Inovação tecnológica: colocando em prática

Carolina Guimarães
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8 min readJan 11, 2021

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12 práticas para projetos de inovação em três etapas

Inovar é encontrar uma nova maneira de resolver um problema. Muito mais do que pensar fora da caixa, é um processo estruturado de combinar, recombinar, descartar, destilar e evoluir ideias para transformá-las em ações. Felizmente, existem ferramentas, métodos e etapas que podem ser seguidos para guiar esse processo.

No dia nacional da inovação, conversamos sobre o que é inovação e algumas dicas sobre como começar. Agora, vamos entrar em detalhes sobre as etapas de um projeto de inovação e quais práticas podemos usar em cada uma.

O conteúdo abordará os seguintes tópicos:

  • As três macro etapas de projetos de inovação
  • Desk research
  • Benchmarking
  • Netnografia
  • Entrevistas com stakeholders
  • Pesquisa quantitativa
  • Entrevistas em profundidade
  • Discovery groups
  • Vivências
  • Shadowing
  • Design Sprint
  • Lean Inception
  • Workshops

Continue a leitura e confira!

As três macro etapas de projetos de inovação

Existem diversas maneiras de se iniciar um projeto de inovação. Quando pensamos nos fundamentos da cocriação, é fundamental usarmos uma triangulação de métodos que possibilite agregar inputs e percepções do usuário para solucionar o desafio do projeto. Dessa maneira, proponho aqui uma divisão de metodologias em três macro etapas. Mas é importante destacar que esta é uma abordagem dentro de um universo de possibilidades — e isso que faz da inovação um processo tão incrível.

Etapa 1: olhar para dentro, entender o desafio e o contexto em que ele se insere.

Olhar para dentro é mergulhar no desafio, seu contexto, o cenário do mercado e dados já existentes. Todo projeto de inovação é guiado por um objetivo ou desafio. Seja um novo produto, a melhoria de um processo ou até a construção de um serviço. Dessa maneira, quando iniciamos um projeto, é importante nos ambientarmos no contexto em que o desafio se insere. Esta etapa inicial conta com quatro métodos principais: desk research, benchmarking, netnografia e entrevistas com stakeholders. A combinação entre estes métodos depende do objetivo do projeto, sendo que a triangulação entre eles possibilita uma compreensão de contexto mais abrangente.

Etapa 02: olhar para fora, entender o usuário, seus comportamentos, dores e necessidades, para validar hipóteses, gerar ideias e desafiar pressuposições.

Olhar para fora significa explorar o possível adjacente, buscando novos horizontes e dados. Após entendermos o cenário de mercado em que o desafio se insere, mapearmos as o contexto atual da empresa e expectativas de visão de futuro, partimos para a etapa de pesquisa de campo. Esta etapa tem o objetivo de levantar dados, mapear comportamentos, compreender cenários e colher insights que possam ajudar na construção de soluções para o desafio do projeto.

Sendo assim, ela depende fundamentalmente de inputs dos usuários (ou possíveis usuários) do produto, processo ou serviço. Existem diversos métodos que podemos usar nesta etapa. Neste texto vamos abordar: pesquisa quantitativa, entrevistas em profundidade, vivências, shadowing e grupos focais. Vale destacar que dentre todos os métodos listados, apenas a pesquisa quantitativa fornece dados quantitativos, que podem ou não possuir validade estatística — todos os outros fornecem dados qualitativos.

Etapa 3: analisar todos os insights levantados e tomar decisões assertivas para solucionar o desafio.

Nas etapas anteriores, mapeamos o cenário, refinamos o desafio e entendemos comportamentos, hábitos, necessidades e expectativas dos usuários. A partir da análise e consolidação de todos estes insumos, balizadas pela triangulação de métodos, possuímos informações robustas que balizam o processo de tomada de decisão de uma maneira sólida. Tendo em vista a abordagem do design thinking e de cocriação, nós levamos todas estas informações de maneira estruturada e otimizada para que os stakeholders possam tomar decisões assertivas acerca do desafio. Estas decisões podem resultar em um produto, serviço, processo, roadmap de ações, protótipo, recorte de mvp, entre outros. Para esta etapa, usamos diversas abordagens de cocriação. Neste texto, vamos pontuar três delas: design sprint, lean inception e workshops.

