakhl. Algumas evidências que solidificam tal teoria:

  1. Havia uma tenda Mansi (chum) ao nordeste de onde o grupo havia levantado acampamento no dia 30 de janeiro. Uma trilha que levava até a tenda localizava-se a 60 metros de onde os excursionistas estavam.
  2. Os Mansis são familiarizados com a área e possuem habilidades de caça e, potencialmente, saberiam como esconder seus rastros.

Entretanto, os corpos foram encontrados longe da área sagrada da tribo, o que torna incoerente tal ação, além de que os Mansi sempre tiveram uma relação amigável com os russos. Ainda, nenhum crime ocorreu na área durante as 3 décadas anteriores e, sendo as montanhas de acesso livre, não existia motivação para tal.

Teoria 3— Aliens

Câmera de Thibeaux-Brignolle: Figura fora de foco

Devido a quantidade de evidências sem explicação, algumas pessoas recorreram à respostas no desconhecido. Muitos atribuíram a morte do grupo ao Yeti ou à aliens e utilizam a imagem como prova, mas a trilha a frente mostra que foi uma foto encenada. A teoria de que o incidente foi causado por forças sobrenaturais é suportada pelo fato de que, naquele mesmo mês, alguns moradores relataram esferas brilhantes no céu.

Durante as investigações, não somente a tribo Mansi testemunhou luzes no céu no período das mortes, como a equipe de resgate. Um deles, Boris Sychev, deu uma entrevista sobre o assunto em 2019 para o jornal russo, Komsomolskaya Pravda.

Sychev comentou: “Nós vimos uma bola de fogo flutuando no céu próximo da passagem (Passo Dyatlov). Era similar a um disco lunar, mas não era a lua. Essa bola de fogo era maior em diâmetro. Ela saiu do Passo e flutuou para longe da gente, e desapareceu no horizonte. Ficamos perplexos”.

Lev Ivanov, responsável pela investigação do incidente, também declarou que algumas árvores na floresta estavam queimadas, criando a possibilidade de um ataque aéreo. Além disso, o trauma inumano e a radioatividade fomentam a teoria.

Ivanov que, inicialmente aparentava bastante interessado no caso, o fechou por pressão de seus superiores, e não fez mais declarações sobre o incidente durante a época. Apenas em 1990, Ivanov deu uma entrevista a qual revelou ter sido forçado por membro do Congresso Soviético a não utilizar possíveis referências a objetos não identificados, como os desenhos de esferas voadoras desenhados pela tribo Mansi.

Teoria 4— Teste Soviético de Mísseis ou Experimento de Armamento Militar

Câmera danificada de Zolotaryov: A interpretação de teoristas é de que a imagem mostra uma luz intensa acima de três pessoas do grupo. Muitos acreditam que as imagens da câmera apresentam informações importante, principalmente porque 9 frames nunca foram encontradas

Essa teoria explicaria a força inumana que causou os traumas fatais nos quatro últimos corpos encontrados, além da radiação encontrada nas roupas. Ainda, as luzes brilhantes que algumas pessoas testemunharam também são argumentos dessa teoria. Porém, o que de fato faz teoristas acreditarem nela é o período em que o incidente aconteceu.

Além da URSS ser líder em produção de armas, o incidente ocorreu em plena Guerra Fria, o que favorece a possibilidade de experimentos. Apesar disso, não havia evidências de explosão ou de lançamento de mísseis na área no período de 1 a 2 de fevereiro.

Vladimir Korotaev, que investigou algumas teorias, comentou: “Muitos anos depois, eu conversei com alguns cientistas do círculo do Korolyov (principal projetista de foguetes e aeronaves durante a corrida espacial entre a URSS e os EUA durante os anos 1950 e 1960), o escritório do acadêmico Rauschenbach (projetista de foguetes), para ser exato. Foi sugerido a mim que, aparentemente, haviam alguns testes sendo feito”.

