Pro-atividade na Carreira Musical

Humberto Piccoli
Music Filter
Published in
4 min readJun 17, 2017
Foto: William Ferguson

Uma das maiores lições que alguém pode aprender na vida é compreender o valor do auto-conhecimento e, consequentemente, como enfrentar os próprios medos e confusões para se tornar uma pessoa pro-ativa.

É um requisito básico do criador, do artista, da pessoa bem-sucedida no trabalho, vida social e na própria consciência. Basicamente, a definição de pro-atividade é: fazer imediatamente aquilo que deve ser feito. Uma pessoa pro-ativa não espera as circunstâncias, as estrelas, o mundo estar alinhado para começar algo. Ela simplesmente começa, erra, tenta de novo, aprende. Mas FAZ.

O premiado autor Stephen R. Covey coloca a pro-atividade como o primeiro hábito a se desenvolver para se chegar ao que ele chama de “vitória privada”. A vitória do auto-controle, da decisão objetiva, onde os seus atos e objetivos condizem com os seus valores éticos e morais.

Pode nascer onde quiser, com o dinheiro que quiser. A vida não será fácil, você irá sofrer. Nossa existência não é tão simples assim. Não basta ter alguma coisa, essa coisa perderá o sentido e aquilo que não se tem acaba ganhando muito mais valor.

Uma coisa é certa: a realidade vai chegar com sua força natural para todos. Esta realidade aparece na forma de um parente doente, um processo maior que todos os seus bens, a morte de alguém amado, etc., as opções são inúmeras.

Existem as versões menores de realidade também. Aquele dia em que nada dá certo, em que alguém que você ama não te dá a mínima, em que você pega um resfriado e perde uma oportunidade que estava esperando há algum tempo. De novo, o repertório é vasto.

Não podemos escapar das circunstâncias da realidade, mas podemos escolher como reagir a elas. Uma pessoa pro-ativa escolhe o caminho mais curto para a resolução de um problema. Ela perde zero tempo com reclamações e sentimentos de culpa. Justificativas e desculpas não fazem parte de seu vocabulário. Pode estar caindo aquele temporal que ela vai fazer aquele favor pra você.

Na música, esse hábito é fundamental porque é muito fácil um músico jovem se ver com os olhos dos espelhos sociais. Desde cedo ele está exposto ao julgamento de todos, inclusive de seus colegas “não-muito-bem-sucedidos”. A classe musical brasileira depende muito de investimentos públicos e, como hoje em dia ela ainda os têm, parece não lhe passar pela cabeça a possibilidade do músico pensar em si mesmo como uma empresa rentável e produtiva. Uma empresa de mídia. Que produz produtos de audio e vídeo, e serviços de performance e ensino. Enfim, que faz a sua arte e a vende por um preço justo.

Além disso, conheço tantos músicos talentosos e experientes que nunca publicaram nenhum material criativo, mas tenho certeza que gostariam de ter feito, muito, muitos. O perfeccionismo é inerente ao músico. A prática diária pesada deixa o músico automaticamente paralisado na hora de criar.

“Por que compor/gravar agora se eu posso estudar por 50 anos e então gravar algo quase perfeito?” — músico não pro-ativo

A resposta deveria ser óbvia: porque é agora que você está vivo, experimentando e aprendendo. Além disso, gostaria de colocar um conceito cunhado pelo famoso entrepreneur Gary Vaynerchuk que, como músico, foi muito difícil de engolir, mas tive que dar o braço a torcer e reconhecer a veracidade da comparação:

“Qualidade é subjetiva. Velocidade não.” — Gary Vaynerchuk

Velocidade? Sim, a velocidade com que você produz. Se você precisa de determinado tempo para conseguir compor um número X de músicas, e outro músico consegue, no mesmo tempo, 2X de músicas, meu amigo, você está perdendo o jogo.

Eu sei que isso parece papo de empresário que só vê o valor material da coisa. Mas pense bem. Não é verdade que as vezes você gosta de músicas que não tem nada a ver com aquilo que você costuma achar esteticamente válido? E, nunca aconteceu de você fazer uma música terrível que todos os seus amigos bons músicos profissionais preferem sobre as “boas”? Lembre do caso em que o Yamandú Costa dedicou uma bela peça de violão a sua avó e, ao terminar de ouvir o neto todo emocionado tocá-la, disse:

“A música não vai começar?” — vó do Yamandú

Pense melhor no equilíbrio estudo/produção, e você vai se surpreender com os resultados. Deixe o perfeccionismo de lado, aprenda com os seus erros e seja um músico pro-ativo. Os seus fãs e ouvintes agradecem!

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