Rússia conclui mistério do incidente de Dyatlov Pass

A família dos esquiadores rejeita a teoria do promotor e permanece em busca de respostas

Millena Borges
Inconclusivo
4 min readJul 18, 2020

--

O grupo Dyatlov em um caminhão a caminho da excursão pela montanha Kholat.
Câmera de Krivonischenko: Doroshenko, Yudin, Dyatlov, Kolmogorova, Thibeaux-Brignolle, Dubinina, Zolotaryov, Slobodin a caminho de Vizhay em 26/01/1959

Após 61 anos de mistério e mais de 70 teorias que tentam explicar o que aconteceu na noite de 2 de fevereiro de 1959, as autoridades russa fecharam o caso com uma conclusão: hipotermia. O caso foi reaberto em 2019, no marco de 60 anos do incidente, em busca de explicações para um dos maiores mistérios da Europa.

Entre os dias 26 de fevereiro e 5 de maio de 1959 foram encontrados os corpos de nove esquiadores profissionais que haviam feito uma excursão pela montanha Kholat Syakhl, na Rússia. O caso foi encerrado no dia 28 de maio sem conclusão.

Liderado por Igor Dyatlov, de 23 anos, o grupo era formado por Yuri Doroshenko, 21 anos, Lyudmila Dubinina, 20 anos, Yuri Krivonischenko, 20 anos, Aleksander Kolevatov, 24 anos, Zinaida Kolmogorova, 24 anos, Rustem Slobodin, 23 anos, Nikolay Thibeaux-Brignolle, 23 anos e Semyon Zolotaryov, 38 anos.

Leia mais sobre o caso, análise das autópsias e teorias aqui.

O centro de imprensa da Komsomolskaya Pravda discutiu a versão com a promotoria de Sverdlovsk - Fotografia: MIKHAIL FROLOV

Após reconstituição dos passos dos esquiadores com auxilio de especialistas behavioristas, foi determinado que a morte foi devido a hipotermia e condições climáticas extremas. O promotor do caso Andrei Kuryakov declarou que os estudantes deixaram as tendas para se proteger de uma avalanche. Kuryakov acredita que, após a morte de Yuri Krivonischenko e Yuri Doroshenko, o restante do grupo decidiu retornar à tenda.

Devido a falta de visibilidade, não conseguiram enxergar a tenda ao retornarem. Com as temperaturas chegando a -45ºC, o grupo sucumbiu a hipotermia.

Localização dos corpos — Créditos: dyatlovpass.com

O QUE ACONTECEU?

O passo a passo recriado pela investigação foi divulgado pelo jornal russo Komsomolskaya Pravda. Clique aqui para ler na publicação original.

Após montarem a tenda no topo de Kholat Syakhl, o grupo adentrou o local para trocar as roupas molhadas por roupas secas e preparar o jantar. Acredita-se que Nikolay Thibeaux-Brignolle e Semyon Zolotaryov reconheciam o risco de avalanche e, por isso, preferiram não se trocar. Seus corpos estavam bem vestidos quando foram encontrados.

Zolotaryov pode ouvir o som de uma avalanche e avisou o grupo que cortou a tenda com uma faca para fugir. De acordo com a doutora em ciências geográficas, Galina Pigoltsina, o índice de resfriamento (temperatura sentida pela pele exposta, devido a uma combinação entre a temperatura do ar e a velocidade do vento) era -30ºC, o que significa que havia possibilidade de congelamento em 30 minutos ou menos. O índice caiu mais ainda com o passar da noite, diminuindo as chances de sobrevivência do grupo.

Créditos: Wikipedia

Para não congelarem, o grupo decidiu fazer uma fogueira onde os corpos de Doroshenko e Krivonischenko foram, mais tarde, encontrados. Devido a cobertura de neve, os dois tiveram que escalar a árvore em busca de galhos para a fogueira, gastando o resto de suas energias. A promotoria acredita que eles foram os primeiros a morrer.

Os amigos retiraram as roupas dos mortos, vestiram-nas e retornaram para a tenda. A visibilidade era de apenas 16 metros e o índice de resfriamento era de -46ºC. O grupo não poderia ter sobrevivido nessas condições.

Lyudmila Dubinina e Semyon Zolotaryov, no entanto, apresentavam fraturas que não eram explicadas pela teoria de hipotermia. De acordo com a examinação forense, uma queda de neve de 3 metros de altura foi a causa das fraturas nas costelas. Exceto Lyudmila e Zolotaryov, o grupo morreu de hipotermia.

Os familiares dos esquiadores rejeitaram a teoria oficial. O advogado das famílias, Yevgeny Chernousov, contou que eles acreditam que houve uma explosão ou queda de parte de um foguete. O grupo não conseguiu respirar com a mistura dos gases do combustível e, em pânico, fugiram do local, congelando até a morte.

Chernousov disse que a família estava pronta para a exumação dos corpos para estabelecer a causa das mortes e que jamais concordarão com a conclusão oficial. “Acredite em mim, se não tivéssemos evidências, não nos comportaríamos assim”, comentou o advogado, reporta o Daily Mail.

Komsomolskaya Pravda divulgou que a teoria do foguete não foi descartada. Um lançamento ocorreu no dia 2 de fevereiro na base de lançamento de Kapustin Yar. Houve um acidente durante o lançamento, mas as informações sobre ele não são públicas.

De acordo com as investigações, o foguete voou para uma direção contrária à do grupo e caiu próximo a cidade de Emba, à 1.500 km de distância do incidente.

--

--

Millena Borges
Inconclusivo

Entusiasta de sad songs, vegetariana, apaixonada por pets, livros, música e moda. Escrevia sobre unsolved mysteries, hoje escrevo sobre qualquer outra coisa