(Crítica) Cappuccino de Chocolate com Creme

Maria Anna Leal Martins
Maria Anna Martins
Published in
3 min readJun 7, 2019
Photo by Lex Sirikiat on Unsplash

O livro Cappuccino de Chocolate com Creme é o romance de estreia da autora brasileira Elizza Barreto e conta a história de Alice Duarte, uma jovem que está terminando a faculdade de psicologia, namorando sério e sentindo na pele pela primeira vez o que é independência. Ela viaja para São Paulo sozinha e conhece um rapaz que a faz pôr em cheque seus sentimentos, a confundindo sobre sua relação atual.

O livro é gostoso de ler, você se envolve fácil com a rotina de Alice e seus sonhos. Apesar de no início ter me incomodado com a autora descrever em detalhes coisas que não seriam usáveis na história, como o novo apartamento de Alice, aos poucos descobri que esses detalhes mostravam muito sobre ela e até me fizeram ficar afeiçoada a personagem. A vida de Alice é de fato uma vida, como a minha e a sua, não acontece apenas coisas extraordinárias, mas fatos que não influenciam em nada diretamente a história e, no entanto, nos aproxima ainda mais da realidade da jovem.

Alguns diálogos foram bons, mas outros deixaram evidente que esse é de fato o romance de estréia da autora. Ainda falta um amadurecimento na escrita: alguns eventos e relações foram formadas muito rápidos, parecendo até inverossímeis. O namorado de Alice é um homem perfeito demais, mesmo em suas fraquezas ele parece incrível sempre e isso também foge da realidade.

A relação dos dois é bonita e possivelmente um dos três melhores pontos do livro. Outro ponto muito bom é a personagem, ela realmente me tocou. Talvez por estarmos em fases e situações parecidas, mas senti que poderia conversar com ela, seríamos amigas facilmente. E eu talvez desse uns esporros nela por tomar decisões claramente idiotas.

A melhor parte do livro, em minha opinião, é a autodescoberta dela. Alice encontra com si nesse livro e esse encontro é fantástico. Mostra um amadurecimento que todos deveriam passar em suas vidas.

Algumas cenas, relações e argumentos realmente poderiam ser melhor trabalhados se a eles tivessem sido dedicados mais tempo em algumas páginas, no entanto, outras alcançam o leitor muito fácil e o fazem querer continuar a ler os capítulos um atrás do outro. É de fato o livro de estreia de uma autora que tem muito a oferecer. Estou ansiosa para ler outros romances de Elizza Barreto.

Sobre a diagramação e a capa

A editora perdeu uma boa chance de caprichar mais. A capa, apesar de fazer sentido com a história, poderia ser mais bonita. Pareceu ter sido feita do modo mais rápido e sem muita atenção aos detalhes.

A sinopse atrás, por exemplo, poderia ter tido suas letras aumentadas, ou terem posto algum comentário, um desenho em baixo da sinopse, não sei, mas algo que complementassem o vazio desnecessário que ficou.

Por dentro, o papel bem branco cumpre sua função de ser agradável aos olhos e a diagramação não deixa a desejar, mas também não surpreende. Faltou detalhes sabe? Porque não um cafezinho preto e branco no título de cada capítulo ou na lombar? Parece besteira, mas essas coisas somam ao leitor, a vaidade de ter um livro bonito em casa, e ajuda autores estreantes a venderem.

P.s: pesquisando na internet percebi que a autora está com outra editora que não a que comprei o livro ano passado. Portanto, minha crítica a estética se refere somente a essa versão que comprei e está na foto.

SINOPSE:
Os pés de Alice já estavam cansados de andar. Em círculos. Desde a sua viagem à São Paulo, quando conheceu Bernardo, as coisas haviam mudado de lugar em sua vida. Ela queria mesmo uma mudança. Uma nova aventura. Mas seria essa a hora certa? Benjamin, seu grande amor, a protegia em seu abraço e encantava suas noites com vinho. Até quando? A faculdade de psicologia estava acabando, a hora das escolhas profissionais chegando e a sua cabeça prestes a explodir. O relógio de Alice está quebrado e só as suas decisões farão o tempo voltar a funcionar como antes. Ou como nunca.

Quer ler outra crítica? Veja minha sugestão:

(Crítica) Albertine

--

--