Carros autônomos poderiam ser armas?

Uma reflexão sobre os desafios de segurança de um mundo hiperconectado

Joao Vitor Chaves Silva
Minha mente
3 min readJan 14, 2018

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Recentemente lendo o Financial Times me deparei com o questionamento que dá titulo a esse artigo.

Em um mundo cada vez mais conectado, temos o risco de que a conexão possa ser violada e transformada e usada contra nós.

A não muito tempo atrás um ataque hacker usando um ramsoware mostrou a vulnerabilidade dos atuais sistemas, ao deixar hospitais sem controle de boa parte dos seus serviços.

Não me leve a mal, sou um grande defensor dos avanços tecnológicos, mas eles também requerem cuidados.

Apesar de fan de Elon Musk, não acredito em robôs tomando o controle do planeta, ou se revoltando contra os humanos ao estilo Matrix.

Porém, já sabemos que qualquer sistema possui falha, e essas falhas podem ser exploradas para fazer coisas que não gostaríamos.

De sequestro e ou roubo de dados, a mudanças no funcionamento que podem causar acidentes, até mesmo tomadas de controle hostis com o intuito de causar danos materiais.

Tanto sistemas off e on-line sofrem tais riscos. Mas estamos em um estágio do desenvolvimento tecnológico em que quase todo sistema está se tornando on-line.

Assim, as preocupações naturalmente se focam muito mais nesses sistemas.

Quando penso nisso, a preocupação levantada por Qi Lu, COO do Baidu se mostra válida e importante para a discussão.

Em seu ponto de vista, o risco dos carros autônomos serem usados como armas, pode significa que governos irão limitar a operação de carros desenvolvidos por “estrangeiros” em seu território.

No meu ponto de vista, tal ação além de ineficiente, seria desastrosa para o avanço tecnológico.

Se cada país limitar o funcionamento de tecnologias em seu território, somente à aquelas desenvolvidas internamente, o mundo como um todo, demoraria muito mais para se desenvolver.

Governos ao redor do mundo tendem a colocar regras cada vez mais rígidas de segurança, que em um primeiro momento podem parecer positivas, mas que vão acabar freiando o desenvolvimento tecnológico.

Porém, existem algumas soluções para lidar com tais desafios.

O grande problema é que elas são de certa forma um problema para as empresas que estão a frente do desenvolvimento tecnológico.

A grande maioria dos avanços nos campos da automação que chegam ao nível comercial, são patrocinadas por empresas privadas.

Tais empresas possuem como objetivo fim, gerar retorno aos seus acionistas.

E para isso precisam usar de vantagens competitivas que as permitam crescer, ganhar mercado e lucrar.

Uma das vantagens competitivas mais comuns no meio tecnológico é o uso de patentes e segredos comerciais.

Porém, quando pensamos em como aumentar a segurança de carros (e tudo o mais que vive on-line), uma das formas mais inteligentes de se fazer isso é por meio do uso de softwares open-source.

Ou seja, códigos que são disponibilizados de maneira aberta, e possuem comunidades de desenvolvedores descentralizados constantemente trabalhando para encontrar e corrigir erros.

Porém, ao adotar tais práticas, muitas empresas pensam (em minha visão, de forma equivocada) que perderiam parte das suas vantagens competitivas.

Uma segunda forma de reduzir riscos de equipamentos conectados, é utilizando tecnologias como a blockchain para aumentar a responsabilidade.

Por meio de registros em blockchain, todo o histórico de funcionamento, comandos, entradas e saídas pode ser armazenado de forma uma maneira virtualmente impossível de ser falsificada, permitindo assim que em casos de problemas, todo o histórico de funcionamento fosse checado.

Com isso, se tornaria mais fácil e confiável avaliar se um acidente foi causado por falha mecânica, humana ou por interferência externa.

Essa solução já é inclusive proposta para aviação por meio da Aeron.

Porém, independente das soluções adotadas para tais desafios, a reflexão sobre como lidar com os problemas inerentes de um mundo cada vez mais conectado, é necessária.

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Joao Vitor Chaves Silva
Minha mente

Founder @empreendajunto| Empreendedor apaixonado por inovação. | COO/Partner Gestão 4.0