Como Aláfia encontrou minha alma

A música que encontrou a nossa essência contemporânea

Mayara Santos
MUI Content
4 min readNov 24, 2018

--

pic Aláfia via Facebook.

Durante a pesquisa da biografia de Xenia França para Brasileiras Inspiradoras, eis que me deparo com o espelho da nossa alma.

Pode parecer uma afirmação tendenciosa quando dizemos que Aláfia é a banda mais brasileira que você vai ouvir hoje. Afinal, a brasilidade é algo tão complexo e plural que é quase impossível você afirmar o que é ou não 100% brasileiro. Temos esse diferencial.

E é esse diferencial o responsável pela construção contemporânea da nossa essência como vos apresento hoje.

O BRASIL NÃO É MAIS O MESMO, NEM MUSICALMENTE

O samba, o axé, a bossa nova, o manguebeat, a MPB, a moda de viola e tantos outros estilos que compõem a raiz da música brasileira que conhecemos, tomam novas formas, fundem-se a novos ritmos e continuam engrandecendo nossa cena musical.

Hoje temos o samba-rock, a nova MPB, evidenciamos (finalmente!) o rap, que puxa featurings com o funk e com o rock. Bebemos de fontes variadas para criar estilos diferentes, e foi assim que surgiram bandas e cantores que já marcaram essa geração como artistas brasileiros, que fazem música brasileira não só porque é cantada em português, mas por trazer a realidade atual do Brasil em suas composições líricas e melódicas. E é nessa receita que entra Aláfia.

O QUE É ALÁFIA?

Aláfia é uma palavra em yourubá, que significa “caminhos abertos, fluidez e plenitude”, descrita assim pelo vocal Eduardo Brechó durante o programa Showlivre.

A banda paulistana formada em 2011, tem onze integrantes que compõem como se cada música fosse uma ode a nossa ancestralidade, às raízes do mundo no coração da África, trazendo como referência os ritmos que se originaram do povo negro também na América.

Aqui o espelho de nossas almas reflete o passado e o presente em um mix de ritmos que convergem para nossa atual essência.

Aláfia flerta com o jazz, o soul, o rap, o funk, o afrobeat, elementos eletrônicos, a música de terreiro e os ritmos africanos. A sincronia é como a de uma orquestra composta por duas percussões, duas guitarras, baixo, bateria, trombone, às vezes flauta, teclado, gaita e três vocais. Três vocais. Um deles, feminino.

Além da formação nada convencional, suas letras falam puramente do amor de uma forma intensa, reflexiva e política. Aquele amor que — parafraseando Xenia em uma entrevista— nos foi historicamente negado. Em minhas palavras, o amor ao próximo e às nossas origens.

INFLUÊNCIAS SECRETAS

Apesar de notarmos diversas misturas no som do Aláfia, parece haver um acordo em manter as influências “secretas”. Ao serem questionados quanto a suas inspirações em uma entrevista, na vã tentativa de fazê-los citar algum nome, os integrantes dizem ouvir “muita coisa”, mas se inspiram nas relações humanas do cotidiano e cada um traz suas experiências pessoais para as composições.

A ALMA

al·ma
(latim anima, -ae, sopro, ar, respiração, princípio vital)
substantivo feminino
(…) 4. Índole, 5. Vida, 6. Consciência, 7. Espírito, 8. [Figurado] Agente, motor principal; o que dá força e vivacidade, 9. Essência, fundamento, 10. Entusiasmo, calor, 11. Ânimo, coragem, valor. —trechos retirados do Dicionário Priberam

Iniciei este texto com a afirmação “Como Aláfia encontrou minha alma”. Não obstante, este pode certamente se aplicar a um sentimento coletivo que encaramos em algum momento de nossas vidas. Acredito que muitos de nós já se sentiram assim em relação a alguma obra, ainda que temporariamente.

Aláfia comunica e expressa aquela parte de nós que se forçou a anulação por elementos externos, os quais afirmavam que não tínhamos história ou algo do que nos orgulhar. Uma vez que tomamos consciência de nossa origem, e entendemos como chegamos onde estamos, ao ouvir Aláfia há um encontro entre iguais, o que significa que não estamos sozinhos, nunca. E isso é o que nos reconecta com a nossa alma.

FICHA TÉCNICA E TRABALHOS

Aláfia é: Eduardo Brechó (voz e guitarra), Xênia França (voz), Jairo Pereira (voz), Alysson Bruno (percussão), Pedro Bandera (percussão), Lucas Cirillo (gaita), Pipo Pegoraro (guitarra), Gabriel Catanzaro (baixo), Gil Duarte (trombone e flauta), Filipe Gomes (bateria), Fabio Leandro (teclado).

Álbuns de estúdio: Aláfia (2013), Corpura (2015) e SP Não é Sopa (2017). Site oficial aqui.

Gostou do post? Clique nos aplausos! ❤ Eles vão de 1 à 50 e você ainda ajuda o texto a ficar em evidência para quem também gosta deste assunto, e lembre-se de compartilhar com aquelx amigx que também quer se reconectar com a alma ❤

Comente comigo o que você achou, e não esqueça de nos seguir aqui e no Instagram, para não perder postagens legais como esta! ;)

✪ Acho que você também vai gostar de ler:

--

--

Mayara Santos
MUI Content

Amante da música, nascida nos anos 90. Criadora do Portal MUI Content, escritora em A Oficina e NEW ORDER | • Love is fuel. Love is revolution.