Como saber se um escritor é introvertido ou extrovertido?
Aqui no Introverso eu falo muito sobre introversão e extroversão em situações presenciais. Mas e nos textos, como fazer uma avaliação sobre o autor?
O Introverso tem sua referência bibliográfica, um compilado de livros que eu li e consulto frequentemente para embasar meus textos. Confira a referência no final deste texto.
Quando queremos saber se um escritor é introvertido ou extrovertido, devemos considerar características que possam estar presentes na escrita.
Extrovertidos:
pensam de modo objetivo;
trabalham bem com dados e precisam inseri-los em seus textos para validá-los;
relacionam-se com o objeto;
compartilham relatos de terceiros.
Como extrovertidos escrevem:
Em ambientes públicos;
Com pessoas ao lado;
Com estímulos de fundo.
Assim temos alguma base para descobrir: o texto do extrovertido irá descrever o objeto, isento de interpretações e sensações transmitidas ao sujeito. Poderá conter relatos de outras pessoas e dados, muitos deles. O extrovertido tende a viver a experiência e relatá-la fielmente, sem inserir suas interpretações e sensações. O desenvolvimento do seu relato é puramente objetivo. Suas formas de escrever são em segunda e terceira pessoa, contendo passo-a-passo, citações inalteradas de livros e demais referências, descrições fiéis e relatos. Tendem a dar uma sequência linear ao texto, às vezes não se aprofundando no tema.
A segunda pessoa do extrovertido é isenta de suas características. Você dificilmente consegue compreender o autor porque ele não costuma se inserir no texto.
Se fossem escrever em primeira pessoa, seria: eu ouvi, eu vi, eu conversei, eu apresentei, eu participei, eu interagi, eu vivi, eu constatei, eu verifiquei, eu contei a alguém, me contaram.
Introvertidos:
pensam de modo subjetivo;
trabalham com a interpretação dos dados;
relacionam-se com a sensação transmitida pelo objeto;
compartilham seus próprios relatos ou suas interpretações sobre o relato de terceiros.
Como introvertidos escrevem:
Em ambientes reservados;
Sozinhos;
Isentos de estímulos.
Já o texto do introvertido é o extremo oposto: irá descrever o subjetivo, repleto de interpretações e descrições de suas sensações e intuições acerca do objeto. Os dados, se houver algum, serão todos interpretados. O introvertido vive a experiência, faz sua análise subjetiva e então a compartilha. O desenvolvimento do seu relato é em primeira pessoa, comumente abordando instruções, interpretações e reflexões.
O introvertido sempre irá escrever em primeira pessoa, seja utilizando eu, tu, eles, nós, vós e eles. rs — Quero dizer, sempre haverá um pouco do autor ainda que ele esteja escrevendo em segunda ou terceira pessoa. Tendem a pegar um subtema e explorá-lo profundamente, às vezes perdendo o foco do texto.
Se fossem escrever em primeira pessoa, seria: eu observei, eu li, eu compreendi, eu imaginei, eu pensei, eu senti, eu me questionei, eu perguntei a alguém, me perguntaram, eu entendi que.
Este esquema não é uma regra. É uma base para que possamos avaliar nossos autores preferidos e descobrir se eles são ou não introvertidos.
Sob o risco de ser repetitiva, enfatizo que introvertidos diferem entre si. Por isso para utilizar esse esquema é preciso levar em consideração tais diferenças. Às vezes o apreço por dados e objetividade não torna o sujeito extrovertido. A época e cultura do autor também difere em suas características. Nichos literários e público-alvo também podem moldar a escrita do autor. Esteja atento ao fazer sua avaliação.
Referência:
O Poder dos Quietos, Susan Cain;
Tipos Psicológicos, Carl G. Jung;
Comunicação nã0-violenta, Marshall Rosenberg;
The Highly Sensitive Person, Elaine Aron;
https://medium.com/introverso/5-livros-para-introvertidos-6dcb6b03a6a5