Para além do código e ao infinito!

A verdadeira força motriz do desenvolved@r

Michel Luca
Michel Luca
7 min readOct 10, 2019

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A minha principal motivação para escrever e compartilhar concepções, sobre relações e tecnologia, é a possibilidade de tocar alguém. Seja dando voz a um sentimento ou a uma ideia, eu acredito na força que um texto tem de elucidar, orientar e proporcionar caminhos alternativos.

Para tanto, além da observação, faço algo na verdade bastante prazeroso e comum, eu busco ouvir as pessoas ao meu redor. Nesta escuta, que é ativa, eu proponho e capturo, indagações e leituras sobre o mundo. Então sintetizo e me empenho em organizar, de forma tal, que o conteúdo seja coeso e faça realmente sentido.

Falando assim, a coisa talvez pareça apenas um exercício, igualmente prazeroso, coreografado e profundo de reflexão criativa. E realmente o é, mas o clichê não existe à toa: “toda regra tem a sua exceção, não é mesmo?”

Recentemente, lá estava eu, leve, livre e solto, feliz a codar (remotamente), navegando pelo oceano cujas águas minha IDE transformou em cristalinas. Novas funcionalidades, pós update, e meu mundo virtual esta completo. Foi então, que uma voz doce e suave me fez retornar às terras, mais firmes do que nunca. Era a minha esposa expressando sabiamente através da seguinte observação:

Nossa, nessa área de vocês tem que ser verdadeiramente apaixonado pelo que se faz! Eu noto que são horas lendo esses códigos ou aprendendo algo novo…

Essa simples observação, como um raio, atravessou o meu roteiro de produção textual e desmontou a minha coreografia. Explico, ela me carregou para um exame cuja reflexão é de uma natureza um tanto mais complexa. Se antes, compor um texto se tratava de algo rotineiro, como extrair conteúdo de um bate-papo “filosófico”, dessa vez, a coisa amadureceu para uma indagação a lá enigma da Esfinge:

Qual motivação é capaz de fazer alguém se apaixonar e se tornar proficiente ao escolher a carreira de desenvolved@r?

Para qualquer área da vida, existe um valor enorme em se ter claras suas motivações, pois elas ditam seu norte e solidificam sua base. É dado que, em momentos de crise é sempre possível relembrar a razão de suas escolhas, afim de se tomar a melhor decisão sobre como agir. O que realça a certeza de se estar no trilho e no rumo certos.

A de se pensar, que existem carreiras, cuja força motriz é muito clara. Um médico proficiente é movido pela vontade de salvar vidas e desta vontade, tira sua força. Um bombeiro audacioso igualmente. Um “bom” político, pela vontade de transformar vidas qualitativamente.

O fato é, uma boa porcentagem da população vive a vida sem muita determinação, é o famoso “deixa a vida me levar”, e são praticamente empurrados para seus ofícios todos os dias, ou seja, vivem sem motivação. Um dia a coisa emperra não é mesmo? Então, se você teve a sorte de descobrir aquilo que te motiva a ir além do mediano, a levantar da cama se sentindo bem e renovado e a se aperfeiçoar, você é bastante afortunado!

E quando falamos de um desenvolved@r, que passará anos de sua vida, lendo, aprendendo, decifrando e construindo algoritmos, inclusive para áreas cuja aplicação daquele software pode salvar vidas! O que será que é verdadeiramente capaz de manter esse coração alegre, a mente aguçada e o auto investimento?

Certamente, existem aplicativos que ajudam a salvar vidas, mas infelizmente, também existem bugs que derrubam aviões. Todavia, é fácil concluir que a produção final de um desenvolved@r, o software, permeia e apoia todos os âmbitos, todos os mercados e provavelmente todas os setores da vida. Dai mais uma vez a importância dessa indagação!

É possível ponderar alguns pontos um tanto quanto comuns a qualquer escolha de carreira. Salário é um destes, e hoje, a área de TI em suas diversas frentes, paga salários acima da média da população. Para se ter ideia, o salário de um desenvolved@r pode variar entre algo como R$6000,00, para um backend júnior em começo de carreira a R$17000,00 para um engenheiro de software (fonte salario.com.br).

Basta-se o salário, existe um pacote de benefícios que tem se tornado cada vez mais comum, são itens deste: a flexibilização da rotina de trabalho, possibilidade de trabalho remoto, bônus por resultados, vestimenta informal, e a concepção de que dedicar tempo do seu expediente ao aprendizado é inerente ao ofício, citando apenas os mais evidentes. Me recuso a colocar “sala de descompressão” como benefício, pois um simples exercício de lógica conclui: se existe um setor batizado com este nome, é porque existe uma cultura de compressão! Melhor escolher medicina preventiva…

Embora provavelmente sejam pontos relevantes, será que só estes são capazes de transformar alguém que escolheu se tornar desenvolved@r, em um profissional proficiente? Apaixonado pelo que faz!

