1940, portos fechados e a institucionalização do copycat (parte 2 da trilogia)

Leo Uchoa
Mindset Global
Published in
3 min readOct 30, 2015

Os portos brasileiros foram abertos pela primeira vez em 1808 com o decreto de abertura às nações amigas, assinado por D. João VI, antes de desembarcar em Salvador, que autorizou o comércio do Brasil diretamente com as nações como Inglaterra, Holanda entre outras.

Essa situação durou até 1940, ou seja, apenas 132 anos. A partir daí tivemos de novo os portos fechados, só que a desculpa agora foi a proteção à industria nacional. O país entrou numa era de total escuridão no processo de globalização e até hoje sentimos os efeitos dessa medida tomada por Getúlio Vargas e seguida pelos governos militares.

Esse fechamento dos portos, juntamente com o “milagre econômico” defendido pela ditadura, criaram um ufanismo exagerado em nosso país, com consequências profundas, sentidas até hoje na maneira como nós empreendedores pensamos. Os militares brasileiros, apoiados pelos americanos, castraram o pensamento inovador da época de tal maneira que passamos a copiar todas as tecnologias lançadas no exterior, acreditando que estávamos inovando, ou seja, o “copycat” foi institucionalizado e muita gente nem lembra mais.

Nosso mercado somente foi aberto outra vez em 1990, no “Plano Color I”, como maneira de incentivar a competitividade externa, em que a ideia era qualificar a mão de obra, aumentar a produtividade e trazer novas tecnologias para nossa indústria.

Foram cinquenta anos de atrasos e mercado fechados, sem contar todos os problemas trazidos pela ditadura civil-militar. Em termos de globalização, seguimos engatinhando, perdidos, ainda buscando nossa vocação, apesar de sermos a sétima economia mundial.

O empreendedor que está lançando sua startup hoje muito provavelmente não vai se lembrar de como ficamos atrasados em relação aos equipamentos de informática e eletrônicos em geral. Também não vai levar em consideração que o sistema que controla a exportação e importação do Brasil, o sicomex, tem pouco mais de 20 anos, ou seja, ainda é muito recente quando comparado a outros países.

O objetivo desse artigo não é entrar na polêmica sobre copycats mas sim chamar a atenção para os efeitos gerados dessa política protecionista no país, das quais destaco:

  • Foco exagerado no mercado nacional;
  • Sucateamento da indústria nacional;
  • Poucos cases de sucesso internacional;
  • Distanciamento do mercado mundial;
  • Cultura fechada;
  • Dificuldade com línguas estrangeiras;
  • Baixíssimo índice de inovação;

Seguramente muitos outros efeitos são sentidos e sofremos essas consequencias sem perceber. Não quero incentivar a ideia que aqui não tem jeito e que devemos desistir do Brasil. Somos ainda um país jovem, talvez tenhamos ficado de fora do mercado internacional tempo demais, mas outros países também ficaram, como a China e hoje são super potencias.

Nesse cenário de crise que estamos vivenciando se faz necessária uma mudança urgente na maneira de pensar dos novos empreendedores, principalmente daqueles que estão inovando através das startups. O objetivo não deve ser local, lançando empresas apenas para o Brasil, mas mudar o foco para o mundo, dado que a única barreira que existe na grande maioria dos projetos é a do mindset do próprio empreendedor.

P.s.: Se você ainda não sabe o que é copycat e sua polêmica sugiro esse artigo que explica bem sobre o tema.

Esse post é a segunda parte da trilogia Porque as startups brasileiras precisam internacionalizar, que criei com objetivo de mostrar a importância de termos mais empreendedores focados no mercado global e onde tento explicar a origem do mindset inovador em nosso país além de trabalhar outros mitos relacionados. Clique aqui para ver a primeira ou aqui para a terceira parte.

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Leo Uchoa
Mindset Global

Fundador da Getmundi e co-fundador na uGlobally além de criador da metodologia Mindset Global para internacionalização de empreendedores