Apesar de não haver evidências concretas, haviam rumores de um campo de treinamento secreto próximo ao local do acidente desde o início das buscas. Os moradores da região comentaram haver lendas de reuniões de patrulhas militares no meio da floresta, buracos nas encostas seladas com concreto e sons de trem vindo do chão, na floresta.

Teoria 5 — Espionagem

Câmera de Thibeaux-Brignolle: Zolotaryov a frente, Doroshenko e Dyatlov no fundo

Essa teoria foi apresentada pelo autor do livro “Dyatlov Pass”, Alexei Rakitin, que acreditava que Semyon Zolotaryov e Yuri Krivonischenko eram agentes da KGB em uma missão para desmascarar uma célula de agentes da CIA e fotografar os espiões. Acredita-se que algo deu errado, e o grupo foi morto pelos americanos. A KGB (Comitê de Segurança do Estado) foi a maior organização de serviços secretos da União Soviética que operou de 1954 até 1991.

Alguns detalhes sobre essa teoria:

  1. Semyon Zolotaryov decidiu participar da expedição de última hora. Ele era um veterano com anos de experiência, que trabalhou para o Ministério do Interior da URSS, chamado NKVD (Comissariado do Povo para Assuntos Internos), que desempenhava funções policiais e de segurança, assim como controlava os serviços secretos.
  2. Antes de ser transferido para o Instituto Politécnico dos Urais, Zolotaryov trabalhou em Moscou, como assistente de laboratório em uma instalação cientifica ultra-secreta. Um instituto nuclear sem nome, conhecido como “PO Box 3394”.
  3. Yuri Krivonischenko também trabalhou em um instituto nuclear, conhecido como “PO Box 404/10”.

Há mais de 70 teorias que comprovam o quão enigmático essa história é. Diversas inconsistências somam ao caso e dificultam que este seja resolvido. O jornalista Anatoly Guschin estudou os documentos oficiais e reportou a falta de diversas páginas, além de um envelope que era marcado como evidência. Também foi noticiado a morte de diversos animais na área durante as buscas e, pelo período de quatro anos, a caça e o uso da água da região era proibida pelo governo soviético.

O canal Discovery UK exibiu no ano de 2019 o programa Expedition Unknown, onde o arqueólogo Josh Gates investigou o caso. Novos documentos, datados na semana anterior à chegada da equipe de resgate, criaram mais dúvidas, pois sugeriam que as autoridades já sabiam das mortes. Um deles, escrito por um dos investigadores do caso, com data no dia 15 de fevereiro de 1959, reconhece a morte do grupo e anuncia a viagem até o local para início das investigações. Entretanto, anúncios oficiais datavam que os primeiros corpos só foram encontrados no dia 26 de fevereiro.

Kizilov Gennadiy Ivanovich, um jornalista de Ecaterimburgo, acredita que o grupo havia testemunhado algum teste ou experimento secreto e foi morto pelos militares. Ivanovich acredita que a operação de resgate foi uma farsa e que, antes da chegada dos voluntários, militares estiveram no local para montar o cenário que seria, futuramente, descoberto pela equipe de resgate. Acredita-se que, além dos corpos, a tenda também foi movida de lugar e, por isso, ela foi encontrada em uma área incomum para um grupo de esquiadores profissionais.

Análise atualizada das autópsias

Dyatlov (abaixado), Zolotaryov, Dubinina e Krivonischenko

Eduard Tumanov, professor de medicina forense na Universidade Nacional de Pesquisa Médica da Rússia, foi entrevistado para a agência de notícias Ruptly em 2019, e fez algumas declarações pertinentes sobre as autópsias.

Rustem Slobodin, que possuía uma fratura no crânio, foi encontrado em uma superfície plana. Tumanov explicou que apenas a neve não poderia ter causado tal fratura. Uma encosta seria uma opção mais provável pois, além da presença de pedras, a área é coberta por pouca neve. “Alguém o atingiu com um objeto e depois o levou embora [o objeto]. Nós só podemos assumir que o objeto era pesado e plano”, constatou.

