Dê um passo pra trás, por Aaron Swartz

Este post é uma tradução de “Take a Step Back”, escrito por Aaron Swartz, em sua série de posts “Raw Nerve”, que eu traduzo aqui como “Dedo na Ferida”.

Por muito tempo achei que eu deveria apenas fazer boas escolhas na vida. Eu era um decisor, com o objetivo de fazer a melhor escolha entre as opções que se apresentavam. Podia brincar com esse ou aquele amigo, ir para uma ou outra universidade, aceitar esta ou aquela proposta de trabalho.

Até com meus problemas eu lidava dessa forma. Se alguém estava me enchendo, decidia evitá-lo. Se alguma coisa me perturbava, parava de pensar naquilo. Me mantinha focado apenas no que estava bem na minha frente.

Ultimamente comecei a apreciar as vantagens de dar um passo pra trás e olhar o todo. Ao invés de apenas escolher a melhor opção, eu tento inventar outras. Ao invés de apenas evitar coisas que me perturbam, procuro criar plano para resolvê-las.

Tudo isso me causou um sentimento bem estranho, de estar em maior controle da minha vida, mais capaz de lidar com meus problemas. Eu sinto como se estivesse traçando meu próprio destino, e não apenas seguindo um caminho já traçado. É difícil explicar, mas é como se eu tivesse ficando mais forte — não fisicamente, mas psicologicamente. É um sentimento ótimo. Como se eu estivesse crescendo como pessoa.

Então comecei a imaginar: O que tem mais no lugar de onde essas ideias vieram? E percebi, então, que nunca tinha parado para me perguntar se eu poderia ter uma vida melhor. Afinal, no meu trabalho, eu estou constantemente procurando formas de aprender e crescer — lendo os melhores livros e artigos sobre o tema, conversando com profissionais de áreas relacionadas e ouvindo o que melhor funcionou pra eles. Por que eu não poderia fazer o mesmo com a minha vida?

E isso acabou sendo surpreendentemente dificil. A vida não tem manual de instruções. Os conselhos dos pais são muito confusos. TV e jornais não oferecem muito mais do que dicas superficiais, e eu nunca vi um curso sobre isso. Existem livros de auto-ajuda e cursos de auto-aperfeiçoamento, claro, mas eles são práticos ao extremo: falam pouco sobre resolver seus problemas e mais sobre te energizar pra agir. E tem também a filosofia da “Boa Vida” (de Aristóteles), que, ao contrário da anterior, mostra pouco do que pode ser aplicado de forma prática.

Os blogs são uma mistura estranha. Existem blogs sobre “life hacks”, cheios de gadgets que parecem causar mais problemas do que resolver. Os blogs anti-procrastinação, em que os autores tem um fluxo contínuo de epifanias que parecem todas chegar em “afaste as distrações e faça o que tem que ser feito”. E tem os charlatões, que dizem que todos os seus sonhos podem se realizar se você seguir as dicas patenteadas deles.

Então, ao invés de ir para o lugar comum, eu tenho encontrado pequenas informações em vários lugares incomuns: experimentos psicológicos, livros de negócios, filosofia, matemática e meus amigos. Mas, como não existe uma comunidade envolvida neste assunto, é difícil discutir com alguém (tentar forçar os outros a se interessarem é tempo perdido).

Então, pensei em começar a escrever aqui e ver se alguém se importa. Talvez o tema cresça e se torne algo relevante, mas no mínimo, vou clarear um pouco meu pensamentos e talvez receber boas sugestões para futuras leituras.

Não tenho um nome pro que eu estou falando ou mesmo uma ideia clara sobre o que é. Acredito que vai se tornar mais claro com a prática. Mas enquanto isso: o que ajudou você a melhorar sua vida — a pensar, decidir, trabalhar? Pode ser um aplicativo, uma técnica, um livro, uma pessoa…

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Este post é uma tradução de “Take a Step Back”, escrito por Aaron Swartz, em sua série de posts “Raw Nerve”, que eu traduzo aqui como “Dedo na Ferida”.