Como ando enxergando a minha história
Reflexões sobre como reencontrar a positividade e mudar o rumo da sua vida
Sempre gostei de contar histórias. Isso está no DNA: “vovis” e tia Adma sempre nos contavam as aventuras da família, dos lugares onde moraram e das pessoas da pequena cidade de Piúma. Cresci assim: apreciando uma boa “storytelling” e os mais velhos. Tio Beto achava que eu devia me formar em jornalismo. Lembro até hoje da sua cara de decepção quando eu contei que realmente estava tentando medicina. Fiz enfermagem, mais fácil de passar… Mas essa é outra história!
Contar histórias é diferente de escrever. Falar é mais fácil. Pelo menos, sempre foi para mim. Até agora, que me mudei e vivo em outra língua, que eu acreditava falar bem… Falar é rapido, temos menos tempo para pensar, mais dinâmico. Dá frio na barriga. Motiva! Erra-se mais também. Mas tudo bem.
Escrever fica eternizado. Há quem diga que escrever é mais facil, pois temos mais tempo para organizar as ideias. Eu sofro. Penso, penso, penso e não sai nada. E por que escrever tem que ser encarado com esse rigor todo? O peso da escrita não deve frear as intenções de alguém em se comunicar.
Lembro que sempre relutei em escrever. Quando criança, meninas ganhavam diários, onde seriam escritos seus maiores segredos. Sempre achei muito ‘coisa de menina’, nunca gostei dessa separação de gêneros. Sou feminista de berço: não me sentia tentada a reproduzir comportamentos rotulados por gêneros. O que, nesse caso, foi uma grande besteira.
Tenho uma amiga, a Claudinha, muito bem sucedida em tudo que faz (até em seus hobbies), que escrevia diários já adulta. No primeiro carnaval que passamos juntas, ela carregava o caderno e o livro do Harry Potter do momento. Descobri que a Emma Watson — a Hermione — também tem esse hábito (ela vai gostar de saber disso, se é que já não sabe!).
Talvez eu tenha julgado secretamente essa atitude como infantil, ainda resquício de ‘coisa de menina’, não me lembro. Não sei o quão legal eu já era naquela época! Talvez eu tenha achado o máximo a persistência de alguém em registrar suas memórias. Só sei que me marcou, e lembro disso até hoje.
Achei que escrever um blog seria mais fácil: comecei em dezembro e essa é a terceira vez que venho contar algo. Quase um vexame! As amigas sugeriram que eu criasse um espaco para relatar minhas aventuras na terra do tio Sam. Me incentivaram dizendo que escrevo bem (leia aqui: conto histórias engraçadas de vez em quando). O que mais será preciso para dedilhar no teclado as minhas novas descobertas?
1. Tempo
Ou melhor: a organização dele. Tempo eu tenho de sobra, já que praticamente estou tirando um período sabático. Só tenho um trabalho part-time, onde dedico 10h por semana do meu tempo. Tudo bem que procurar emprego é um trabalho full-time (ou deveria ser). A falta de método para fatiar o tempo pode ser um facilitador para que ele escoe sem que você perceba.
Criar novos hábitos. Resisto a isso, pois fui criada com o conceito de rotina ser algo chato, castrador de criatividade e imaginação. Cresci. Agora, quando olho para exemplos de sucesso que gostaria de seguir, vejo a rotina ser citada como peça chave na conquista de objetivos quase 100% das vezes. Criar rotina é um método eficaz para otimizar o tempo.
Como fazer? Desconstruir a ideia da rotina como vilã e a reconstruir mais colorida. Ando copiando a receita de rotina matinal dos outros, até formar a minha própria. Pode deixar que depois venho contar aqui pra vocês!
2. Disciplina
Uma das minhas fraquezas. Não tenho disciplina com horários. Adoro procrastinar… Opa! Estou procurando emprego, então nao devia estar falando sobre essas coisas abertamente. O bom disso tudo: reconheço minhas fraquezas e estou lutando para combatê-las.
Li alguns livros e artigos sobre procrastinação (ou comecei e procrastinei a leitura! :), força de vontade e mudança de hábito. E, o mais importante: ando me forçando a tirar ideias do papel. Escrever aqui é uma delas. Tirar foto pelo menos uma vez por dia durante um ano é outra ideia simples, porém genial.
Fotografia sempre me fascinou. E eu já tentei aprender mais sobre isso algumas vezes. Faltou disciplina para continuar. Tudo bem que ainda estou no primeiro mês, hoje é o dia 20 (e ainda nao tirei a foto), se vou concluir o projeto ainda é incerto. É um desafio grande. Ótimo para treinar disciplina. E tambem a composição. E a relação com a luz. E o olhar. A ideia era contar uma história do cotidiano por imagens. Resolvi deixar isso para outro projeto, esse é apenas o meu MVP fotográfico.
Fotografo com meu celular mesmo, a câmera boa eu vendi antes da mudança. Sonho em comprar uma DSLR. Não edito as fotos, evito até os filtros do Instagram (quando uso, aviso). Me forço a tirar pelo menos uma foto por dia. Tem dias que tiro muitas, outros que não dá tempo. Por isso vocês vão ver fotos legais e coloridas, mais de uma num só dia. No dia seguinte algo meio sem graça e forçado, mas é isso mesmo: procuro quantidade nessa fase, mais que qualidade. Talvez vai ter um dia que eu vou ter que usar foto tirada em outro dia, mas tudo bem também se for para manter o projeto andando. Vai ser exceção e eu também vou avisar.
3. Motivação
Aí eu me pergunto: mas morar fora, essa imersão numa nova cultura, ja não seria um prato cheio para boas histórias? Claro! Mas aí bate a saudade de casa, familia e amigos. Aí voce se sente mal e sozinho, aí vc sufoca o parceiro, aí voce chora…
Ao mesmo tempo que essa experiência é rica em descobertas do mundo novo, você acaba mergulhando no seu universo interior. E a viagem pode ser obscura. É uma experiência de auto-conhecimento. Você testa seus limites nos mais variados campos. Talvez nem todos passem por isso: acontece comigo por ser do tipo de gente que sente demais — sim, sou uma drama queen!
E, no meio desse turbilhão de emoções e descobertas, você se vê perdido e nada motivado a escrever para dividir a experiencia. Você se sente cada vez mais introspectivo, angustiado, ansioso. O pensamento ferve, mas pelo ritmo insano, e pelas ideias negativas, te freia.
Percebi que andava esperando a motivação vir de fora. Hoje vejo que ela tem de nascer aqui dentro. Meditar me ajudou a descobrir isso. Acalmar a mente. Me concentrar na respiração. Deixar os pensamentos fluirem, sem tentar controlá-los, apenas tomando consciência deles. Escanear todo o corpo, perceber as dores, o que faz relaxar. Olhar para dentro. Me desligar. Me desligando do mundo exterior eu me conecto com meu eu interior, minha alma. Higiene mental, quase religião!
Há quem consiga meditar desenhando, outros escrevendo. Muitos fazendo exercícios físicos. O importante é criar um canal para se encontrar, não importa o meio. Meditação é outra coisa enorme por sua simplicidade. E merece uma história totalmente dedicada a ela.
Por enquanto, vou me resumindo a como ando enxergando a minha história. Como estou nesse momento? O que quero mudar? O que aconteceu para desafiar minha força, paz e tranquilidade? Esses desafios têm algum sentido? Como recontar essa história de uma maneira mais positiva, encarando a vida com otimismo e leveza? E, o mais importante: aonde eu quero chegar?
E vocês, como andam contando suas histórias?