Negócios de impacto criam ações para ajudar em tempos de coronavírus
Conversamos com três empresas sobre as suas iniciativas
Para reduzir os efeitos da crise do coronavírus, negócios de impacto social estão se mobilizando para oferecer à população serviços e conteúdos. A Levante Lab conversou com três destas empresas sobre as suas iniciativas para gerar impacto positivo durante a pandemia. Optamos por negócios que atuassem em áreas diferentes entre si (alimentação, educação e saúde) para mostrar que as ações podem ser criadas em qualquer ramo.
SaveLivez
Tudo começou em 2016, com a SalvoVidas.com. Criada para ajudar bancos de sangue, a plataforma funciona como uma rede online de doadores, na qual as pessoas se cadastram para serem avisadas gratuitamente quando um banco de sangue da sua região precisa do seu tipo sanguíneo. Hoje, já são mais de 29 mil doadores cadastrados e 70 bancos ajudados no Brasil.
Ao notar que os bancos de sangue sofriam com o desperdício (porque sangue tem validade), o fundador da SalvoVidas.com, Rafael Oki, decidiu criar a startup de Data Science SaveLivez. A empresa começou desenvolvendo soluções de ciência de dados para bancos de sangue. Hoje, já atuou com os principais hemocentros públicos e redes de bancos de sangue privados do Brasil, como o Hemocentro RP e o Grupo GSH.
Entre as soluções que a empresa oferece está a Livia.bot, uma assistente virtual de saúde que foi criada, inicialmente, para ajudar com informações sobre doação de sangue. Porém, com a pandemia do novo coronavírus, utilizaram a ferramenta para ajudar as pessoas com orientações de prevenção, informações sobre sintomas e também a identificar se são um caso suspeito.
“Devido a sua versatilidade, a Livia.bot permite conectar com muitas outras soluções que já estávamos desenvolvendo, como a possibilidade de fazer agendamento online, triagem automática, previsões com uso de inteligência artificial, monitoramento e mensagens automatizadas.” — Rafael Oki, Fundador e CEO da SaveLivez.
O bot já foi buscado para ajudar a encontrar exames para o COVID-19, auxiliar na volta ao trabalho pós-quarentena em grandes empresas e agendamento online para evitar filas ou aglomerações.
Pé de Feijão
O negócio de impacto Pé de Feijão foi criado para mudar a forma como as pessoas olham para a alimentação e se relacionam com a comida. Tem como fundamento o conceito de alimentação sustentável, que considera que o alimento deve ser nutricionalmente adequado e ambientalmente responsável.
Antes da crise do coronavírus, a empresa oferecia serviços de programas de qualidade de vida dentro de empresas para colaboradores; programas de voluntariado, onde implementavam projetos dentro de organizações sociais; realizavam oficinas sobre educação alimentar e eventos de conscientização, que aconteciam com parceiros como o SESC-SP.
Com a pandemia, os serviços tiveram que ser adaptados. Os programas se tornaram uma experiência online, assim como as oficinas. Além disso, estão realizando lives, enviando pílulas de conteúdo diárias por e-mail e disponibilizando um WhatsApp para os participantes do programa tirarem dúvidas de nutrição. Em junho, também vão começar uma jornada para acompanhar as pessoas na criação de horta durante 40 dias, onde oferecem e curso para cultivar.
“A gente se preocupou muito na quarentena, como pequeno negócio, em se firmar, parar em pé, mas também não deixar ninguém que precisa de informação em acesso. Então a gente tentou oferecer tudo que é pago também ter alguma degustação gratuita.” — Luisa Haddad, Cofundadora e Diretora Executiva do Pé de Feijão
Está disponível, de forma gratuita, plantão de dúvidas nas terça, quarta e quinta, às 17h, através da live no Instagram; aulas de yoga através do Google Meet, de segunda a sexta das 8h às 9h e sábado das 9h às 10h30 (solicitar convite pelo e-mail ou Instagram); produção de conteúdos sobre alimentação sustentável e consultoria.
Reconectta
A Reconectta é uma empresa social especializada em educação para sustentabilidade que oferece formações, programas institucionais e assessoria para educadores ou empresas e instituições que querem ter a sustentabilidade como um diferencial de inovação.
“A ideia é que a gente faça com que a sustentabilidade seja um meio e não um fim; que os professores e que todos da escola sintam-se preparados para desenvolver projetos que trabalhem o desenvolvimento de competência dos alunos e que sejam inovadores e não superficiais.” — Douglas Giglioti, Cofundador e Diretor de Operações da Reconectta
O trabalho, quando realizado na escola, abrange desde liderança até a equipe operacional. Os temas norteadores vão de acordo com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) elaborados pela União das Nações Unidas (ONU). A ideia é mostrar que sustentabilidade inclui outras questões além das ambientais, como cultura de paz e equidade de gênero.
Em março, com o início da crise do coronavírus no Brasil e devido a preocupação e busca por atividades para realizar em casa, a Reconectta liberou conteúdos especiais para crianças, jovens, adultos e educadores, de forma gratuita em seu site. Os materiais são resultado da adaptação de outros com os quais trabalham e curadoria de conteúdo online. Tem como principal objetivo tirar um pouco os alunos da frente de telas.
Além disso, a empresa também lançou a campanha #EmpatiaPorQuemEduca. Motivada para aliviar a sobrecarga dos professores, a ação funciona como uma espécie de correio elegante onde alunos podem mandar mensagens de carinho para seus professores.
O que sabemos é que após essa pandemia não seremos os mesmos. Estamos redefinindo valores em termos de sociedade, horizontalizando o acesso a informação relevante e buscando equilibrar os negócios com um valor social fundamental.
E na empresa que você trabalha, teve espaço para esse tipo de temática?
