Oito meses morando em Portugal…

Patricia Balderrama
Mudamento
Published in
3 min readMar 20, 2019

E lá se foram oito meses vivendo no Porto. O tempo passa rápido demais, em alguns momentos não parece que já foram tantos meses, em outros, quando a saudade aperta demais, parece que faz muito tempo. O que muda após estes meses? Você passa a se sentir em casa de verdade!

Chegamos no verão aqui no Porto, a cidade estava cheia, o clima super agradável, as pessoas realmente saem mais às ruas e parecem mais felizes. Conhecemos as praias, os vizinhos, a melhor padaria, o melhor supermercado, e , de fato, saímos o quanto podíamos para explorar o que a cidade oferecia. Foi um período de adaptação mas também de reconhecimento local. As aulas começaram, as crianças se adaptaram muito bem (veja também o nosso post sobre o início das aulas para saber detalhes), mas os nossos maiores contatos eram ainda os amigos que conhecemos no Brasil. Aqui no Porto, inclusive, uma família de amigos que eram nossos vizinhos no Brasil e também se mudaram para cá, e uma família brasileira que vive em Cascais, mas que a distância infelizmente não permite que nos encontremos com regularidade.

O Outono iniciou três meses depois que chegamos e o clima começou a dar seus sinais de que não iria amenizar no inverno. Começavam as chuvas, ventos fortes, o fluxo de pessoas começou a diminuir, mas a cidade ficou maravilhosa com as suas árvores avermelhadas; os turistas não deixaram de vir e participar das festas, e nós também não. O inverno então chega e realmente inibe uma boa parte das pessoas a saírem nas ruas. O que anima bastante é que a cidade oferece uma grande quantidade de eventos que atraem pessoas de outros locais — a cidade não pára. Nós mesmos não deixamos de sair, e nestas saídas fomos conquistando aos poucos a simpatia e o "carimbo de morador" das pessoas que nos encontravam sempre nos mesmos lugares: o dono da padaria já nos atendia com um sorriso, e quando não tínhamos troco pedia para pagarmos outro dia; algumas mães da escola das crianças já paravam para nos cumprimentar e conversar, até trocarmos número de telefone. Sem falar nos contatos via facebook. Até cerveja ganhamos em comemoração ao aniversário do Lucas, no bar que costumamos frequentar… ;)

Agora já sabemos qual remédio tomar para dores de cabeça, resfriados, quais podem ser comprados sem receita médica e para onde nos dirigirmos no caso de urgências. Os vizinhos já param para conversar, na paragem de autocarro já reconhecemos algumas pessoas que nos cumprimentam como conhecidos, isso também acontece nos supermercados, na farmácia, na drogaria (que aqui não é o lugar onde se vende remédios, mas sim utilidades para casa). Temos amigos em bares que frequentamos e encontramos as mesmas pessoas quase todos os finais de semana. Enfim, era o que faltava para nos sentirmos em casa de verdade. começávamos a fazer parte da cidade, da sua rotina, da sua vizinhança e dos seus costumes. Estamos quase chegando na primavera e logo completaremos um ano aqui. Já conseguimos dizer quais as coisas muito boas e quais as não tão boas assim. Já temos mais segurança para fazer escolhas, já nos localizamos melhor e conseguimos participar e nos posicionar frente a algumas discussões.

É claro que algumas diferenças culturais existem, os portugueses são menos expansivos e mais reservados que os brasileiros. O grupo de whatsapp das mães dos alunos só existem para os pequenos e ainda assim é bastante silencioso… os assuntos são realmente para trocar informações a respeito da escola. Convidar para ir à casa, festas…isso leva um tempo maior. Mas claramente é diferente de acordo com a faixa etária, as crianças por exemplo já vão em festas de aniversário e em casas de amigos. Mas isso faz parte da cultura européia como um todo, é preciso entender. respeitar e se adaptar a este novo estilo.

Certamente a saudade das pessoas que estão no Brasil, nossa família e amigos, traz períodos de altos e baixos, a vontade de vê-los e abraçá-los não diminui. Mas aprendemos a administrar melhor este buraco que fica após a mudança. E mesmo com a imensa vontade de rever as pessoas que amamos e saudades de alguns mimos e gostos do Brasil, ainda consideramos que a nossa decisão de mudar foi correta e não nos arrependemos em nada. Que continue assim. :)

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