Uma nova perspectiva para quem está estressado ou ansioso com trabalho
Amigo cristão e querido leitor. A vida é muito mais que uma profissão. Precisamos dialogar sobre fé e seu reflexo no dia a dia.
Esquecemos muitas vezes nosso propósito. A nossa vocação. Passamos a viver uma vida que não traduz aquilo que acreditamos.
Um peso é colocado em nossos ombros. A culpa surge. O medo e as incertezas parecem maior que tudo. Formatura desencadeia crises — Você passa de um estudante para um desempregado, ouvi recentemente.
Não culpo pensarmos assim, mas um alerta se acende.
Para Jonas Madureira, os cristãos estão confusos sobre seu papel no mundo por não compreender sua identidade. Não entendemos sobre o mandato cultural e a forma que Deus integra o homem ao mundo. Em outras palavras, vivemos alienados e como figuras de outro planeta.
Trabalho não é meramente uma tarefa da punição dos deuses, mas sim a oportunidade que o homem tem de ver sua identidade materializada. Através do nosso trabalho, revelamos quem somos.
O trabalho deve deixar de ser a busca por aquilo que dá sentido e passar a ser o meio pelo qual a gente expressa o que de fato nos dá sentido a vida, diz Jonas Madureira.
Tim keller também escreve, que Robert Bellah no livro [Hábitos do Coração] levou muitas pessoas a identificar o que destruía (e ainda destrói) a nossa cultura: o “individualismo expressivo”.
Perdemos a habilidade de resolver os problemas porque preocupamos apenas com nós mesmos. Fechados em nosso quarto, defendemos a sacralização do indivíduo. Nossa capacidade de imaginar uma estrutura social que mantenha as pessoas unidas está desaparecendo.
Para Bellah, uma medida para solucionar isso é “nos reapropriar do conceito de vocação, resgatar à noção de trabalho sob uma nova ótica que o veja como contribuição para o bem comum, e não meramente como um meio para o progresso individual.”
Por que você quer trabalhar?
(Ou seja, por que temos de trabalhar para ter uma vida realizada?)
Por que é tão difícil trabalhar?
(Ou seja, por que geralmente isso é tão infrutífero, inútil e complicado?)
Como vencemos as dificuldades e encontramos satisfação em nosso trabalho por intermédio do evangelho?
Essas são as três perguntas que Tim Keller busca responder através da Bíblia em seu livro "Como integrar fé e trabalho" e buscarei compartilhar o que o autor tem para nos ensinar conforme leio os próximos capítulos.
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Katherine Leary — diretora-executiva comenta no prefácio do livro que “muitas igrejas se preocupam mais em nos ajudar a servir dentro da igreja do que em nos discipular e equipar para servir no mundo”. A competitividade do mundo corporativo exige respostas. Convicções. E não apenas conselhos superficiais sobre o assunto.
Pedro Dulci em um vídeo do [Perguntar Não Ofende] compartilha a história do livro — Quem sou eu? de Jerry Bridges. A história é de um corretor de imóveis que ao converter-se sua visão de trabalho foi regenerada. De um vendedor de casas e apartamentos, passa a entender que é um “auxiliador de pessoas para encontrar seus lares”.
O que nos falta é isso. Uma mudança de mentalidade.
Precisamos compreender o que é vocação
Para isso, Tim Keller escreve que o termo latino vocare — que significa chamar, é raiz de nossa palavra “vocação”. Vocação é um chamado. Mas nem sempre realizamos nosso trabalho com esse entendimento.
O trabalho só é uma vocação se alguém chamar você para fazê-lo e se ele for feito para quem o chamou, e não para você mesmo — diz ele. Por isso, nos esgotamos. Desanimamos e lentamente vamos perdendo a alegria em nossa profissão. Esquecemos que foi Deus que nos chamou e é Ele que nos capacita com os dons e talentos.
Trabalho nenhum irá satisfazer os desejos do nosso coração. Encará-lo como um meio de ganhar dinheiro, só piora a situação, pois assim o transformamos em idolatria — e todo ídolo exige sacrifício. Então sacrificamos relacionamentos, nosso corpo, nossa saúde em busca da autorrealização.
A solução para nossa ansiedade e nosso stress não está em um emprego melhor. A raiz do problema é a nossa cosmovisão. Nossa mentalidade e a forma de enxergar aquilo que realizamos.
Trabalho fiel envolve vontade, emoções, alma e mente — o equilíbrio entre os quatro implica em nossas crenças.
Não serão os testes vocacionais que irão esclarecer a profissão que devemos seguir. Podemos nos perguntar: Como descobrir a profissão que Deus quer que eu tenha? Porém, devemos lembrar. Não existe uma profissão perfeita ou ideal. Existe uma trajetória. Uma caminhada que glorificamos a Deus ao utilizar nossos dons e talentos.
Sejamos todos nós alegres em cumprir a vocação que fomos chamados.
Portanto, dois pontos ficam claros: 1) Nos moldamos ao agito desse mundo e esquecemos da nossa identidade, e 2) por não compreendermos sobre vocação, passamos a ver o trabalho como a esperança e o sentido para nossa vida.
Por isso é importante relembrarmos. Dialogar sobre isso e juntos aprender a servir de modo eficiente e ativo.
Paulo nos ensina em 1 Corintios 7:20 — "Cada um fique na vocação em que foi chamado."
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Texto escrito em sessões de 30 minutos e outros períodos mais longos que me empolguei. Explico melhor sobre esse desafio aqui.