UX writing: 9 perguntas que me ajudam a escrever

Josefina Cornejo Stewart
MELI UX
Published in
5 min readAug 31, 2023

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Escrever é reescrever. Não importa se suas palavras vão formar parte de uma aplicativo, uma nota jornalística ou uma novela. Trata-se de polir, repetidamente, até encontrar a melhor versão. Para isso, em meu trabalho como UX writer, eu aplico o ditado “Dividir para conquistar” em uma série de perguntas que faço a mim mesma para melhorar os conteúdos em que trabalho. A seguir, compartilho meu checklist mental esperando que também ajude outras pessoas.

Tenho claro o contexto desta iniciativa?

Há uma razão para fazermos o que fazemos, na vida e também nas experiências digitais. Pode ser uma decisão do negócio, uma nova funcionalidade ou uma regulamentação. O importante é conhecer e entender o que é esse contexto. Para isso, temos que perguntar (e voltar a perguntar) até que todas as dúvidas sejam esclarecidas.

2. Qual é o objetivo UX da peça?

Cada peça que fazemos em UX tem que ter um objetivo. Como um farol, as metas nos guiam e nos ajudam a tornar nossa mensagem mais clara.

Para descobrir o objetivo da peça nós podemos fazer a seguinte pergunta: o quê quero que a pessoa usuária faça? (e por que isso é conveniente para ela?)

Alguns objetivos UX da peças poderiam ser:

· Que ative o reconhecimento facial para aumentar a segurança da sua conta.

· Que digite o endereço onde deseja receber sua compra.

· Que escolha a forma de pagamento mais conveniente para ela.

3. Que tom deveria ter a peça para reforçar esse objetivo?

Assim como as vozes das pessoas, a voz de uma organização tem características onde sua personalidade aparece. Além disso, essa voz pode ter variações no tom dependendo da situação da companhia ou das pessoas usuárias.

Não vamos a usar o mesmo tom quando queremos comunicar que:

·Sua compra está chegando

·Sua transferência está atrasada

·Tem uma nova forma de fazer pagamentos

Em algumas situações vamos usar um tom entusiasmado, em outras um mais educativo, direto ou sério. Por isso, como UX writer, não só temos que ter presente a voz da marca, como também buscar o tom adequado para a mensagem que queremos dar e conhecer a pessoa usuária que vai receber essa mensagem.

Uma técnica rápida para encontrar o tom correto é: perguntar em que estado de humor se encontra a pessoa usuária quando chega ao nosso app ou fluxo e como queremos que ela se sinta quando o termina.

4. A informação está corretamente hierarquizada?

A arquitetura da informação é um conceito que envolve as aplicações de ponta a ponta. Trata-se de organizar a informação de maneira coerente e lógica para facilitar não só a encontrabilidade, mas também o desenvolvimento das tarefas dentro de uma tela ou app.

Para isso, é importante ter presente o objetivo da peça e como esta dialoga com o que se mostra na tela. Para saber se a informação está hierarquizada de maneira correta, podemos nos perguntar:

·O que é o mais importante?

·O que é mais importante, está destacado na mensagem?

·Se a pessoa ler apenas o título da tela, ela consegue entender o que tem que fazer?

Quando a informação não está hierarquizada corretamente, corremos o risco de tornar a jornada mais longa e difícil para elas.

5. Existe consistência com as partes mostradas antes ou depois no fluxo?

Muitas vezes trabalhamos em uma tela e esquecemos do que está antes e depois. Por esta razão, é importante que preste atenção a história completa que estamos contando e assegurarmos que tenha sentido para nossas pessoas usuárias.

Também, lembrar-se de dosar as informações para que apareçam no momento exato. Nem antes nem depois, e sim quando a pessoa tem que tomar uma decisão ou avançar no fluxo.

6. Posso fazer meu conteúdo mais acessível e empático?

As palavras mexem com as pessoas. Às vezes geram empatia e, outras podem gerar rejeição ou medo. Eu gosto de pensar que podemos mudar a maneira em que nos comunicamos para para fazer com que todas as pessoas se sintam cômodas e bem-vindas. É por isso que tento neutralizar o gênero e evito termos técnicos ou palavras que não tenham sentido se a navegação por nossa experiência é, por exemplo, com o leitor de voz.

7. Eu poderia fazer o mesmo de uma forma mais curta, mais clara e mais humana?

Como disse no início, escrever é reescrever. Portanto, ao trabalhar em uma redação, escrevo opções diferentes. Vejo se posso dizer a mesma coisa de maneira diferente e me pergunto qual é a maneira mais curta, clara e humana de fazê-la. Resumindo, como UX writer, tentamos trazer soluções para nossas pessoas usuárias.

8. Há erros de ortografia ou digitação?

Para isso é necessário ler e reler nossos conteúdos. Muitas vezes, na velocidade da leitura, os erros de digitação (e pior) os erros ortográficos são negligenciados. Por isso, procuro sempre ler meu conteúdo em voz alta. Assim, posso ficar mais atenta à pontuação, repetições, rimas e claro, erros ortográficos e digitação.

9. Eu pedi feedback?

O trabalho em UX é muito colaborativo e pedir feedback forma parte disso. Não importa quantas versões você escreva um mesmo wording, a leitura que faz outra pessoa seguramente traga uma oportunidade para melhorá-lo. Compartilhe seu conteúdo com UX writers, uxers, stakeholers e demais pessoas de seu time.

Este é meu checklist para pensar, escrever e iterar meus conteúdos. O que mais você incluiria? Escreva nos comentários.

Muito obrigada, Carolina Querino e Luiz Basilio pelas ilustrações!

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