Desk research

Desk research, ou pesquisa de dados secundários, é uma forma de levantamento de dados já disponíveis para consulta. Esse tipo de pesquisa pode ser feito de diversas formas, consultando e coletando dados existentes em fontes diversas, como reports e estudos disponíveis na internet, ou materiais fornecidos pelos cliente. Nesta etapa, normalmente nos concentramos em analisar relatórios ou pesquisas disponibilizadas pela empresa, como NPS, dados de planejamento estratégico, dados de traffic, vendas, branding, manuais de marca, entre outros.

Benchmarking

Benchmarking vem da palavra de origem inglesa “benchmark”, que significa “referência”, e é uma ferramenta essencial para o aprimoramento de processos, produtos e serviços. Através de buscas e pesquisas é possível encontrar práticas que sirvam de referências e inspirações. Normalmente fazemos análises de tendências, usando metodologias como coolhunting e análises exploratórias, para identificar comportamentos, inovações e referências no contexto de mercado do desafio, ou em outros mercados que podem servir como inspirações.

Netnografia

A Netnografia é um tipo de pesquisa fundamentada na etnografia virtual e na antropologia. Utiliza-se este meio de compreensão e levantamento de dados para gerar novos insights, cocriar com o público ou identificar melhor a natureza de certos problemas. É realizada uma análise exploratória das redes sociais da empresa e de concorrentes, sites de opiniões e avaliações, pesquisas em fóruns, e-commerces e plataformas relacionadas ao desafio para entender comportamentos, opiniões e perfis.

Entrevistas com stakeholders

Entrevistas com stakeholders se assemelham a conversas informais, guiadas através de um roteiro semiestruturado, com o objetivo de coletar dados, percepções e opiniões acerca do contexto da empresa, do mercado e do desafio. Nesta etapa, é importante conversar com representantes de áreas estratégicas da empresa que possuem interface com o desafio para entender expectativas, visão de futuro e como aquela área pode contribuir para a endereçar o desafio do projeto. Muitas vezes, essas entrevistas têm também o viés de evangelizar áreas ou silos da empresa em relação ao produto, serviço ou processo que será construído.

Pesquisa quantitativa

A pesquisa quantitativa, ou survey, é um tipo de investigação quantitativa. Ela pode ser definida como uma forma de coletar dados e informações a partir de características e opiniões de grupos de indivíduos. O instrumento normalmente utilizado é o questionário estruturado, que contém majoritariamente questões de múltipla escolha — mas pode possuir também questões de resposta aberta para obter verbalizações. É importante, ao planejar a pesquisa quantitativa, verificar a representatividade de amostra, confiabilidade e validade estatística — esta última, caso seja um requisito fundamental do desafio do projeto.

Entrevistas em profundidade

Entrevistas em profundidade se assemelham a conversas informais com o usuário ou potenciais usuários de um produto, serviço ou processo. Elas são guiadas através de um roteiro semiestruturado, com o objetivo de coletar dados, mapear hábitos e comportamentos, e entender opiniões acerca do desafio, na perspectiva do usuário. Dessa maneira, é um método poderoso de empatização e coleta de dados qualitativos. Elas podem ser realizadas a partir de um recrutamento estratégico, que busca perfis específicos representativos dos perfis de usuário, mas não possuem validade estatística. O ideal é que as entrevistas em profundidade sejam realizadas com um participante por vez.

Discovery groups

Discovery groups se assemelham a grupos focais. É um método de pesquisa qualitativa que reúne participantes em uma conversa, na qual expõem opiniões sobre produtos, processos ou serviços. A pesquisa é composta por um moderador que conduz a dinâmica e por observadores que acompanham em uma sala (física ou virtual) anexa. Funciona como uma entrevista em profundidade, mas com mais participantes. Além de mapear comportamentos, hábitos, opiniões, dores e necessidades dos usuários, os discovery groups podem ser usados para validar hipóteses ou gerar insights para o desafio, através da incorporação de dinâmicas de ideação.