Sobre Igor Dyatlov, as análises são surpreendentes. Nas conclusões feitas em 1959, temos: “Há abrasões de cor marrom-avermelhada na área da articulação do tornozelo esquerdo, na superfície anterior e posterior, e na área de ambos os tornozelos, impressos acima da superfície da pele, assim como na pele. 1 por 0,5 cm a 3 por 2,5 cm em tamanho, com sangramento no tecido mole. Uma incisão é visível na área das abrasões no terço inferior da canela direita, conhecido como sedimentação da pele.”

Esse tipo de escoriação aparece quando a pessoa ainda está viva, é um sinal de hemorragia na área. Tumanov afirma: “Essas abrasões foram causadas pelas pernas estarem atadas à algo. Elas estavam algemadas ou amarradas à algum tipo de corda. Cordas costumam ficar geladas no frio e ficam duras”. O doutor também comentou as feridas na articulação metacarpofalangiana, que significam que Dyatlov socou algo ou alguém. Além disso, uma ferida de 0.1cm de profundidade na palma da mão indicava que ele segurava um objeto afiado.

Sobre Yuri Krivonischenko, seu terceiro dedo faltava um fragmento de pele que foi encontrado em sua boca, sendo assim, assume-se que ele mordeu a pele segundos antes de morrer. Ele também apresentava queimaduras nas pernas, estas mais graves na região dos tornozelos, e menos severas nas coxas. “A distribuição das queimaduras indica que as pernas estavam na vertical quando as chamas as queimaram […] Podemos assumir que ele estava em pé, com as pernas abertas. Um pé no fogo, o outro distante. Por quanto tempo uma pessoa pode ficar em pé no fogo? Até o osso começar a queimar? Mesmo em casos de hipotermia, a pessoa também teria saído. Então, ele foi segurado a força”, concluiu Tumanov.

“Pode-se assumir que eles foram atacados por alguém que não tinha armas ou objetos afiados, pelo menos, eles não foram utilizados. E todo o dano foi causado por um objeto sólido e não-afiado”, acrescentou.

Câmera de Slobodin: Zolotaryov, Doroshenko, Kolevatov (atrás), Kolmogorova, Dubinina, Krivonischenko (de costas), Thibeaux-Brignolle e Dyatlov

Algumas das situações inexplicadas, futuramente se tornaram mais compreensíveis. Por exemplo, dois dos excursionistas, Kolevatov e Krivonischenko, trabalharam em institutos nucleares, o que pode explicar porque foi encontrado traços de radiação em suas roupas. Quanto aos corpos que foram encontrados sem a língua e os olhos, é importante reconhecer que eles já estavam em alto estado de decomposição, visto que foram encontrados 2 meses após o início das investigações. A língua e os olhos desaparecidos podem ter sido ação de bactérias decompositoras e animais que habitam a região.

Contudo, outras questões permanecem sem respostas. Por que excursionistas experientes montariam acampamento numa área tão irregular, com ventos imprevisíveis e fortes? Por que havia sinais de luta no corpo de Dyatlov? Estaria o governo soviético encobrindo algum crime? É possível que um grupo de nove esquiadores experientes tenha tido hipotermia ao mesmo tempo?

Essas e outras perguntas mantém o status de não solucionado do incidente. Buscando utilizar atuais tecnologias para solucionar o caso, ele foi reaberto no marco de 60 anos do acontecimento, em 2019, mas permanece sem novas atualizações. Curiosos e teoristas esperam que isso possa, finalmente, trazer uma solução para a breve e triste história dos jovens esquiadores.

O caso foi anunciado encerrado em 11 de julho de 2020. A teoria oficial é de que as mortes foram causadas por hipotermia. Leia aqui sobre as conclusões da investigação.

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Millena Borges
Inconclusivo

Entusiasta de sad songs, vegetariana, apaixonada por pets, livros, música e moda. Escrevia sobre unsolved mysteries, hoje escrevo sobre qualquer outra coisa