Área de produto: a última bolacha do pacote

Bruna Peruca Rodrigues
Mulheres de Produto
5 min readFeb 7, 2022

A área de produto tem ganhado cada vez mais destaque e não é à toa: ela pode ser a chave para um negócio de sucesso! Pela alta procura, muita gente tem olhado para ela como a última bolachinha do pacote, a mais desejada. Trouxe aqui um pouco da minha visão sobre os papéis de uma pessoa de produto e algumas dicas para pessoas que estão começando nesse universo.

Imagem de “A última bolacha do pacote”

De onde vieram as tais pessoas produteiras?

O termo Product Manager surgiu na década de 1930 a partir de um memorando da P&G visando contratação de mais pessoas. Ele acabou inspirando o pensamento atual de gerenciamento de marca e produto por declarar as responsabilidades dos profissionais hoje conhecidos como PMs.

Hoje o que se espera de uma pessoa de produto, seja ela owner ou manager é trilhar os rumos do negócio, sendo uma junção entre UX, Business e Tech, orquestrando essas três grandes áreas da forma mais fluida e transparente possível.

Ela conhece as dores e possíveis remédios das suas personas (UX) e as transforma em features viáveis e de qualidade (Tech), priorizando e coordenando as decisões de forma estratégica para o mercado (Business).

Em outras palavras, ela é responsável por direcionar a visão, estabelecer estratégias, garantir elementos para uma boa experiência da pessoa usuária e ainda alinhar expectativas de stakeholders, devs e cliente.

Imagem de “What exactly is a product manager?

PO, PM, POP, PMM, PD…

A carreira de produto pode iniciar como Associate Product Manager (APM) ou Product Owner (PO) -que na verdade é um papel no Scrum!-, cujas funções estão mais associadas a especificação e priorização. Em algumas empresas mais tradicionais, por não possuírem equipes de produto, essas funções podem ficar concentradas no papel de Analista de Negócios, Analista de Requisitos e outros.

A carreira evolui para Product Manager (PM) -pessoa responsável pela visão estratégica-, e depois para Group Product Manager (GPM) e Chief Product Officer (CPO). Essas nomenclaturas ainda não são padronizadas e podem variar de acordo com empresa, localização e ramo.

No nível de liderança mais sênior de produto, encontramos toda a estrutura de produto (PM, UX e engenharia) concentrada na figura do CPO ou numa estrutura compartilhada entre CPO e CTO, que evita uma sobrecarga quando os times são muito grandes.

Há ainda posições paralelas como Product Ops (the glitter glue), Technical Product Manager (TPM), Product Marketing Manager (PMM) e Product Design (PD) que aparecem por especifidades da empresa ou do ramo em que está inserida.

E, aproveito para destacar a figura da pessoa Product Ops que pensa nas operações da área de produto otimizando entregas, analisando e melhorando processos, conhecendo a jornada e experiência de ponta-a-ponta e tantas outras atribuições… Mas isso é papo para outro post.

Carreira em produto: algumas dicas

Por essa interdisciplinaridade da atuação de uma pessoa de produto, ela se mostra uma área em que a diversidade não se faz somente importante mas também necessária. As particularidades das histórias e trajetórias das pessoas só tem a contribuir na visão da experiência que um determinado produto vai fornecer. Mas o que fazer para trilhar uma carreira com mais sucesso nessa área? Seguem algumas dicas.

1- Esteja sempre aberte e com a curiosidade aguçada

Pelo viés estratégico das pessoas de produto, é preciso estar de olho nas novidades do ramo do seu produto e conhecer muito bem a sua persona! Não é raro um negócio vir a falência, apesar de ser bem organizado, pois não se adaptou ao dinamismo das relações. Lembre-se: o produto é para pessoas e isso traz uma complexidade inerente! Aqui o mindset ágil que tanto é falado se torna imperativo: procure, erre e se adapte rápido.

2- Continue a nadar…

… ou melhor, a aprender. Com a união das três grandes áreas que falamos, material é o que não falta para estudar! Leituras como Inspired (Marty Cagan), Hooked (Nir Eyal) e Continuous Discovery Habits (Teresa Torres) podem trazer muitos insights. Recomendo também buscar no linkedin cursos, talks e workshops para dar mais robustez ao aprendizado. Atualmente é fácil encontrar diversos eventos onlines e gratuitos que vão ajudar a escolher cursos pagos que fazem sentido para você, como Cubos Academy, Tera, IGTI, How, Awari e PM3.

Mas não pira com a quantidade de assuntos! É impossível dominar todas as áreas de produto e quem te disser o contrário está mentindo. Vá montando seu roteiro de acordo com as oportunidades, o que mais faz sentido para você e preencha as lacunas do seu conhecimento a fim de saber de tudo um pouco.

3- Duvide dos seus vieses

Os vieses são as suposições e concepções que criamos com base nas nossas vivências. Todo mundo tem vieses, mas para tomar as boas decisões de produto é preciso minimizá-los, praticando empatia, estudando e aplicando diversidade e inclusão. Uma liderança de produto de sucesso está sempre querendo aprender, olhando para os dados (famoso comportamento data driven) e analisando criticamente as soluções e resultados apresentados para conduzir a escolha na melhor direção.

4- Networking

Essa dica é ouro! E particularmente uma das mais difíceis para mim… Mas lembrando que produtos são para pessoas, então fica claro que é preciso conhecer pessoas e como elas resolvem os impasses do cotidiano. São as trocas que vão te fornecer os melhores insights para o seu próprio negócio. Uma boa mentoria também pode ajudar bastante a fazer as perguntas certas no lugar de buscar soluções prontas.

Então, bota esse Linkedin para jogo!

E se junte a comunidades como a da Mulheres de Produto. Não tenha vergonha de mandar mensagem para pessoas que você não conhece mas que tem algum link profissional, seja empresa ou área de atuação.

5- Seja paciente

Temos duas aflições comuns que conversam entre si: querer atender e responder a todas as demandas que chegam de diferentes origens (stakeholders, clientes e devs) aliada à quantidade de coisas a aprender. É normal querer saber tudo, ter todas as respostas na ponta da língua e pensar soluções rápidas. Mas ser ágil e competente não é ser rápido! Encontre na vulnerabilidade de se colocar na posição de quem precisa de ajuda um poder de fazer mais e construir de forma colaborativa. Portanto, seja transparente com os envolvidos, foque nas conexões e tenha calma e paciência com o tempo de aprendizado e execução que você e o time possuem.

Espero que essas dicas possam ajudar alguém.
Bora bater um papo de produto?

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Bruna Peruca Rodrigues
Mulheres de Produto

Há mais de 2 anos explorando a área de Produto, resolvi compartilhar um pouco do que tenho aprendido. Talvez eu também fale de viagens e autoconhecimento, será?