Vivências

Para conhecer a fundo uma realidade é importante vivenciar o cotidiano de quem trabalha, consome, frequenta e permeia um local, usa um serviço, participa de um processo ou consome um produto. Para isso, realizamos vivências, que consistem em observações participantes. Nelas, o pesquisador é inserido no ambiente de análise, participando ativamente dentro do contexto para identificar comportamentos e hábitos principais. Normalmente estas vivências são realizadas para compreender o contexto existente em que o desafio se insere, podendo ser vivências de benchmarking ou de análise do serviço, produto ou processo existente.

Shadowing

O shadowing é um método de pesquisa qualitativo onde o pesquisador acompanha o usuário enquanto ele resolve um problema a ser explorado ou enquanto ele utiliza um produto ou serviço. Enquanto “sombra”, o pesquisador não deve interferir nas ações do usuário, somente observar. Entretanto, ao contrário do cliente oculto, o pesquisador não deve se passar por um cliente ou usuário. O shadowing se assemelha a vivência, sendo que a diferença fundamental é que o pesquisador não experiencia o produto, serviço ou processo, apenas o observa.

Observação: os três tópicos apresentados a seguir são conjuntos de métodos — o que os classificam como frameworks. Essa classificação é apenas uma maneira técnica de se referir a eles, mas no fundo, continuam sendo abordagens para o processo de tomada de decisão.

Design Sprint

Processo composto por cinco fases com restrição de tempo de 4 ou 5 dias que utiliza a abordagem do design thinking com o objetivo de reduzir o risco ao trazer um novo produto, serviço ou recurso ao mercado. Durante o processo, são estabelecidos objetivos e mapeados riscos para o novo produto ou serviço e é desenhado o seu fluxo ideal simplificado. A partir daí, é priorizado um recorte do fluxo, que possibilita a construção e teste da etapa fundamental que permite a validação das hipóteses levantadas. É realizado um processo de ideação em cima deste recorte, que posteriormente é priorizado e prototipado. No final do processo, o protótipo é testado (ver o método testes de usabilidade) com usuários potenciais e refatorado de acordo com os insumos coletados. Para saber mais sobre design sprints acesse o nosso texto detalhado.

Lean Inception

Abordagem estruturada de inovação que busca trabalhar colaborativamente para alinhar um grupo de pessoas sobre o produto mínimo viável a ser construído. Ao contrário da design sprint, que é mais extensa e resulta em um protótipo do produto/serviço, a lean inception é uma abordagem mais curta, que possui o objetivo de definição de um MVP. O produto mínimo viável, em inglês Minimum Viable Product (MVP), é a versão mais simples de um produto que pode ser disponibilizada para o negócio. Um dos produtos finais mais valiosos da lean inception é a priorização de um backlog para a release do MVP.

Workshops

Os workshops com stakeholders são frequentemente chamados de inceptions. Eles não seguem uma metodologia específica, como a Design Sprint ou a Lean Inception. São compostos por um conjunto de ferramentas e técnicas de imersão, empatização, ideação, priorização e tangibilização, customizadas de acordo com o cenário de cada desafio. Normalmente são compostos de interações que duram de 1 a 3 dias e um dos entregáveis mais comuns destes workshops são roadmap de ações priorizadas de acordo com o desafio.

E aí, vamos começar a inovar?

Nesse texto aprendemos sobre macro etapas e métodos para iniciar projetos de inovação. É importante destacar que esta é uma abordagem dentro de um universo de ações possíveis e que um processo de inovação de sucesso nunca acaba, está sempre em iteração entre pesquisa e desenvolvimento, em ciclos exploratórios que se aprofundam na medida em que se repetem. Isso porque, como vimos anteriormente, a inovação pressupõe o novo, busca pelo aprimoramento e o olhar no futuro.

Na ioasys, usamos a diversidade como catalisador criativo para transformar problemas complexos em soluções simples, por meio de processos de inovação estruturados. Assim, facilitamos a transformação digital de empresas ousadas e cocriamos experiências únicas, de pessoas para pessoas. Se interessou pelo assunto? Venha nos conhecer!

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Carolina Guimarães
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Arquiteta e designer, apaixonada por tecnologia. Acredito que inovação move o mundo e que podemos impactar positivamente as pessoas através dela :)