Estou falando do que faz a criatividade acender e o coração bater mais rápido, quando se descobre um novo framework ou lança uma nova versão da sua linguagem! E o ritmo frenético de aprendizado e mudança, são como novas boas, anunciadas por anjos, apenas fazem a vida valer a pena, apontam um caminho existencial fantástico e pleno.

Convenhamos, sem este olhar, o trabalho de um desenvolved@r não é dos mais fáceis! É melhor que alguém descubra se combina com a essência motivacional, do que escolher a carreira, apenas pelo salário ou benefícios. Assim tem a chance de ser mais assertiv@.

É curioso pensar que o salário, talvez seja suficiente para encaminhar alguém até certo ponto, mas não muito longe ou por muito tempo. Se justifica, por tratarmos aqui de uma aérea que não está, ela é expansão. Seu corpo de conhecimento é amórfico e o principal passatempo é sofrer mitose. O que se aprende hoje, tem prazo de validade, e quem não tem em si a razão para reaprender, será “humano legado”, na melhor hipótese, refatorado um dia qualquer!

Enfim, o peso de se decifrar a motivação, capaz de te levar adiante é análogo a não ser devorado pela Esfinge, que guarda as portas de um mercado tremendamente dinâmico e em crescimento contínuo. Se por um lado existem sim alguns bônus e regalias, por outro, existem diversos desafios na área. Estudos, são diários, resultados, igualmente, e tudo isso é e será medido! Se não o for, talvez você venha a querer que seja… Um prazo acirrado, pode gerar madrugadas de trabalho (e muita 🍕)! Existe relação humana, muita, mas no final do dia, é você e uma máquina.

Um bug crítico é sinônimo de pressão e dependendo da área de atuação da organização, a não resolução pode gerar prejuízos milionários (literalmente)!

Pensando bem, talvez nem o Jack Bauer (versão moderna de MacGyver) do seriado 24 horas, topa-se a carreira de desenvolved@r, se tivesse a oportunidade de refletir e escolher fazer algo diferente e mais simples, como quem sabe: “prender terroristas e evitar explosões nucleares”.

Depois de muito me embaraçar com essa indagação eu acredito que cheguei a uma possibilidade. Talvez sempre estivesse presente, basta-se olhar para o sorriso (pós êxito), dos que estão ao meu redor e transcrever esse nobre sentimento:

A grande força motriz é a vontade de construir engrenagens que sejam verdadeiramente capazes de solucionar problemas! E isso é acompanhado por um sentimento fantástico de onipotência.

Buscamos aprender diariamente, porque esse hábito nos torna capazes de produzir engrenagens melhores, o que por sua vez, nos torna capazes de solucionar problemas mais complexos, e isso faz com que a gente se sinta verdadeiramente engajados na vida! E onipotentes 😊!

Com essa perspectiva, corrigir um bug crítico não tem a ver só com pressão, mas com oportunidade. Oportunidade de se sentir competente, de ser reconhecido, de sacar seu conjunto de engrenagens e colocar a engenhoca pra funcionar como deveria. De construir engenhocas melhores, robustas e sustentáveis.

É algo tremendamente lógico, concreto e binário, mas é igualmente mágico e cheio de potencial! Não é um botão, é um ecossistema que ganha vida com o seu toque! Peças são postas em funcionamento e cada uma se integra e se esforça, coopera com a que está ao seu lado, até que tudo seja capaz de produzir um resultado. Então as coisas ganham paz e estabilidade novamente, e aguardam pacientemente, pelo próximo toque!

Quando você é capaz de ver arte no que faz, algo te tocou de forma mais profunda. E isto certamente te da a força necessária para ir além e ao infinito!

Afinal, decifrar a esfinge é algo tremendamente prazeroso! Depois de vencer um desafio, geralmente agradecemos por ele estar lá, por ter sido proposto de alguma forma para nós e termos conseguido avançar.

Se colocar em rota de crescimento, pode parecer igualmente desafiador, ou, talvez exija de nós, que nos coloquemos compulsoriamente em situações desafiadoras. É interessante descobrir que a própria escolha de buscar o desafio, já faz parte deste processo de crescimento. Quando nos propomos a olhar para além do que escolhemos e fazemos, para as razões dessas escolhas e ações; e como consequência encontramos propósito e valores fundamentais para nós, corremos o risco positivo de ir além, muito além!

Leia também: Adeus velho chefe e feliz novo líder!

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Muitíssimo obrigado por ler 🤗

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Michel Luca
Michel Luca

Desenvolvimento Pessoal, Desenvolvimento de Software e Inspirações. Acredito que o mundo ideal, se constrói, quando compartilhamos o saber!