A impreenchível lacuna de um Barcelona sem Messi

O que será do Barcelona sem o maior jogador de sua história após 21 anos?

Luan Fontes
Mezzala
5 min readAug 15, 2021

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Fonte: Twitter/FCBarcelona

A vida de qualquer culé jamais será a mesma desde a última sexta, quando o Barcelona anunciou que Lionel Messi deixaria o clube. De fato, é difícil acreditar que o ciclo de seu monarca se encerra depois de se acostumar com os encantos semanais de um pequeno rosarino que sempre vestiu o uniforme azul-grená. Se isso já é difícil de imaginar para o amante do futebol, imagine para os que vivem das cores blaugrana, desde as primeiras doses de magia do argentino, ou os que já amavam o clube antes mesmo de Vossa Majestade surgir.

Parece impossível, mas o barcelonista terá que viver sem aquele que, por muito tempo, foi a alma maior do clube e os impactos vão além do clube, visto que estarão presentes até mesmo na sociedade da cidade condal.

Como o Barcelona jogará sem Messi?

Sem seu maior astro, o treinador Koeman busca soluções para conseguir manter a equipe no mais alto nível do futebol europeu. Os únicos remanescentes da era Guardiola são Gerard Piqué e Sergio Busquets. Jordi Alba é o principal remanescente do último título de Champions em 2015 com Luis Enrique. Claro que o Barcelona poderá contar com as peças que adquiriu nesta temporada, como Aguero e Depay, que chegam para reforçar o ataque. Os dois chegam com possibilidade alta de titularidade, sendo que o argentino deverá disputar posição com Griezmann.

Como ficaria o Barcelona sem Messi

Dembelé pode ser o responsável por ocupar a ponta direita, fazendo trio com os dois novos reforços para a linha de frente. O meio campo não deve sofrer alterações, continuando com Busquets, que será o novo capitão, e os polivalentes Frenkie De Jong e Pedri. Na zaga, Eric Garcia que pode ser titular ao lado de Gerard Piqué.

Muito da construção do Barcelona nos últimos anos passou pelos pés de Lionel Messi. O ex-camisa 10 jogava entre o lado direito e o meio e fazia recomposição para buscar a bola e poder ajudar na transição ofensiva do segundo para o terceiro terço do campo. Vale lembrar que Messi chegou a atuar como meia armador na frente de dois volantes.

Uma saída anunciada?

Messi chorando em sua coletiva de despedida(Fonte: Twitter/FCBarcelona)

Desde a temporada passada, especulações corriam fortemente sobre uma eventual saída de Messi. Ele chegou a manifestar o desejo de deixar o clube, devido a insatisfações com a gestão de Josep Maria Bartomeu que, meses depois, viria a ser preso. O mandatário estava envolvido em um escândalo de corrupção no qual membros da diretoria do Barça teriam contratado uma agência de comunicação para benefício próprio. Essa agência, inclusive, prejudicava a imagem de alguns jogadores — entre eles Lionel Messi — e ex-dirigentes. O caso ficou conhecido como BarçaGate.

Vale lembrar que a gestão Bartomeu/Rossell se distanciava de valores e patrimônios do clube, visto que o clube, ao longo do tempo, gastava dinheiro em contratações caras que não geravam resultado. Dessa forma, deixaram as categorias de base de lado, que não só geraram craques históricos para o Barcelona, como também fizeram do clube uma referência na formação de atletas. Além disso, o clube buscava uma expansão maior de sua marca, distanciando-se mais da comunidade catalã, da qual o clube sempre foi uma voz importante.

Além das rupturas com tradições e gastos exagerados, o clube também foi condenado por irregularidades em contratações de jovens atletas para a base. A Fifa puniu o clube durante um longo período e a conta bateu forte na pandemia. O arrecadamento do clube caiu, sua receita desequilibrou e o Barça limitou-se para realizar um projeto esportivo convincente.

Já sob a gestão da oposição, com Joan Laporta, Barcelona e Messi tinham a renovação de contrato encaminhada, porém houve uma limitação.por conta das regras de fair-play financeiro, na qual o clube não pode gastar mais do que o arrecada com relação à temporada anterior. Mesmo com Messi aceitando reduzir o seu salário pela metade, não foi o suficiente para o clube não burlar a regra de teto de gastos de La Liga. No fim, Messi teve que encerrar sua história na Catalunha, contra sua própria vontade.

Perde o clube e a cidade

Para quem tem como lema “Mais que um Clube”, a saída do maior astro é uma derrota que vai além do campo. Muitos dizem que a torcida do Barcelona é de turistas, visto que estes marcam presença forte nos jogos do clube catalão (cerca de 20% dos torcedores por jogo antes da pandemia). Barcelona é a segunda cidade mais visitada da Europa, apenas atrás de Paris, cidade do novo clube de Messi.

Muitos dos torcedores ou espectadores que chegam de diversas partes do mundo querem aproveitar ao máximo a oportunidade de ver Messi no Camp Nou, pagando o preço que for para ter uma experiência completa, com visita a museu, loja e tudo mais. Messi era peça chave, visto que era ele o maior expoente para que o Barcelona estivesse em um um patamar tão alto no esporte como uma grande marca. As pessoas não iam ao estádio para ver apenas o Barça, mas para ver Messi de perto.

Muitos admiradores do esporte, principalmente jovens, se acostumaram a associar Barcelona(tanto clube, quanto cidade) a Lionel Messi. A saída do maior ídolo da história do FC Barcelona é uma perda que será sentida pelo esporte local, pela Liga Espanhola e pela cidade.

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Luan Fontes
Mezzala

Apenas um rapaz sul-americano que sonha em ser jornalista esportivo, quem sabe, narrador