Laboratória no Brasil: o emprendimento social que conquista fronteiras.

Gabriela Rocha
Laboratoria
Published in
5 min readFeb 12, 2018

Brasil, este blog é para você. Aqui estão algumas das razões pelas quais nos motiva tanto a nossa chegada.

A Laboratória nasceu há pouco mais de três anos. Desde então, o sonho que tivemos de transformar a vida das mulheres latino-americanas e fornecer talento de ponta para o setor digital, foi tornando-se uma realidade. Com um modelo educacional inovador, formamos mais de 580 mulheres, que hoje trabalham como desenvolvedores web ou UX Designers em equipes de tecnologia em mais de 200 empresas, deixando sua marca e mudando pouco a pouco o rosto da indústria de tecnologia.

Essas conquistas foram, principalmente, o resultado de uma dedicação incansável da nossa equipe e das nossas alunas. A busca da excelência em tudo o que fazemos e o impulso de nossas alunas para se superarem são o que nos leva a ir mais longe. Mas também tem sido fundamental saber encontrar um equilíbrio saudável entre arriscar com incerteza, por um lado, e iterar e consolidar aprendizados antes de dar o próximo passo, por outro.

A decisão de quando e como crescer sempre nos leva a refletir sobre esse ponto de equilíbrio, que diante de enorme incerteza, pode não ser fácil de encontrar. Mas em nossa curta e emocionante história, fomos fiéis na tentativa de identificar o potencial nos desafios, a oportunidade nas crises e o momento em que esse salto nos avança adiante mais do que nos retém.

Hoje, estou muito orgulhosa com o nosso mais novo desafio — um que nos tem animadas e pensando em grande. No marco do Dia Internacional das Mulheres na Ciência, anunciamos a chegada da Laboratória no Brasil. Em parceria com a empreendedora Regina Acher, que liderará a iniciativa a nível local, a Laboratória iniciará um piloto com o objetivo de selecionar e treinar 50 mulheres talentosas como desenvolvedoras de front-end em São Paulo e conectá-las com a imensa demanda do setor de tecnologia. Na maior economia da América Latina, queremos contribuir para um crescimento basado no potencial das mulheres brasileiras, trazendo talento e maior diversidade de gênero para a indústria.

Regina Acher, Brazil Partner & Country Director

De multinacional a multilingue

A Laboratória nasceu no Peru em 2015 e rapidamente cresceu para o México e o Chile. Com essa primeira expansão há três anos, nos tornamos uma pequena multinacional latino-americana, com grande diversidade e riqueza cultural. Nestes três países, hoje somos quase 80 laboratorianos de 12 nacionalidades diferentes. Trazemos diferentes perspectivas e experiências à mesa, mas todos até agora, temos estado unidos por um vínculo comum: o espanhol.

Falar a mesma língua encurta distâncias, otimiza processos e reduz as diferenças. A expansão para o Brasil, por outro lado, implica tornarmos uma organização multilingue que deve superar as barreiras da linguagem e da cultura. Significa, entre várias mudanças, desenvolver mais de 1.000 horas de conteúdo de programação em um novo idioma, estabelecer novos processos de comunicação interna — incluindo o português como língua oficial, nos acostumando ao portuñol e aprofundando o uso do inglês — e nos adaptarmos a um nova cultura. O desafio não é menor e, de fato, há poucas empresas que se arriscaram a atravessar do Brasil para o resto da América Latina ou vice-versa. O desafio nos move e nos mantém focados, trabalhando de forma mais lean, aprendendo com os erros e ganhando mais experiência.

Mercado tech com grande potencial

O Brasil é a maior economia da América Latina e a sétima maior do mundo. E São Paulo se posiciona como o principal pólo dessa atividade econômica, representando mais de 30% do PIB do país.

Entre as indústrias de maior e mais rápido crescimento no Brasil está a digital, e o investimento em startups de tecnologia vem crescendo ao mesmo ritmo. Algumas semanas atrás, a 99, uma aplicação de transporte de táxis tornou-se o primeiro unicórnio brasileiro, avaliada em mais de US $ 1 bilhão, quando foi comprada pela Didi Chuxing da China, a principal concorrente global da Uber. O país também é o segundo maior mercado mundial (só perde para os Estados Unidos) em número de usuários no Facebook, Twitter e YouTube (Tech Crunch 2017).

Todo esse investimento por grandes empresas de tecnologia estrangeiras e um ecossistema emprendedor local saudável, com potencial de ainda maior crescimento, apresenta uma grande demanda por talento. 43% de empresas brasileiras relatam ter dificuldade em encontrar profissionais qualificados (Manpower 2016), e estima-se que, até 2020, o Brasil terá um déficit de mais de 400 mil programadores para atender a demanda (Softex). Em um mundo cada vez mais digital, algumas empresas estão sendo forçadas a recrutar talento fora do país para atender suas necessidades.

O Brasil, com tanta diversidade e potencial, precisa investir no seu talento jovem para o futuro do país. Na Laboratória, queremos identificar esse talento, formá-lo e assim nos convertermos em uma fonte de talento tech de ponta para a industria tecnológica brasileira.

Educação e mulheres na tecnología

O Brasil tem uma população de mais de 40 milhões de jovens, dos quais um terço está desempregado ou sem educação (IBGE). Entre eles, há quase 10 milhões de mulheres brilhantes, com potencial e desejo de ter sucesso, mas sem acesso a uma educação superior de qualidade.

As universidades públicas de alta qualidade no Brasil, infelizmente, continuam a ser desproporcionalmente ocupadas pela classe alta. Bolsas de estudos para universidades privadas no Brasil aumentaram o acesso ao ensino superior para jovens de baixa renda, mas permanecem limitadas. E, mesmo assim, há dúvidas sobre a qualidade de algumas dessas instituições.

Com relação à força de trabalho, o desemprego entre as mulheres é 30% maior do que entre os homens e, uma vez empregadas, as mulheres brasileiras ganham 24% menos do que os homens.

Em um país onde a indústria tecnológica não só precisa de mais talento, mas também requer mais diversidade de gênero, se apresenta uma grande oportunidade para fechar essa lacuna.

Com a Laboratória no Brasil, desejamos formar uma nova geração de mulheres jovens que possam transformar suas vidas e ao mesmo tempo contribuir para o crescimento da indústria com seu talento e diversidade.

Pensando nos últimos três anos de Laboratoria, me lembro do sentimento que tive no início de 2015. Começávamos a Laboratória no México, e senti naquele então um profundo amor pelo país e um grande desejo de vê-lo crescer de forma mais justa, com oportunidades equitativas e com respeito pelos direitos das mulheres. Sendo brasileira, sonhei que talvez um dia seria capaz de contribuir da mesma maneira no meu próprio país. Hoje, celebro essa oportunidade com a certeza de que esta expansão representará um capítulo muito importante na história da Laboratória, e graças a isso, seremos ainda maiores, e ainda mais latino-americanos.

A Laboratória está com inscrições abertas para todas as mulheres interessadas em fazerem parte desse movimento. Inscreva-se agora.

Para mais informações acesse nosso site ou escreva para infosp@laboratoria.la.

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